Política

Solange Freitas cita a importância de aprimorar a mobilidade da Baixada Santista

Deputada também destaca importância de ações integrativas e sociais em prol das crianças, das mulheres e das pessoas do espectro autista

Giovanna Camiotto

Publicado em 27/10/2025 às 06:00

Atualizado em 27/10/2025 às 07:23

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A deputada citou a importância de leis voltadas às causas autistas, infantis das mulheres / Renan Lousada/DL

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A deputada estadual Solange Freitas concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Litoral e fez um balanço de sua primeira trajetória política. No papo, ela citou projetos inclusivos e reforçou a importância de aprimorar a mobilidade urbana na Baixada Santista.

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Durante a conversa, a deputada também comentou detalhes sobre o funcionamento da segunda fase do VLT, que deveria começar a operação a partir de outubro em "um trecho muito pequeno com poucos passageiros" em Santos.

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Entre outras conquistas, ela citou a importância do "Fim da Sauna Móvel" e de implementar leis voltadas às causas autistas, dos direitos das mulheres e do combate ao bullying infantil.

Por fim, a deputada estadual Solange Freitas confirmou que estará na corrida eleitoral da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 2026. 

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Leia a entrevista na íntegra

Diário do Litoral - Este é o seu primeiro mandato como Deputada Estadual. Como avalia esse período e quais são as expectativas para as próximas eleições?

Olha, eu estou muito feliz com o mandato. Nós trabalhamos bastante pensando em ajudar as pessoas, e essa gratidão acontece ao ver que conseguimos fazer a diferença. É muito bom poder ajudar o próximo, né?

Assumi em março de 2023, e, na época, minha preocupação era: 'será que as pessoas vão gostar da Solange deputada da mesma forma que gostavam da Solange jornalista?', 'será que estou preparada para ser deputada?'.

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[Mas] pelo retorno que tenho recebido nas ruas e pelo trabalho que estamos desenvolvendo, tenho certeza de que as pessoas têm gostado. Sempre pensamos nelas na hora de tomar decisões e de definir nossas lutas, nas causas que defendemos e que têm dado resultados.

As coisas vão acontecendo rapidamente. Quando você percebe, já tem vários projetos de lei em andamento e leis aprovadas, é muito gratificante esse trabalho.

Diário do Litoral - Uma de suas principais pautas é o "Fim da Sauna Móvel", que foi apoiado pelo governador Tarcísio de Freitas recentemente. Já foram entregues 100 ônibus intermunicipais com ar-condicionado e há a previsão de mais 40 modais até o final deste ano. Os moradores da Baixada podem confiar nesta informação?

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Podem sim, porque quando assumi o mandato e comecei a lutar para ter ar-condicionado nos ônibus intermunicipais, era uma causa que ninguém levava muito a sério. Pedíamos ajuda dos deputados e dos prefeitos, para entrarem comigo nessa luta, mas ninguém se engajou totalmente.

Então, organizei um abaixo-assinado pelo "Fim da Sauna Móvel" e conversei com o governador Tarcísio. Ele realmente abraçou a causa, comprou os 100 primeiros ônibus entregues no ano passado e já adquiriu mais 40 que chegam ainda neste ano.

Milhares de pessoas já são beneficiadas, porque são cerca de 100 mil pessoas que utilizam ônibus intermunicipais todos os dias na Baixada.

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Ainda falta o restante da frota, [mas] a tramitação é mais lenta. Enquanto isso, continuamos batalhando para comprar mais ônibus com ar-condicionado.

Diário do Litoral - A mesma lei do ar-condicionado também serve para escolas, nas quais alunos sofrem diariamente com o calor. Existe alguma previsão de entrega?

Quando conversei com o governador sobre o ar-condicionado nas escolas, poucas unidades eram climatizadas. A partir daí, iniciou-se a nossa luta para conseguir a instalação. Acontece que algumas unidades são muito antigas ou muito grandes, ainda é necessário realizar mais projetos.

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Há um compromisso da Secretaria de Educação do Estado de que, até o início do próximo ano, todas as escolas estejam climatizadas. Talvez não seja possível imediatamente. Mas existe esse compromisso.

Diário do Litoral - Na área da educação, podemos citar as pautas de combate ao bullying e cyberbullying nas escolas e a "Lei Piá", que luta pela causa autista. Quais os resultados dessas leis que já podem ser vistos?

