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Possessões disparam no Brasil e pedidos de exorcismo sobem 400%; veja padres habilitados

Especialistas atribuem esse avanço à disseminação de práticas ocultistas, ao abandono da fé tradicional e à influência de conteúdos espiritualmente nocivos

Ana Clara Durazzo

Publicado em 01/08/2025 às 11:30

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Embora o Brasil conte com mais de 300 dioceses, apenas cerca de 46 padres estão oficialmente autorizados a realizar exorcismos, evidenciando o descompasso entre a demanda e a estrutura pastoral disponível / Freepik

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O Brasil enfrenta um aumento expressivo nos relatos de possessão demoníaca, segundo exorcistas oficialmente reconhecidos pela Igreja Católica. Entre os que fazem esse alerta está o padre Guido Mottinelli, exorcista da Diocese de Bauru (SP), que relata um crescimento “preocupante” na procura por rituais de libertação espiritual.

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Com mais de cinco décadas de sacerdócio, o missionário italiano atribui esse avanço à disseminação de práticas ocultistas, ao abandono da fé tradicional e à influência de conteúdos espiritualmente nocivos nas redes sociais e na cultura contemporânea.

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“Estamos diante de uma geração que se afastou da luz e se expõe a forças espirituais perigosas”, afirma o religioso.

Demanda crescente, estrutura limitada

Embora o Brasil conte com mais de 300 dioceses, apenas cerca de 46 padres estão oficialmente autorizados a realizar exorcismos, evidenciando o descompasso entre a demanda e a estrutura pastoral disponível. A lacuna tem gerado filas de espera, deslocamentos interestaduais e até a atuação clandestina de pessoas não habilitadas, o que preocupa a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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Muita gente não sabe mas, a primeira Igreja Matriz do Brasil está no Litoral de SP.

De acordo com a Associação Internacional dos Exorcistas (AIE), o número de pedidos de atendimentos espirituais relacionados a manifestações malignas cresceu até 400% nos últimos cinco anos no país. A pandemia, o aumento de distúrbios emocionais, a escalada no uso de drogas e a busca por experiências sobrenaturais estariam entre os principais fatores para esse cenário.

Quem são os exorcistas brasileiros?

Entre os principais nomes que atuam oficialmente no Brasil está o padre Dalmário Barbalho de Melo, da Arquidiocese de Natal (RN). Com formação em Psicologia, Filosofia, Teologia e História, ele relata episódios que desafiam a razão, como o de uma adolescente que passou a falar diversos idiomas desconhecidos após suposta possessão. O processo de libertação durou quatro meses.

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Outro nome de destaque é o padre Carlos Martins, radicado nos Estados Unidos e autor do livro “Exorcista – Os Arquivos Secretos”, lançado no Brasil em maio de 2025. A obra narra relatos de possessões envolvendo levitações, mudanças vocais extremas e fenômenos paranormais.

O espanhol padre José Fortea, referência internacional em demonologia, também tem contribuído com a formação de exorcistas brasileiros, muitos dos quais são enviados a Roma para treinamentos especializados.

A fronteira entre fé e ciência

A Igreja Católica reforça que o rito de exorcismo deve seguir critérios rígidos e só pode ser conduzido após avaliação psiquiátrica e psicológica. "Boa parte dos casos tidos como possessão são, na verdade, manifestações de distúrbios mentais, traumas ou simulações inconscientes", destaca o padre Dalmário.

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A atuação de exorcistas exige discernimento entre o espiritual e o patológico, algo que só pode ser alcançado com formação adequada e supervisão eclesiástica. Para isso, o Vaticano mantém diretrizes específicas e exige que cada bispo diocesano nomeie formalmente os exorcistas de sua região.

Perigo da atuação clandestina

O aumento da procura por exorcismos também abriu espaço para falsos religiosos. Em março de 2025, um homem foi preso em Varginha (MG) após manter uma mulher em cárcere privado durante rituais não autorizados. Casos como esse acendem o alerta da CNBB, que alerta: "a atuação de líderes não reconhecidos fere a fé e coloca em risco a saúde física e mental das vítimas".

Desafio para a Igreja

O aumento dos casos de supostas possessões no Brasil reacende o debate sobre o papel do exorcismo na contemporaneidade. À medida que a procura por ajuda espiritual cresce, a Igreja Católica se vê diante do desafio de ampliar a formação de exorcistas, equilibrando fé e ciência. A meta é proteger os fiéis, combater abusos e manter o discernimento diante de fenômenos espirituais e psicológicos cada vez mais complexos.

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