Insegurança aflige funcionários do VLT

Sem guichê de vidro blindado ou segurança, profissionais se expõem ao perigo manipulando dinheiro; jornada pode ultrapassar nove horas

20 JUN 2017 • POR • 10h30

Falta de banheiros, jornada de trabalho que ultrapassa 10 horas e ausência de guichês blindados para venda de passagens, o que acaba por expor os profissionais a um clima de insegurança. Esses são os problemas enfrentados pelos agentes de estação que trabalham no Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). As denúncias foram feitas por munícipes que utilizam o modal e confirmadas pelos próprios profissionais.

Uma agente, que preferiu não se identificar, afirma que trabalha mais de nove horas por dia, com apenas uma hora para refeição. Quando precisa utilizar o banheiro ela deve avisar os superiores, que deslocam outro profissional para substituí-la pelo período. “É uma situação complicada, pois além de tudo precisamos contar com a parceria de estabelecimentos próximos, já que não há banheiro na estação”, afirma.

Outro funcionário conta que tem receio de manipular dinheiro sem segurança. “Trabalhamos completamente expostos e contamos nos dedos a quantidade de vezes que vemos viaturas da polícia pelas imediações. Quando vendemos uma determinada quantia de cartões precisamos avisar a central para que alguém passe para recolher o montante. Mas nesse meio tempo muita coisa pode acontecer, principalmente nas estações mais isoladas”, reclama.

Embora nunca tenha sido assaltado, ele relata que já enfrentou situações delicadas no serviço. “Quando alguém entra sem autorização, pulando a catraca ou invadindo os trilhos, somos nós que temos que retirar a pessoa. Em casos em que há muita resistência nós avisamos o Centro de Controle Operacional e chamamos a polícia”, relata.

Requerimento

A situação já havia sido denunciada anteriormente pelo vereador Antônio Carlos Banha Joaquim (PMDB), que protocolou dois requerimentos na Câmara de Santos questionando os problemas. No documento, datado de 22 de maio, ele pede que o Executivo santista envie ofício à direção da EMTU e à Secretaria do Estado de Transportes, questionando quais as medidas serão realizadas para melhorar a situação dos funcionários. O vereador não teve resposta até o momento.

Procurada, a BR Mobilidade Baixada Santista, responsável pela operação do Veículo Leve sobre Trilhos, não respondeu os questionamentos da reportagem até o fechamento desta edição.

Usuários reclamam de falta de troco nas estações

Outro problema apontado pelos usuários é a falta de troco, uma vez que as passagens custam R$4,05. O jornalista Adelto Gonçalves, usuário frequente do serviço, conta que a situação é recorrente.

“Não dá para entender o motivo da passagem custar R$4,05 e não R$4,00. Conversei com algumas vendedoras e elas afirmam que pedem aos seus superiores moedas e notas de baixo valor para facilitar o troco, mas o pedido não é atendido. Em função disso, muitos usuários acabam lesados em seus direitos, pagando a mais pelo serviço”, destaca.

Uma funcionária que também preferiu não se identificar afirma que de fato as equipes não recebem valores menores e que cabe a eles venderem uma determinada quantia de cartões para garantir o troco. Quando não conseguem, orientam o munícipe a ir até algum estabelecimento nas imediações para trocar o dinheiro e retornar até a estação com o valor correto da passagem.