Vou falar primeiro sobre o Piá, que é o Protocolo Individualizado de Avaliação, e foi meu primeiro projeto que virou lei em 2023. Ele pensa nos autistas e pessoas neuro divergentes, não só na inclusão social, mas também na permanência na sala de aula.

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Por exemplo, a mãe de uma estudante de Direito me procurou, porque viu a minha lei, e falou assim: 'a minha filha pegou dois DP's, porque ela tinha duas provas por dia, e quando tem duas atividades, vai mal nas duas. Ela não consegue fazer'.

Eu procurei a universidade, conversei com o departamento especializado nessa questão avaliativa e expliquei que tem que ter mais tempo para realizá-las. E deu certo! Eles entenderam a lei, colocaram em prática.

Isso tem ajudado muitos universitários, tanto em escolas públicas quanto particulares, de todas as cidades. Mas isso acontece muito nas faculdades, onde ainda não existe esse olhar para os autistas.

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Já a lei do bullying e cyberbullying é um projeto que ainda está tramitando na Alesp para ajudar crianças e adolescentes na sala de aula.

Quando aconteceu a morte do menino Carlinhos, em Praia Grande aliás, as investigações não foram concluídas, pois o Ministério Público pediu novas evidências chamou a atenção, porque houve erros na escola e na saúde, onde ele foi atendido.

Diário do Litoral Você também desenvolveu uma lei que obriga shoppings a criarem salas de regulação sensorial a fim de confortar pessoas durante suas experiências. Como surgiu essa ideia? E como está a adesão?

Não dá para fazer um projeto de lei para os autistas sem ouvir suas demandas. Não tem como. As salas sensoriais foram desenvolvidas com a ajuda do Arthur, que é autista e estudante de medicina.

Escrevemos juntos [as leis da sala sensorial e Piá], porque muitas famílias diziam que não frequentam shoppings devido aos estímulos a criança ou o adolescente autista acaba tendo crises e precisa ir embora no meio do que estavam fazendo.

O governador sancionou recentemente, e agora é lei que todos os shoppings do estado de São Paulo têm que ter salas sensoriais. O projeto está na fase de regulamentação, na Secretaria da Pessoa com Deficiência, definindo o espaço e tamanho, além do que deve ter na sala e quem vai fiscalizar.

Mas já é lei. Os shoppings do estado de São Paulo que quiserem, já podem começar a instalar essas salas sensoriais.

Diário do Litoral - Mais recente, você implementou projetos que combatem a violência contra as mulheres. De quais formas isso vai ajudar as moradoras da Baixada? Você acredita que as vítimas terão mais coragem para buscar auxílio?

A gente precisa falar do assunto, encorajar essas mulheres, mas também oferecer meios para que elas possam sair da situação difícil que vivem. Um dos projetos de lei, dentre vários, é o projeto Brenda Bulhões.

A Brenda foi assassinada no Guarujá, e a mãe dela, Elisângela, me procurou para apresentar a ideia. Nós aprimoramos para executá-lo, cuidando da violência também no ambiente escolar, com crianças e adolescentes.

A ideia é que elas identifiquem sinais de violência, aprendam a se proteger melhor e desenvolvam um olhar mais humanizado. A intenção é que não se tornem adultos agressivos no futuro. É um projeto muito bacana.

Também queremos que as mulheres se aproximem da política. Há um projeto de lei que incentiva a presença delas nesse ambiente, não necessariamente como candidatas, mas participando ativamente da luta por políticas públicas.

Outra ação que estou muito feliz pelos resultados é a Delegacia da Mulher (DDM) junto com a Casa da Mulher em São Vicente.

Esse projeto surgiu a partir de um pedido do delegado, Dr. Lucas, que veio ao meu gabinete para tentar aprimorar e oferecer todos os serviços necessários à mulher na delegacia: psicológico, jurídico, entre outros.

Diário do Litoral - Vimos que você possui um projeto de isenção de pedágio para moradores da Baixada Santista. Como está o andamento disso?

Desde que se falou na possibilidade de privatizar a Rio Santos e a Padre Manuel da Nóbrega, eu fui totalmente contra. Sou contra os pedágios, porque são duas rodovias que cortam as cidades e atrapalham a vida dos moradores.

