‘Servidor será prejudicado’, diz presidente do sindicato

Prefeitura de Santos anunciou que o veículo deixará de ser impresso a partir do próximo dia 14

9 AGO 2017 • POR • 10h00
Márcia Batista não tem o costume de acessar a internet, mas gosta de ler o D.O. impresso para se manter informada - Rodrigo Montaldi/DL

O fim da impressão do Diário Oficial de Santos poderá prejudicar uma parcela significativa do funcionalismo público. Essa é a visão de Flávio Saraiva, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos de Santos (Sindserv). “Acredito que aproximadamente 50% dos servidores não têm intimidade com a internet e serão prejudicados com o fim da versão impressa do Diário Oficial”, afirma. A consulta aos atos oficiais do Poder Executivo é essencial para esse grupo. 

Saraiva questiona ainda o fato de determinadas ações do Poder Público precisar, obrigatoriamente, estarem impressas em algum jornal de grande circulação. “Do meu ponto de vista essa medida irá apenas lesar os servidores e a população, diminuindo o acesso à informação. Acredito que o gasto com a publicação será igual ou maior do que é hoje gasto com o D.O.”, acrescenta.

Nas bancas

Aos 44 anos, Márcia Batista não tem o costume de acessar a internet, mas gosta de se manter informada sobre o que acontece na cidade e no Brasil. “Assisto TV, mas meu horário de trabalho não permite com que eu veja os jornais da região. Então dou sempre uma olhadinha na capa dos jornais nas bancas e pego o Diário Oficial para saber o que acontece na cidade”, afirma a auxiliar de serviços gerais. Com  a mudança, Márcia deixará de ter acesso gratuito à informação.

A Prefeitura de Santos justifica a mudança alegando que a modernização implica em benefícios econômico, ambiental e na universalização do acesso. No entanto, sem o DO, a Administração continuará pagando para que atos oficiais, tais como leis, decretos, portarias e atos de licitação sejam publicados em jornais de grande  circulação, conforme preconiza a legislação vigente. A universalização do acesso também é questionada, visto que nem todos os munícipes possuem acesso irrestrito e gratuito a internet.

Segundo a Administração, a medida contribui com a economia do cofre público. De agosto até 31 de dezembro, a Prefeitura deixará de gastar mais de R$ 500 mil entre impressão e distribuição dos 15 mil exemplares/dia, de segunda a sexta-feira. A manutenção do impresso representaria uma despesa de R$ 1,6 milhão em 2018. No entanto, a economia alardeada representa somente 0,05% do orçamento total do município.

Proprietário de uma banca de jornal na Vila São Jorge, na Zona Noroeste de Santos, Jorge de Souza afirma que a mudança irá impactar a população. “Semana passada uma senhora até brigou comigo, falando que eu estava guardando para distribuir para outras pessoas. Acredito que o público do DO não irá migrar para outras plataformas”, disse.

Rosana Gomes, dona de uma banca no Canal 1, diz que os clientes já estão reclamando da mudança. “Os mais velhos dizem que o jornal vai fazer falta, mas os servidores públicos também estão indignados, pois precisam ler sempre o D.O.”, conta.

“Parte dos leitores aceita, parte não aceita. A quantidade que estamos recebendo é muito pequena e já estamos recebendo muitas críticas por algo que não é nossa culpa”, conta Luiz Carlos, dono de uma banca em frente à Santa Casa de Santos.

Queda

Em menos de três anos o Diário Oficial teve sua tiragem reduzida em mais de 50%: quando Paulo Alexandre Barbosa assumiu a Prefeitura, em 2013, o periódico tinha tiragem de 35 mil exemplares, distribuídos em bancas, estabelecimentos públicos e coletivos. No começo de 2015, a quantidade de jornal circulando pelo município passou para 30 mil exemplares. Em meados de 2016 esse número caiu para 25 mil; 20 mil no começo de 2017 e 15 mil em junho deste ano.