14 de Outubro de 2024 • 09:23
A ex-senadora Marina Silva, candidata derrotada na campanha presidencial de 2014, usou, neste sábado (14), o seu perfil em uma rede social para publicar artigo onde faz várias críticas à gestão da presidente Dilma Rousseff, mas se coloca contra o impeachment. Marina afirma que a "mudança na equipe econômica parece ser insuficiente para dar ao governo a credibilidade necessária à condução da economia".
A ex-senadora entende que o agravamento de todos os sintomas da crise já é visível, mas defende ao longo de um extenso artigo denominado "Silêncio se faz para ouvir" que o respeito à democracia ensina a se dar um prazo inicial a todo governo eleito para que se diga a que veio.
"Sinto que isso vale também quando o escolhido - ou guiado pelas estrelas - recebe da sociedade a cômoda tarefa de suceder a si mesmo", disse a ex-senadora em referência às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, que estão sendo programadas para este domingo.
"Muita gente vai para as ruas protestar. Há uma campanha pedindo o impeachment da presidente que foi eleita há poucos meses. Compreendo a indignação e a revolta, mas não acredito que essa seja a solução. Talvez o resultado não seja o pretendido retorno à ordem, mas um aprofundamento do caos", escreveu a ex-senadora mesmo reconhecendo que a "insatisfação da população vai da desesperança ao desespero.
"A mudança na equipe econômica parece ser insuficiente para dar ao governo a credibilidade necessária à condução da economia. A imagem da situação social é a dos tanques na rua, na Favela da Maré. A enchente gigantesca no Norte e a seca rigorosa no Sudeste denunciam a irresponsabilidade com a agenda ambiental e a falta de planejamento na produção de energia e no saneamento", afirmou Marina.
De acordo com ela, a corrupção revela-se generalizada como um câncer que se espalhou por todos os órgãos. "Quantos minutos na televisão serão necessários para fazer as pessoas voltarem a acreditar no mundo cor-de-rosa que os 'pessimistas' queriam destruir?", questionou, fazendo referência ao discurso de campanha da presidente Dilma negando que promoveria arrocho na economia e perda de conquistas trabalhistas.
Marina lembra que quando o Congresso depôs Fernando Collor, assumiu o vice-presidente Itamar Franco, que formou um governo aglutinando várias forças políticas incluindo a parcela do PT que acompanhou Luíza Erundina. Em sua gestão, que tinha FHC como Ministro da Fazenda, diz a ex-senadora, começou o Plano Real e a hiperinflação foi finalmente debelada. Mas hoje, continua ela, quem domina as instituições são as parcelas do PMDB mais envolvidas com as práticas e métodos que estão na gênese da crise.
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