Possível evolução do vírus zika movimenta atenção do mercado farmacêutico

Virologista alerta para novos sorotipos da doença que impactariam possíveis diagnósticos

18 NOV 2017 • POR • 13h30
O Brasil registrou seu primeiro caso do vírus da zika em 2015 - Agência Brasil

No ano de 2015, o Brasil registrou seu primeiro caso do vírus da zika, uma doença até então desconhecida e que gerou intensa preocupação nos brasileiros, mais especificamente na região Nordeste, onde os primeiros diagnósticos foram realizados. Dois anos depois, a ciência nacional e internacional ainda luta para a criação de uma vacina que possa proteger definitivamente a população. Apesar de ainda não concluída, as pesquisas na área continuam avançando e apresentando novos cenários.

Um deles, projetado pelo professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, Edison Luiz Durigon, é de que podem surgir, em um futuro próximo, sorotipos diferentes do vírus zika, pois o patógeno em pacientes brasileiros está se modificando rapidamente. Segundo os pesquisadores, atualmente só existe um tipo de zika e, se infectada, a pessoa se torna imune. Porém, caso a mutação persista, podem surgir o zika 2,3,4 e assim por diante. Isso pode dificultar a obtenção de uma nova vacina e ainda comprometer a eficácia dos testes de diagnósticos já desenvolvidos.

Atualmente, os pesquisadores já conseguiram desenvolver um teste molecular para diagnóstico e a comprovação de que o vírus é o responsável por causar uma síndrome congênita, que pode causar, em alguns casos, a microcefalia. Também já foi possível desenvolver vacinas experimentais e validar um teste sorológico que consegue detectar anticorpos contra o vírus no sangue, mesmo passada a infecção.

“Finalmente, depois de dois anos, podemos dizer com orgulho que nós conseguimos um teste sorológico realmente eficaz para detectar o zika. Já validamos em mais de mil amostras da população de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, e em 800 amostras de pacientes de Salvador (BA), entre eles mulheres que tiveram filhos com e sem microcefalia, pacientes que já tiveram febre amarela e dengue”, afirmou Luiz Durigon, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, em entrevista ao portal da Agência Fapesp.

A zika, assim como a dengue, é um assunto sempre em pauta no cenário de pesquisa na área da saúde e impacta de diversas maneiras a comunidade farmacêutica que é acionada para buscar soluções que auxiliem a população. Na opinião da Sindusfarma, a indústria farmacêutica tem como foco pesquisar e descobrir novos produtos que reduzam ou eliminem doenças causadas pelo desenvolvimento natural das grandes metrópoles.

“No caso do vírus transmitido pelo mosquito aedes aegypti temos algumas empresas que estão pesquisando vacinas e tratamentos para combater essas doenças. O laboratório Sanofi Pasteur lançou no ano passado uma vacina que se mostrou promissora. Já o Butantan, laboratório público do Estado de São Paulo, está em fase adiantada de pesquisas”, comentou Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma.

Durigon afirma que o próximo passo é coletar amostras no estado de São Paulo, que possam mostrar o real número de infectados até o momento. “Como até 80% dos casos podem ser assintomáticos, sem o teste sorológico torna-se impossível saber o real tamanho da epidemia e a porcentagem da população que ainda é suscetível ao vírus”, pontua.