O turista vai vir uma vez ou outra. É ruim? Sim. Mas ele vem eventualmente; já o morador pagará pedágio todo dia. Então, são duas estradas complicadas para colocar pedágio dentro das comunidades.

As estradas foram privatizadas, mas não foi necessário a autorização da Alesp para isso. Não tivemos esse poder de impedir a privatização das vias.

A iniciativa foi melhorar, e há melhorias acontecendo: diminuíram os acidentes com mortes na Padre Manuel da Nóbrega, e há disponibilidade se precisar de socorro mecânico algo que deveria existir pelo estado, mas não havia. Também há melhorias no asfalto, na sinalização e na iluminação.

A Padre Manuel da Nóbrega será duplicada no trecho do Vale do Ribeira. Haverá melhorias também nas marginais. Segundo o governador de Peruíbe, as vias serão livres em trechos da Praia Grande, permitindo que o morador que quiser evitar o pedágio utilize essa opção. Ainda assim, sigo contra.

Quando descobri que o pedágio começaria a funcionar a partir de novembro em alguns trechos, conversei com o governador e com as comunidades, e reforcei: 'não tem como pagar'.

Se for inevitável precisamos garantir que, pelo menos, o morador não pague essa conta. E como aprovar um projeto de lei de isenção de pedágio? É muito difícil. Então, organizei da seguinte maneira: o morador não pagará nas cidades onde o pedágio foi instalado, pelo menos duas vezes por dia, durante três anos.

Coloquei três anos para que possamos lutar por sua manutenção depois de apresentar melhorias. Já teremos resultados concretos e poderemos trabalhar a partir disso. Não se trata de politicagem, mas de um projeto viável.

Como resultado dessa ação inicial, o governador também anunciou que Ana Dias não terá cobrança de pedágio. Todos os bairros da área continental de Santos estarão isentos.

O pedágio começará a funcionar na área continental de Santos e no Vale do Ribeira. Já existem os códigos em Itariri, Pedro de Toledo e Miracatu.

Ainda estamos batalhando nessas regiões para instalar pórticos que garantam a isenção. A empresa ainda está analisando os demais trechos. É fundamental nunca desistir ou acreditar que não se pode avançar. É uma vitória gradual.

Diário do Litoral - Sabemos que você se baseou na própria história para desenvolver leis de prevenção ao câncer. Gostaria que comentasse um pouco sobre os projetos.

A semana de conscientização e prevenção ao câncer nas comunidades surgiu quando eu vi uma pesquisa da Oncoguia, que mostrava o problema diretamente na comunidade. A falta de informação prejudica a busca por ajuda e dificulta a marcação de exames. Muitas mulheres deixam de fazê-los, porque não sabem onde procurar ou onde estão disponíveis.

Além disso, algumas mulheres precisam pegar ônibus, não tem dinheiro para a passagem ou vão perder o dia de trabalho e, por isso, não conseguem ir. Precisamos estar presentes.

Já fizemos diversas ações envolvendo prefeituras e a rede particular, incentivando as unidades de saúde a abrirem mais tempo para que as pessoas possam sair do trabalho e realizar exames simples de detecção que vão desde câncer de boca até a vacinação contra HPV, que previne várias doenças.

Diário do Litoral - Nas últimas semanas, existiu uma discussão sobre o atraso do funcionamento do VLT. A previsão indica que o modal funcionará melhor a partir de outubro, podemos nos surpreender com uma nova data?

Os moradores podem confiar. Eu acho que, se começar em outubro, será um trecho muito pequeno, para muito poucos passageiros. Venho questionando desde então, porque vimos o que aconteceu na primeira fase.

Foram muitos problemas. Sabíamos que a segunda fase também seria complicada, ainda mais porque passa por ruas muito estreitas. Encontraram vários problemas no meio do caminho, e alguns contratos precisaram ser refeitos.

A previsão de o VLT estar funcionando plenamente será só no segundo semestre do ano que vem.

Diário do Litoral - Deputada, você acredita que o VLT será o modal que interliga toda a Baixada e poderá resolver o problema de mobilidade da região?

Eu adoro o VLT. Antes até de assumir como deputada, quando meu filho ainda estava morando lá na ponta da praia, eu pegava o VLT da minha casa em São Vicente, descia na última estação em Santos e dali eu ia para a casa do meu filho andando.

