Pediatras lançam recomendações de exercício físico em crianças e bebês

Para os pediatras, mesmo bebês que ainda não começaram a se arrastar ou engatinhar devem ser estimulados a serem 'fisicamente ativos'

27 JUL 2017 • POR • 19h30
Recomendção visa estimular a prática de atividades físicas por crianças e adolescentes -incluindo os bebês de até dois anos - Divulgação

Em vez de tablets, TVs e jogos eletrônicos, atividades que estimulem os bebês a serem "fisicamente ativos", como alcançar, puxar e segurar objetos, e assim mover os membros do corpo.

A recomendação faz parte de um guia inédito da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), e que visa estimular a prática de atividades físicas por crianças e adolescentes -incluindo os bebês de até dois anos.

O documento, que será lançado nesta quinta-feira (27), é voltado a pais, escolas e pediatras. Ao todo, cerca de 28 mil especialistas devem receber o manual, que contém diretrizes como tempo e tipo de atividades recomendados de acordo com as diferentes faixas etárias.

Para os pediatras, mesmo bebês que ainda não começaram a se arrastar ou engatinhar devem ser estimulados a serem "fisicamente ativos". Neste caso, a dica é incentivar os pequenos a tentar alcançar, puxar ou empurrar objetos, por exemplo, de forma a mover a cabeça, corpo e membros.

Já para as crianças que já conseguem andar sozinhas, o manual recomenda ao menos 180 minutos de atividades que podem ser divididas durante o dia.

E existe um limite máximo de tempo? "Claro que não pode exagerar. A criança tem que ter o horário de descanso dela. Não pode forçar, é algo mais lúdico", afirma o pediatra Ricardo do Rêgo Barros, que atua na área de medicina do esporte na SBP e coordenou a elaboração do documento.

Se por um lado o manual recomenda um tempo mínimo de atividades para os pequenos, é taxativo quanto ao tempo recomendado em frente às telas de tablets, celulares e TVs para crianças até dois anos: zero. Acima dessa idade, o máximo é de até duas horas. "O que queremos acabar é com a inatividade. Temos hoje crianças e adolescentes muito ligados às telas. Queremos estimular uma vida mais saudável", diz o coordenador.

Outras idades

O tempo mínimo indicado para atividades varia nas outras faixas etárias. Para crianças de três a cinco anos, a recomendação é de pelo menos 180 minutos de atividades de qualquer intensidade ao longo do dia, em especial aquelas que desenvolvam a coordenação motora. A partir dessa faixa etária, atividades físicas estruturadas, como natação, danças, lutas, podem ser incluídas, de acordo com o guia.

Segundo Barros, a falta de uma recomendação anterior para algumas atividades, como natação, ocorre devido ao baixo número de evidências de benefícios significativos à saúde.

"O que sabemos hoje em dia é que os benefícios da natação para bebês [menores] não são tão significativos. Se quiser como sociabilização, uma brincadeira, não tem problema. Mas não como indicação médica", afirma.

Já para crianças de 6 anos até adolescentes até 19 anos, o manual recomenda pelo menos 60 minutos de atividade física "moderada a vigorosa" -como pedalar, nadar, correr, saltar ou atividades que tenham, no mínimo, a intensidade de uma caminhada, informa o documento.

E musculação? De acordo com Barros, a possibilidade não é excluída, mas é necessário supervisão personalizada, e com equipamentos adequados.

"O que sugerimos é que nos meninos seja depois do estirão do crescimento, mais ou menos após 14 e 15 anos, e nas meninas, depois da menstruação", diz. Segundo o documento, a necessidade de supervisão pois a prática de exercícios de intensidade "moderada a vigorosa" pode contribuir para aumentar os níveis circulantes do hormônio do crescimento e o fator estimulante desse hormônio. Se não houver suporte, informa, exercícios feitos de forma extenuante podem reduzir o ganho de altura, o que ocorre quando há a inibição desses hormônios. O acompanhamento também é importante para evitar lesões.

De acordo com a SBP, a ideia de elaborar um documento com recomendações de atividades para as diferentes faixas etárias ocorre diante do aumento da obesidade no país -hoje, 18,9% dos adultos são obesos. Entre as crianças de cinco a nove anos, esse índice é de 14,3%, segundo dados de 2009 da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE.