Não ter fundo eleitoral público seria o pior dos mundos, diz Gilmar Mendes / Antonio Cruz/ Agência Brasil
Continua depois da publicidade
O ministro do STF Gilmar Mendes destacou nesta segunda-feira (9) os pontos que avalia positivos na reforma política aprovada pelos congressistas: o fim das coligações para as eleições legislativas e a criação da cláusula de desempenho.
Mendes participou na manhã desta segunda (9) de um debate no IDP (Instituto de Direito Público de São Paulo) -do qual o ministro é sócio- sobre a reforma política aprovada pelo Congresso na semana passada.
Também participaram do evento o deputado federal Evandro Gussi (PV-SP) e o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Continua depois da publicidade
"Também foi relevante a criação do fundo eleitoral, nesse contexto de proibição das doações empresariais", disse Mendes.
O senador tucano Cássio Cunha Lima concordou com o ministro em relação às coligações e à cláusula de desempenho.
Continua depois da publicidade
"O Brasil não pode continuar convivendo com essa quantidade de partidos políticos que temos. É uma falência de nosso modelo", disse Cunha Lima.
Ele considera, no entanto, que houve retrocesso quanto ao financiamento das campanhas.
"Sou contra o fundo público, por ser a favor do financiamento privado. Os partidos são entidades privadas e assim devem funcionar", disse.
Continua depois da publicidade
O fundo público aprovado na semana passada distribuirá no ano que vem cerca de R$ 2 bilhões aos partidos para financiar as campanhas eleitorais.
Para Cunha Lima, as regras aprovadas criam brechas nocivas, como a possibilidade de que os partidos realizem eventos como bingos, rifas e bazares para arrecadar recursos.
"Serão feitos rifas e bingos por toda parte. Controlar isso será impossível", comentou. "Estamos muito longe de um sistema ideal para o forma de financiamento. Foi um enorme retrocesso. Esse modelo não ficou pronto. Terá que sofrer alterações nos próximos anos".
Continua depois da publicidade
Gilmar Mendes relembrou então que votou contra a supressão das doações empresariais no Supremo, em 2015.
Voto vencido, considera que o fundo público eleitoral é inevitável no cenário atual.
"O pior dos mundos seria não ter o financiamento público. Considerando os prós e contras, creio que houve avanço com essa medida".
Continua depois da publicidade
IMPEACHMENT
O impeachment é como uma bomba atômica: existe para não ser usado, disse Gilmar Mendes.
O ministro afirmou que o fato de o Brasil ter passado por dois processos de destituição do presidente da República em 25 anos é um indício de que o modelo de presidencialismo de coalização está esgotado.
Continua depois da publicidade
"Nós acabamos fazendo uma espécie de parlamentarização do impeachment, usando-o para desfazer impasses. Mas é claro que o impeachment é extremamente traumático".
"Não seria mais adequado repensar o modelo?", questionou o ministro. "Talvez devêssemos discutir um modelo alternativo a este que aqui está e já propiciou muitos desconfortos".
PROTESTO
Continua depois da publicidade
Mendes foi recebido com protesto no IDP. Antes do início do evento, um grupo de cerca de dez pessoas jogou tomates na portaria do local, e vários carros também foram atingidos.
Os manifestantes reclamavam que Gilmar Mendes concedeu liberdade a condenados pela Lava Jato.