X

Política

Temer pode cortar 50% de verba para unidades de conservação, diz estudo

Segundo a análise divulgada nesta terça (24), o orçamento previsto para o Ministério do Meio Ambiente é de R$ 3,278 bilhões

Folhapress

Publicado em 24/10/2017 às 15:30

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

O governo federal poderá cortar em 2018 metade das verbas destinadas às unidades de conservação / Agência Brasil

O governo federal poderá cortar em 2018 metade das verbas destinadas às unidades de conservação, segundo um estudo que compara os projetos de lei do orçamento de 2017 e do próximo ano.

O estudo, feito pela ONG WWF-Brasil e pela Associação Contas Abertas, leva em conta o projeto inicial de lei do orçamento para 2018 -contudo, posteriormente, o governo anunciou um aumento de R$ 30 bilhões na previsão do rombo para 2018. Dessa forma, uma nova proposta orçamentária para o próximo ano deve ser enviada em breve ao Congresso.

Segundo a análise divulgada nesta terça (24), o orçamento previsto para o Ministério do Meio Ambiente -R$ 3,278 bilhões, em torno de meio bilhão a menos do que em 2017- é cerca de 29% menor que a média do que a pasta recebeu na última década.

Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas, afirma que o estudo mostra reduções drásticas de recursos, com possíveis "efeitos acentuados na degradação das ações ambientais".

Pela atual programação orçamentária, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) poderá ter 52% menos verba em 2018 em comparação ao ano atual. "O orçamento previsto para o ICMBio é menor do que o que já foi gasto por ele até agosto deste ano", afirma Castello Branco.

Segundo Jaime Gesisky, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil, as unidades de conservação, que são responsabilidade do ICMBio, serão bastante afetadas.

As verbas para ações de controle e fiscalização ambiental poderão sofrer corte de aproximadamente 57%. Além disso, a previsão de corte para o montante destinado ao monitoramento do desmatamento é de 60%.

"A proposta contraria completamente o discurso do presidente Temer na Assembleia da ONU", diz Castello Branco.

Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, Temer afirmou que o país estava concentrando "atenção e recursos" na preservação da Amazônia.

Mesmo com a queda no desmate recentemente anunciada, Gesisky classifica a futura situação como grave. Ele afirma -seguindo o que dizem outros ambientalistas- que a diminuição no desmatamento pode ter relação com a queda do preço do gado.

Os pesquisadores acreditam que a nova verba orçamentária potencialmente maior a ser anunciada em breve não será suficiente para resolução do problema. "Mesmo que se tenha R$ 30 bi a mais para gastar, a disputa por esses recursos nos diversos setores será muito acirrada", diz o secretário-geral da Associação Contas Abertas.

Outra área que também poderá sofrer cortes é a relacionada às mudanças climáticas. A análise estima que o programa destinado ao tema terá cerca de 69% menos recursos.

Por fim, os possíveis cortes no Bolsa Verde -dinheiro entregue a famílias pobres de áreas protegidas para incentivar a conservação- também chamam a atenção. Na programação orçamentária para 2018, não há verbas destinadas ao programa.

Gesisky afirma que a análise será entregue para deputados e líderes políticos. "Temos que buscar alternativas", diz. "O orçamento para cuidar de florestas e águas é menor do que o para cuidar de 500 e poucos deputados."

Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não havia se manifestado até a publicação desta matéria.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Praia Grande

Atrás de emprego? PAT de Praia Grande está com várias vagas

Candidato deve possuir cadastro no PAT de Praia Grande

Nacional

Loja de Porto Alegre confirma morte de animais por afogamento

Estabelecimento não soube informar a quantidade exata de bichos

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter