Bolsonaro foi presenteado com um óculos utilizado em memes na internet / Matheus Tagé/DL
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Sob o coro de “mito”, o deputado federal Jair Bolsonaro encerrou sua visita à Santos em uma palestra na Câmara Municipal da Cidade. Cerca de 200 pessoas lotaram o auditório do local para ouvir o que o político pensa sobre o Brasil e como ele pretende governar caso se candidate à Presidência e seja eleito em 2018.
“Uns já foram presidentes, governadores, presidente de Câmara. Todo mundo tem renome, eu não tenho. Não sou cavalo paraguaio não. Pode ter certeza que vocês vão ter uma terceira via em 2018, da forma como as coisas estão indo. E não é de agora. Nós começamos há dois anos, mais ou menos, este trabalho de conhecer o Brasil com profundidade”, alarmou Bolsonaro, que atualmente é do PP, mas que já está “com os dois pés no PSC”.
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Os presentes eram, em sua maioria, jovens entre os 15 e os 25 anos. Muitos universitários e estudantes que já se declaram como fãs e eleitores do Bolsonaro. “Sou totalmente a favor dele, do que ele propõe sobre economia e patriotismo. O que falam sobre homofobia é sensacionalismo da mídia”, defende o estudante Josemar Albuquerque, de 23 anos.
O tom era o mesmo entre a maioria dos participantes. E a defesa sobre os posicionamentos polêmicos de Bolsonaro era ferrenha. “Viemos ver a realidade e não o que publicam na internet. Queremos nos informar”, explica o universitário Lucca Picciarello, de 17 anos. “Ele só quer o bem de todos”, completa o estudante de Relações Internacionais Andrew Dias Moraes, de 24 anos.
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No entanto, a simpatia por Bolsonaro também era explícita entre os mais velhos que, mesmo em minoria, reforçavam o coro que denominava o deputado como “mito”. “Ele tem que ser o presidente. Não tem outra solução para este País”, comenta o aposentado Arancir Fagundes, de 63 anos.
E esta simpatia passa de pai para filho. Thiago Cardoso, de 12 anos, cursa a oitava série. Ele chegou à Câmara embrulhado na bandeira do Brasil. O pai, o analista de sistemas Roberto Cardoso, de 55 anos, acompanhava o garoto orgulhoso. “Já acompanho Bolsonaro há um tempo. Ele é diferente. Tem honestidade, patriotismo e defende o País. Ele quer o bem do País e não quer encher o bolso de dinheiro. Ele é a esperança”, defende o mais velho.
O filho, concordando com o pai, também se declara fã do deputado federal e acredita que a política de direita é que pode “endireitar o País”. Além da escola, Thiago também estuda a vida de seus ídolos. “Ele passa o dia vendo os vídeos do Bolsonaro, conhece tudo sobre ele”, comenta o pai. “Vejo também Malafaia e Feliciano. Sei tudo o que eles pensam”, completa o filho.
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Bolsonaro responde aos seus fãs com o que eles esperam. Selfies e declarações polêmicas sobre o Governo, que já são uma marca pessoal de seu mandato que já dura 25 anos. “Político no Brasil não está acostumado (a ser polêmico). É vaselina. É politicamente correto. É demagogo. Não fala o que tem que falar. Não legisla. Vota de acordo com interesses escusos. A verdade é essa. Se isso fosse mentira, não teria tanta gente no Supremo Tribunal Federal respondendo processo, inclusive dentro do meu partido (PP)”, declara.
O deputado federal passou o dia em Santos. Deu entrevistas, visitou a cidade de São Vicente, a Universidade Santa Cecília e o gabinete do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB). Bolsonaro está em sua sétima legislatura na Câmara dos Deputados e foi o deputado mais votado do estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2014. Em seu atual mandato, se destaca-se na luta pela proibição do chamado “Kit Gay” (cartilhas destinadas às escolas do ensino fundamental) que, segundo o deputado, faz apologia ao homossexualismo e pela redução da maioridade penal.
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As opiniões de Bolsonaro
As polêmicas do deputado provêm de suas posições sobre assuntos diversos que permeiam o governo do País e o cotidiano familiar. Bolsonaro tem opiniões tanto sobre como uma criança deve ser educada até como a economia do Brasil deve seguir. Durante sua passagem em Santos, muitas declarações já conhecidas por seus fãs foram repetidas. Acompanhe:
Candidatura
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“Eu não estou fazendo por mim. Por mim, eu continuava deputado federal. Eu tenho uma reeleição tranquila. Eu não gasto nada em campanha. Se é para pensar em mim, eu continuo deputado e estava agora tomando água de coco na Barra da Tijuca. Eu estou pensando no Brasil. Eu estou com 60 anos de idade, com uma filha de cinco anos. Está o garoto aqui no meu lado (Eduardo Bolsonaro). Ele foi eleito deputado com um carro de som e duas pessoas. Vocês mal ouviram falar dele. Isso é nome, é confiança”.
Cotas
“A preocupação maior é de vocês, não é minha. Eu estou me oferecendo para vocês. Compare eu com os outros, caso eu venha ser candidato. Veja quem realmente você pode acreditar no que está falando. Se eu ficar falando coitado do negro, coitado da mulher, coitado do homossexual, coitado do nordestino. Não dá certo. Nós temos que fazer uma campanha unindo. Todos nós somos iguais. E vale a meritocracia. Você está ai porque você estudou, companheiro. Não está aqui por cota. Cota não, nós somos iguais. Cota discrimina. Você está aqui olhando para mim. Você acha que minha filha merece ser cotista? Ela vai ser. O avô dela é o Paulo Negão, então ela vai ser. Até entre os negros. Qual o negro você acha que vai ter acesso à faculdade? Aquele que o pai é melhor de vida e tem quem mais tempo para estudar. Enquanto o negro que está descarregando saco de farinha no Porto, não vai estudar, vai tentar e vai ser reprovado. Esta história de cota é uma mentira. E outra coisa: diploma não é garantia de emprego. Não acredite na facilidade. Acreditar que um governo quer ajudar você, você está pedindo para ser enganado. O governo quer te enganar e através do teu voto se perpetuar no poder. E assim foi feito este rodízio – PT e PSDB”.
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Armas
“Como Cain matou Abel? Foi com uma alma de fogo ou foi com uma queixada de burro? No Rio, na outra semana, assassinaram a facadas um professor peruano e uma turista argentina. A arma é fator de inibição. O que me coloca em situação de igualdade a você, a uma mulher, a um velho e a um jovem é exatamente uma arma de fogo. Nós passamos a nos respeitar. Você não tem segurança nem na sua casa mais. No governo militar você comprava arma de fogo na Mesbla. E não tinha esta violência toda que está ai. Nos Estados Unidos, não compra fuzil quem não quer. O número de mortes é quatro para cada 100 mil habitantes. Aqui no Brasil, é 27. No Paraguai, que arma é à vontade, tem menos mortes por 100 mil habitantes e dizem que o Paraguai está culturalmente abaixo do Brasil. Não é bem assim que a banda toca”.
Pena de morte
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“Se dependesse de mim, porque não depende de um presidente, depende de uma nova Constituinte, se eu fosse constituinte eu votaria sim (para a pena de morte). Imagina um filho nosso, de três anos de idade, violentado. O canalha merece o quê? Se fizer com um filho meu pode ter certeza que este cara vai morrer. Independentemente do que está na lei”.
Legislativo
“Os parlamentares estão preparados? Olha o nosso nível. Olha o nível das câmaras municipais. Tem semianalfabeto à vontade por ai. Tem até gente que beira a idiotice. Infelizmente, é o povo que escolhe”.
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Popularidade
“Me chame de corrupto, poxa. Me chame de vender meu voto dentro da Câmara. Fascista, racista, homofóbico é a mesma coisa que eu chamar alguém de feio, quatro olhos. Isso é idiota. Sem argumentos. Eu tenho história dentro do Congresso. Eu saio na rua e falo ‘eu sou deputado federal’. Os outros não têm o tipo de tratamento que eu tenho da população. Aqui eu estou sendo bem tratado. Qualquer aeroporto, em qualquer capital, quando eu chego eu sou tratado como pop star. Eu sou recebido por 500 pessoas presentes. Falta lideranças políticas no nosso País. Não tem. O que tem é demagogia, populismo, Bolsa Família, Pronatec. É só enrolação”.
Impeachment de Dilma
“Eu sou o único deputado federal que apresentou um pedido contra a senhora presidente. Baseado no artigo 85, parágrafo terceiro, ocorre crime de responsabilidade da presidente que interfere no trabalho do Legislativo. E ela interferiu quando abriu as portas da Petrobras para a galera roubar em trocas de votos. Quem vai tirar ela de lá é a economia. Nós estamos perdendo quatro mil empregos por dia, sem chance de recuperar. Estamos com a inflação em dois dígitos, recessão, dívida externa aumentando assustadoramente, a classe industrial não tem qualquer motivação para produzir nada, temos crise de energia, a nossa agricultura está à beira de uma colapso. Ela que ainda é a locomotiva da nossa economia, daqui a pouco vai parar também”.