Defensoria dá 24 horas para tirar bebê que necessita de UTI dos Estivadores

Do pequeno L.S.G depende de equipamentos que o hospital não dispõe. Família está tentando transferência

29 SET 2017 • POR • 10h30
A professora Cristiane Leila e seu irmão e pai da criança, Carlos Alberto da Silva Gonçalves, estão desesperados com a possibilidade da criança não resistir. - Rodrigo Montaldi/DL

A Defensoria Pública de Santos deu prazo de 24 horas (hoje) para que o a Direção do Complexo Hospitalar dos Estivadores transfira o bebê L.S.G, de quatro meses de vida, para um hospital equipado com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, por conta da situação emergencial de saúde da criança e a necessidade de tratamento adequado. A família está há meses tentando e não consegue, conforme relato nessa reportagem.

A defensora Lais Rabello Zaros se baseou no relatório de uma médica neonatologista do próprio Estivadores, que atesta que a UTI Neonatal, a qual o menino está internado desde quando nasceu, só tem condições de atendimento de bebês com até 28 dias de vida.

“O paciente necessita de atendimento médico especializado em crianças maiores de um mês, além de exames específicos que não dispomos em nosso serviço”, afirma a profissional.

A médica revela que a criança aguarda a realização de vários exames e precisa de uma investigação diagnóstica para saber porque ainda depende de ventilação mecânica e intolerância alimentar, bem como, porque da má formação do sistema urinário. Ela elencou nove possíveis diagnósticos sobre a saúde de L.S.G.

A tia

A professora Cristiane Leila da Silva Gonçalves (tia do bebê) e seu irmão e pai da criança, Carlos Alberto da Silva Gonçalves, estão desesperados com a possibilidade da criança não resistir. Eles praticamente estão morando nos Estivadores e garantem que o complexo não tem condições de tratar pós-partos complexos. O menino sobrevive por conta de medicação cardiológica, soro e antibióticos.   

“Logo após o nascimento, descobrimos que o hospital não possuía o aparato necessário para tratar a criança. Há dois meses, eu consegui uma vaga na Santa Casa de Santos e a direção do Estivadores não quis aceitar a transferência porque não havia cumprido os trâmites protocolares. Ninguém sabe o que meu sobrinho tem porque o Estivadores não possui aparelhos para exames simples, especialistas e ambulância. Só tem Raio X e Ultrassom. Não tem sequer leito de recuperação. A médica me disse que ele está correndo risco de morte” afirma Cristiane.

Cristiane e Carlos relatam que L.S.G já teve que sair do hospital várias vezes para fazer exames e teve casos que a espera levou uma semana. “Uma vez, no Hospital Guilherme Álvaro, o médico me disse que é errado uma criança permanecer tanto tempo com aparelhos e dependendo de exames externos à unidade. Na última vez, a ambulância requisitada quebrou e meu irmão e a médica tiveram que empurrá-la. Os equipamentos do veículo ficaram desligados e meu sobrinho correndo risco”, relata a tia, que acredita que a direção dos Estivadores não quer admitir que o complexo tem problemas para atender.

Pai

L.S.G é o único filho de Carlos Alberto que está desempregado e praticamente vive nos Estivadores. “Meu filho está sendo mantido vivo e não está sendo tratado. Eu tive que apelar à Defensoria porque estou muito apreensivo. Estou correndo contra o tempo e a Diretoria do hospital não define o que meu filho tem e nem permite que ele seja transferido. Estou sofrendo e resolvi procurar a Imprensa porque não quero que outros pais passem a mesma situação”, desabafa o pai, grato pelo empenho dos profissionais, mas revoltado com a falta de estrutura do Hospital dos Estivadores. “Meu filho já deveria estar se recuperando e, no entanto, pode pegar uma doença pulmonar e outras em função das condições inadequadas”, finaliza.

Prefeitura

Procurada, a Secretaria de Saúde de Santos informa que o bebê nasceu com uma síndrome genética complexa, a qual requer uma série de cuidados médicos, e a família recusou, no seu nono dia de vida, a transferência para a Santa Casa de Santos. “A criança recebe os melhores recursos disponíveis, mas requer leito de UTI pediátrica, o qual o Município está empenhado em buscar nos hospitais prestadores do Sistema Único de Saúde em conjunto com a central estadual (CROSS)”, finaliza nota.