Política

Temer continua na articulação política, mas deixa 'pequeno varejo'

O vice-presidente também se desentendeu com o titular da Fazenda na negociação em torno do projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento das empresas

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 24/08/2015 às 16:43

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Diante do agravamento da crise política, da possibilidade de o PMDB desembarcar do governo e de ameaças de impeachment, a presidente Dilma Rousseff (PT) fez nesta segunda-feira, 24, um apelo ao vice-presidente Michel Temer (PMDB) para que ele permaneça à frente da articulação política do Palácio do Planalto. "Eu não quero mudança na articulação política", disse Dilma, na reunião de coordenação de governo.

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Temer atendeu o pedido de Dilma, mas deixou claro que não vai cuidar do "pequeno varejo" da política, como a liberação de emendas parlamentares e a composição de segundo e terceiro escalões, segundo a reportagem apurou. Essas negociações seguirão sendo tocadas pelo ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha. Tanto Temer quanto Padilha tiveram recentemente embate com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por causa da liberação de verbas para emendas parlamentares. O vice também se desentendeu com o titular da Fazenda na negociação em torno do projeto que revê a política de desoneração da folha de pagamento das empresas.

Dilma se reuniu com Temer, Padilha e o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, nesta segunda-feira, por cerca de uma hora, depois da reunião de coordenação. Ficou acertado que o vice-presidente vai concentrar as atenções em grandes temas, como o diálogo com o Congresso Nacional e reuniões com líderes do governo para garantir a aprovação de projetos de interesse do Planalto.

"O Temer é muito hábil, o governo não abre mão dele", disse um auxiliar direto da presidente Dilma à reportagem.

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Michel Temer continua na articulação política (Foto: Agência Brasil)

Unificação

Temer assumiu a articulação política em abril deste ano, em meio ao aprofundamento da crise política. Na última sexta-feira, 21, o vice se reuniu com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e manifestou o desejo de deixar a função, por causa dos desgastes enfrentados no relacionamento com Dilma, Levy e Legislativo. Além disso, em conversas reservadas, Temer dizia se ressentir de uma "articulação paralela" feita por Mercadante e pelo assessor especial da Presidência, Giles Azevedo.

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O clima entre Dilma e Temer se deteriorou depois de o vice-presidente declarar que "é preciso que alguém tenha capacidade de reunificar a todos", o que foi interpretado no governo como uma tentativa de ele assumir maior protagonismo político nesse momento de crise.

No dia 7 de agosto, o vice chegou a usar a sua conta pessoal no microblog Twitter para negar rumores de seu afastamento da articulação política. "São infundados os boatos de que deixei a articulação política. Continuo. Tenho responsabilidades com meu País e com a presidente Dilma", escreveu Temer na ocasião.

Depois da reunião de coordenação desta segunda-feira, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, fez elogios à conduta do Temer. "O vice é um colaborador permanente da presidente e tem tido uma conduta muito correta, muito solidário ao governo, a ela", afirmou Kassab.

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