Se os resultados se mantiverem positivos, a expectativa é que o zimislecel seja submetido à aprovação das agências reguladoras em 2026 / Freepik
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Um tratamento experimental com células-tronco tem mostrado resultados promissores ao eliminar a necessidade de insulina farmacêutica em pacientes com diabetes tipo 1. A terapia, chamada zimislecel, está em fase de testes e agora avança para a fase 3 dos estudos clínicos, conduzidos por equipes do Hospital Geral de Toronto (Canadá) e da Universidade da Pensilvânia (EUA).
Os resultados das duas primeiras fases foram publicados no renomado New England Journal of Medicine.
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A técnica envolve o uso de células-tronco pluripotentes, capazes de se transformar em diferentes tipos celulares. No laboratório, essas células são convertidas em ilhotas pancreáticas, estruturas responsáveis pela produção de insulina e, em seguida, implantadas nos pacientes por meio de um vaso sanguíneo que irriga o fígado. Ali, elas passam a produzir insulina naturalmente.
A fase mais recente do estudo envolveu 14 pacientes com diabetes tipo 1 de difícil controle. Os dois primeiros participantes receberam metade da dose como medida de segurança, enquanto os demais 12 receberam a dose completa do zimislecel. Para evitar rejeição, os voluntários fizeram uso de medicamentos imunossupressores, semelhantes aos administrados a pacientes que recebem transplantes de órgãos.
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Após um ano de acompanhamento, 10 dos 12 pacientes (83%) que receberam a dose completa não precisaram mais de insulina. Além disso, nenhum deles apresentou episódios graves de hipoglicemia, situação perigosa caracterizada por níveis extremamente baixos de açúcar no sangue.
O controle glicêmico dos pacientes também melhorou significativamente. Os níveis de hemoglobina glicada ficaram abaixo de 7%, patamar considerado adequado para pessoas com diabetes. Segundo a Mayo Clinic, níveis abaixo de 5,7% são normais; entre 5,7% e 6,4% indicam pré-diabetes, e acima disso, diabetes.
Os participantes ainda passaram mais tempo com a glicemia em níveis normais e apresentaram menor variação nos índices de açúcar no sangue, fator importante para reduzir o risco de complicações a longo prazo. Os efeitos colaterais observados foram, em sua maioria, leves ou moderados. Duas mortes ocorreram durante o estudo, mas os pesquisadores afirmam que não estavam relacionadas ao tratamento.
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A próxima fase do ensaio clínico terá 50 participantes e começará nos próximos meses. Se os resultados se mantiverem positivos, a expectativa é que o zimislecel seja submetido à aprovação das agências reguladoras em 2026, podendo então ser disponibilizado ao público.
Paralelamente, o laboratório responsável, Vertex Pharmaceuticals, busca alternativas para eliminar a necessidade de imunossupressores. Entre as estratégias em estudo estão a encapsulação das ilhotas e a edição genética.
A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune em que o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. Seu controle exige monitoramento constante da glicemia e, muitas vezes, é desafiador. O avanço dessa nova terapia representa uma esperança concreta para milhares de pessoas que convivem com a doença.
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