Quando teve chuvas fortes que alagaram toda a cidade, eu deixei o meu carro oficial em Santos, peguei o VLT e cheguei na minha casa em São Vicente. Não, eu não ia chegar. As pessoas ficaram quatro, cinco, seis horas paradas no trânsito. Eu cheguei em uma hora.

Acho que a gente tem que ter mais, tem que tentar agilizar o VLT para a área continental de São Vicente, que já está acontecendo. Já tem uma conversa avançada da possibilidade de ter em Praia Grande também.

Diário do Litoral Na semana passada, por volta das 18h30, foi registrado um ataque com pedras que quase atingiu uma criança e uma idosa no VLT. Não foi o primeiro caso. O que deverá ser feito para reduzir a insegurança pública no modal?

E não é uma questão que aconteceu só no VLT, né? A gente viu que o aconteceu nos ônibus de São Paulo também. Eu acho que essa insegurança só vai diminuir depois que a polícia investigar quem está fazendo isso, por que está fazendo isso e coibir essas ações.

Porque às vezes é uma ação isolada, mas às vezes não é. O de ônibus, pensava que era uma ação isolada, mas é isolada aqui? Quando você fala de uma coisa [na mídia], infelizmente começa a motivar outras pessoas a fazerem isso, e aí acaba acontecendo esses casos que podem ser isolados.

É ação da polícia de identificar esses baderneiros e punir quem está fazendo isso. Eu acho que nesse primeiro momento, é isso.

Diário do Litoral - Você foi uma das apoiadoras do túnel Santos-Guarujá, que está começando lentamente a sair do papel. Quais são as expectativas? Acredita que será funcional para a mobilidade de Santos?

Eu sou bem mais fã da terceira pista. Eu sou fã dos dois, mas se você me perguntar qual eu escolheria, eu escolho a terceira pista. [Mas] eu fico muito feliz de ser uma das apoiadoras dessa causa.

O governador teve que enviar um projeto de lei para a Assembleia, e a gente teve que autorizar a execução dessa obra junto com o governo federal. Agora, já fizemos o leilão e já temos a empresa escolhida.

Será fundamental o Túnel Santos-Guarujá para a mobilidade, principalmente para quem sofre todos os dias com os transtornos das balsas. Só que muita gente ainda vai usá-las, então é necessário aprimorar essa travessia também.

Eu acredito que temos grandes obras que vão melhorar significativamente o desenvolvimento da nossa região e das condições de mobilidade.

Diário do Litoral Deputada, gostaria de questioná-la sobre as questões climáticas na Baixada. Temos visto casos graves de ressaca, alagamentos, avanço do mar aqui no litoral. Serão adotadas medidas de contenção de danos? Se sim, quais?

O governo do estado vem fazendo várias ações até para amenizar a questão climática, quando falamos, por exemplo, do calor excessivo.

Uma das questões é que o governador pediu prioridade foi nessa questão de climatização na Baixada, depois da gente brigar tanto sobre a questão dos ônibus e das escolas.

Outra ação que eu reforço estou falando da atuação do governo do estado, por ser deputada estadual é a questão do desatrelamento dos rios. Foi feito um plano estratégico apenas para a Baixada Santista, que já está sendo implementado em Peruíbe.

Em São Vicente, algumas obras estão em andamento na canalização, no aumento dos canais e na profundidade, para reduzir os problemas climáticos.

Diário do Litoral - Temos pela frente cerca de um ano e meio de mandato. O que a população pode esperar de agora para frente e quais serão as prioridades?

Olha, acho que as pessoas estão vendo que o meu mandato busca oferecer alternativas através de lutas pelas pessoas com deficiência, pelos autistas, pelo tratamento do câncer, pela saúde e educação, com os projetos que estão tramitando, e pela condição da mulher.

As ações que eu e minha equipe temos feito não são só para falar. A gente precisa falar dos temas, lutar por eles, mas também buscar ações efetivas que melhorem a vida das pessoas.

Temos muita responsabilidade. As nossas ações podem impactar e impactam a vida das pessoas no Estado. Então, temos que ter muito discernimento na hora de decidir como e por onde lutar, e quais projetos aprovar.

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