Transporte põe em risco pacientes em São Vicente

Veículos da Prefeitura sobem e descem a serra com problemas de freios e parcialmente destruídos. Defensoria será acionada por usuários

9 JUN 2017 • POR • 10h00
Portas danificadas do micro-ônibus tem que ser fechadas com cadeado; Situação da ambulância é preocupante e totalmente perigosa - Divulgação

Tragédia anunciada. Os veículos oferecidos pela Secretaria de Saúde de São Vicente para transportar, diariamente, crianças e adultos que precisam de atendimento em São Paulo (Capital) são completamente inseguros, colocando sob risco de morte os passageiros não só nas vias urbanas como, principalmente, na subida e descida da serra.

A denúncia é de uma usuária frequente do serviço, mãe de uma adolescente em tratamento no Hospital das Clínicas, indignada com a falta de cuidado da Prefeitura. Ela e mais um grupo de pacientes pretendem, nos próximos dias, procurar auxílio da Defensoria Pública.  

“Já vi pessoas caindo dentro do micro-ônibus por falta de sinto de segurança, após o motorista ser obrigado a frear. Já vi motorista parar na estrada de madrugada para tentar arrumar o carro para os pacientes não perderem as consultas. Por sinal, eles trabalham em situações precárias. Alguns chegaram a tirar dinheiro do bolso para consertar o veículo”, afirma a munícipe, que pediu para não ser identificada com medo de perseguição e perder o benefício, mesmo sob risco.

Ela e dezenas de outras pessoas não têm condições de pagar transporte particular. Ela conta que a porta do micro-ônibus não fecha e é necessário um cadeado improvisado. O painel encontra-se danificado. A cidadã enviou dezenas de fotografias que comprovam seu testemunho. A ambulância, por exemplo, tem problemas na tranca da porta; ferrugem por todos os lados; vidros do para-brisa e lanternas soltos (presos por fitas adesivas de forma improvisada); bancos rasgados; e problemas nos freios e câmbio.

“Corremos mais riscos de morte nas viagens do que com a doença. Já transportaram seis pessoas na ambulância – na maca, no banco lateral e outro na frente com o motorista”, revela, alertando que tem gente que perdeu a consulta por conta das más condições dos veículos, entre eles uma van, que também não possui condições nenhuma para continuar trafegando.

Crianças

Ela revela que, em média, de quatro a cinco crianças são transportadas todos os dias, com acompanhantes, nessas condições. Conta ainda que uma criança chegou a quebrar o dedo após uma freada brusca. “Já vi pessoas passando mal porque o carro estava praticamente sem freios na descida da serra”, denuncia.                        

As pessoas são recolhidas próximas de suas residências e o transporte é agendado pelo serviço de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) da Prefeitura.

“Tem que marcar com 10 dias de antecedência, mas é comum avisarem que não tem vaga no carro e não podem fazer nada. Então, perdemos a consulta ou tiramos do nosso bolso, desequilibrando o orçamento doméstico. Tem pessoas que ficam esperando no ponto marcado e o carro não aparece por questões mecânicas”, conclui.

Prefeitura

Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), informa que há processo licitatório em andamento para manutenção dos veículos. A Sesau informa também que estuda formas de melhorar o transporte dos pacientes.