Café impresso: uma livraria de rua no coração do Gonzaga

Espaço funciona como ‘QG’ para a Tarrafa Literária, festival de literatura que começa nesta quarta

25 SET 2017 • POR • 15h30
O livreiro José Luiz Tahan aposta no atendimento e no despertar da paixão pela leitura para fazer livraria despontar - Rodrigo Montaldi/DL

Em tempos de correria e predomínio das grandes marcas, um universo paralelo habita uma pequena casa de número 2 na Avenida Marechal Deodoro, no coração do Gonzaga. Quem passa por aquelas bandas, reduz um pouco a velocidade da vida corrida e sente o cheiro do passado ao cruzar a placa que indica que ali existe um café impresso. Há 20 anos o livreiro José Luiz Tahan aposta no atendimento e no despertar da paixão pela leitura para fazer as paredes da Realejo ultrapassar fronteiras: a pequena livraria de rua abriu caminho para a existência da Tarrafa Literária, festival internacional de literatura que chega à 9ª edição nesta semana.

A Realejo nasceu no final da história da história da Livraria Iporanga, onde Tahan trabalhou durante a adolescência e o começo da fase adulta. “Tive vontade de continuar trabalhando com livros e criei a Realejo em 2001, dentro da Universidade Católica de Santos. Em 2003 ela veio para esse espaço, onde acredito que é essencial ela estar. Por ser uma livraria de rua a Realejo é a porta de entrada para vários eventos”, conta.

Hoje a livraria possibilitou a existência de outros negócios paralelos, tais como a Editora Realejo, o bar que funciona dentro das instalações da livraria, o ‘Choro de Bolso’ - que seduz os amantes da música na calçada em frente ao comércio - e a própria Tarrafa, o maior festival de literatura de São Paulo.

É comum estar no espaço e ser surpreendido pelo som do violão que algum visitante começa a tocar nas mesas da área externa. Ou encontrar personagens conhecidos da cidade buscando por uma boa leitura no espaço, que tem uma seção apenas para Literatura Santista e abre as portas para cursos e rodas de conversa ­sobre ­livros.

Dono da livraria, Tahan gosta de ser chamado de ‘livreiro’ e descarta as alcunhas de ‘empresário’ ou ‘comerciante’. “Gosto de pensar no livro como obra de arte e produto. Não queremos ser um supermercado de livros e sim uma livraria clássica: uma casa para quem quer conversar sobre literatura”, afirma.