Comerciante isola área que corre risco de desabar no Centro

Fechado há quatro anos, imóvel tem rachaduras severas; munícipe afirma que ligou três vezes para ouvidoria

23 SET 2017 • POR • 10h30
Munido de fitas de sinalização, o comerciante isolou por conta própria o trecho mais crítico - onde parte da fachada parede estar solta – e apontou na parede o perigo - Rodrigo Montaldi/DL

Quase um ano após a queda de parte do reboco da fachada do Teatro Coliseu, no Centro de Santos, outro imóvel localizado na rua apresenta o mesmo perigo aos transeuntes. Cansado do que considera um "descaso do Poder Público", o tatuador Mário Fisori decidiu providenciar por conta própria a sinalização em um dos casarões abandonados da Rua Brás Cubas,  na esquina com a Rua João Pessoa.

“A casa está fechada há quatro anos e chegou a ser ocupada por usuários de drogas que roubaram pisos e vários outros materiais do interior, deixando as paredes praticamente soltas. A Prefeitura fechou os buracos por onde eles entravam, mas nada foi feito em relação à sinalização de segurança para quem passa pela rua”, conta o tatuador, que trabalha na região há mais de trinta anos.

O imóvel apresenta rachaduras externas visíveis. Do alto é possível ver que parte das telhas caiu e as paredes estão tomadas pelas raízes de árvores que crescem pelo espaço.

Munido de fitas de sinalização, o comerciante isolou por conta própria o trecho mais crítico - onde parte da fachada parece estar solta – e  apontou na parede o perigo para quem transita pela área.

“Já liguei três vezes para ouvidoria e ninguém faz nada. Não mandam ninguém para analisar o perigo e isolar de forma eficaz. Estamos em uma região onde quedas de marquises são comuns e fatais e não entendo como deixam essa situação ficar assim”, afirma.

A reclamação é a mesma de outro comerciante da região, que preferiu não se identificar. Ele conta que as ligações para ouvidoria estão sendo constantes nas últimas semanas. “Estamos percebendo que as rachaduras estão aumentando e nada está sendo feito. A gente liga e falam que  vão mandar uma equipe para analisar, mas não mandam ninguém”, afirma.

A Prefeitura de Santos afirma que já intimou o proprietário do imóvel  a apresentar o laudo de autovistoria. O documento deve indicar a metodologia utilizada, detalhes de anomalias e prazo para restabelecer a segurança e a estabilidade.

Se constatado risco, o imóvel poderá ser restaurado ou demolido. Quanto às reclamações, a Administração diz que não há registro sobre esse assunto no sistema da ouvidoria.

Quedas são constantes na região

A queda de estruturas no Centro de Santos não é novidade. Em 2011, duas ocorrências colocaram em alerta a segurança de quem passa pelo bairro.

No final de janeiro daquele ano a queda da marquise de um edifício na Praça Barão do Rio Branco culminou na morte de um homem. Menos de dois meses depois, em março, a queda da fachada de um sobrado na Rua Senador Feijó, nº 87, alarmou as pessoas que passavam pelo local. Por sorte, ninguém se feriu, mas três carros foram danificados pelos escombros.

Em novembro passado parte do reboco externo do Teatro Coliseu cedeu. Uma vistoria identificou outros nove blocos que ofereciam risco iminente de queda, além de um beiral com rachaduras severas, que foi içado por uma corda. Por precaução, a calçada lateral do teatro também foi isolada. Quase um ano depois, a situação permanece a mesma.

Em março deste ano uma laje despencou e atingiu um trabalhador na Rua Senador Feijó. Por precaução, a calçada foi isolada.