15 de Outubro de 2024 • 17:07
As críticas ao sistema eleitoral brasileiro foram um dos dois motivos que levaram Bolsonaro a estar inelegível por oito anos / Valter Campanato/Agência Brasil
Em viagem à posse de Javier Milei na Argentina, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar as urnas eletrônicas no Brasil e fez um raro elogio ao ditador venezuelano Nicolás Maduro pelos votos impressos no plebiscito do último domingo (3) sobre a anexação de Essequibo, parte do território da Guiana.
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"Nem na Venezuela se tem o voto eletrônico. Nesse referendo agora de Essequibo, que é um assunto bastante polêmico, o Maduro deu uma lição de moral no Brasil falando: olha, aqui a eleição é na máquina, mas não é como em outros países, aqui tem o papel também", afirmou.
"Até que enfim o Maduro acertou uma, né. Nunca acertou nada na vida. Acertou uma que é o voto no papel", disse ele em entrevista ao jornalista Eduardo Feinmann na rádio Mitre, do grupo Clarín, a quem Milei deu uma de suas primeiras entrevistas após vencer as eleições. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e seu filho (PL-SP) fez o papel de intérprete.
Na Venezuela, o eleitor comprovava sua identidade com a impressão digital, em seguida votava "sim" ou "não" às perguntas em uma máquina de votação, verificava as respostas na tela e pressionava "votar". A máquina então imprimia o resultado num papel, que tinha que ser depositado na urna.
As críticas ao sistema eleitoral brasileiro foram um dos dois motivos que levaram Bolsonaro a estar inelegível por oito anos, podendo concorrer apenas nas eleições de 2030. A decisão foi tomada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em junho, devido a uma reunião com embaixadores estrangeiros feita pelo ex-presidente em julho de 2022.
No encontro no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, a menos de três meses da eleição, Bolsonaro fez afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral, alegando estar se baseando em dados oficiais, além de buscar desacreditar ministros do TSE.
Bolsonaro deu as declarações na entrevista após ser questionado pelo jornalista argentino sobre a indicação do presidente Lula (PT) de Flávio Dino, hoje ministro da Justiça, ao STF (Supremo Tribunal Federal) Dino será sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça no Senado na próxima quarta (13).
"Inclusive o Flávio Dino, quando perdeu eleições em 2010 aproximadamente, ele criticava as urnas, falava que não eram confiáveis e eram possíveis de serem fraudadas. E por eu ter feito críticas com comprovação no mesmo sentido também foi uma causa da minha inelegibilidade. Sobre o voto eletrônico puro, sem qualquer papel", disse.
Bolsonaro chegou a Buenos Aires na noite desta quinta (7) a convite de Milei e deverá ter tratamento de chefe de Estado em sua posse, neste domingo (10). A ideia da equipe do argentino é que o brasileiro esteja presente nas cerimônias fechadas do Congresso Nacional e da Casa Rosada, mesmo sem exercer nenhum cargo público no momento.
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