Moradores da Vila Santa Casa reclamam falta de informações

Cohab não está respondendo as dúvidas das 133 famílias que moram no local

25 NOV 2017 • POR Caroline Souza • 10h30
Cohab não está respondendo as dúvidas das 133 famílias que moram no local - Rodrigo Montaldi/DL

Os moradores da Comunidade Vila Santa Casa, conhecida também como Favela Caldeirão do Diabo, estão com diversas dúvidas sobre o Conjunto Habitacional Santos T, para o qual terão que se mudar no início de 2018. A principal delas é o valor a ser pago tanto da moradia, quanto do condomínio.

O líder comunitário Elias do Carmo da Silva denuncia que o prédio está perto de ser entregue e a Cohab não está respondendo as dúvidas das 133 famílias que moram no local. “Estamos há três meses questionando a prefeitura de Santos e eles nos ignoram”, relata.

Todos os apartamentos do edifício de 19 andares terão dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. Haverá ainda uma área de lazer, com quadra esportiva, playground, centro comunitário, brinquedoteca, quiosque, churrasqueira e salão de festas.

Pelo padrão do edifício, diferente de todos os Conjuntos Habitacionais já existentes em Santos, os moradores se preocupam com os valores da moradia e do condomínio.

De acordo com a Cohab, o valor e prazo de financiamento serão os mesmos para todos. Além disso, a prestação do apartamento será de 15% da renda familiar, ou seja, quem ganha menos terá uma prestação menor, mas todos pagarão valores proporcionais. O prazo de financiamento será de 25 anos.

O edifício está sendo construído bem em frente à comunidade. Marise Rodrigues mora em um alojamento da comunidade há 23 anos e todos os dias vê de sua casa o sonho que não sabe se irá se concretizar. Com os olhos marejados, ela afirma que “ter moradia digna é um sonho, mas ninguém sabe quanto vai pagar”.
Marise é uma das moradoras que não possui renda fixa. Atualmente, ela está com um problema de saúde que a impede de trabalhar e vive apenas com a pensão de R$ 360,00 do seu filho.

Para famílias como a dela, sem renda comprovada, a assessoria da Prefeitura informou que a CDHU adota o critério de renda presumida de um salário mínimo. Se levarmos em conta o salário mínimo atual, que é de R$ 937,00, quem não tem renda comprovada irá pagar R$ 140,55 de prestação.

“Esse prédio não era para ser feito para pessoas de baixa renda. Para gente, parece um prédio de luxo do Gonzaga. Como vamos pagar o condomínio desse local?”

Segundo com a Cohab, não há previsão sobre o valor do condomínio.

Falta de diálogo

O Santos T é uma parceria da Prefeitura, através da Cohab, com o governo do Estado, por meio da CDHU. A primeira seria responsável pela doação do terreno, projeto arquitetônico, urbanístico e executivo, além da indicação da demanda e do trabalho social de pré e pós ocupação das famílias. A segunda, pelos recursos e execução da obra.

E é também sobre o trabalho social que os moradores estão reclamando. “O prédio está quase para ser entregue e esse trabalho não foi feito. Só tivemos uma reunião em fevereiro e depois disso eles não responderam mais nossas dúvidas”, afirma Elias.

Maria José mora na Vila Santa Casa há mais de 20 anos e gosta do que consegue ver do empreendimento, mas reclama da falta de reuniões. “Eles prometeram reuniões a cada três meses, mas esse ano só tivemos uma. A gente não sabe quanto vai pagar, quem vai para lá, falta diálogo”, comenta.

Agregados

Outro questionamento dos moradores é sobre os ‘agregados’. “Eles fizeram o cadastro em 2010, mas de lá para cá as famílias aumentaram, os filhos casaram e hoje mora mais gente aqui. Muitas famílias estão nessa situação e não terá espaço para todos. Não tem condições de todos irem, alguns vão ficar”, afirma Luiza Domingos, que vive lá há 38 anos.

A assessoria informou que todas as famílias foram cadastradas, quando o projeto foi elaborado. “Os atuais agregados fazem parte da composição das famílias cadastradas naquela época. Com a transferência de todas as famílias para o novo empreendimento, a área será totalmente desocupada”, explicou a Prefeitura.
Sendo assim, a vontade de Luiza e de outras famílias que possuem agregados, de ir apenas com uma parte da família para o empreendimento, não poderá se concretizar, já que a área será desocupada.