19 de Maio de 2024 • 10:43
Marina afirmou que a crise em que o país está mergulhado fez com que ela se dispusesse a concorrer pela terceira vez / Divulgação/Fotos Públicas
Após um longo período de discussões e do que costuma chamar de "ciclo de reflexão", Marina Silva decidiu se lançar pré-candidata à Presidência em 2018. A ex-senadora afirmou que a crise em que o país está mergulhado fez com que ela se dispusesse a concorrer pela terceira vez ao Palácio do Planalto.
"O compromisso e o senso de responsabilidade, sem ser a dona da verdade, me convoca para esse momento", afirmou Marina, em Brasília, durante reunião do Elo Nacional da Rede, partido fundado pela ex-senadora em 2015.
Em discurso de quase uma hora, Marina disse que é preciso "dar um sabático de quatro anos para os partidos que criaram a crise no país" e que está preparada para enfrentar uma "campanha ralada".
"Não vamos nos unir para combater ninguém [...] uma campanha ralada dói bem menos que um país partido", completou em uma paródia da música da Kell Smith.
A ex-senadora repetiu o discurso que defendeu em 2010 e 2014 -quando ficou em terceiro lugar, com cerca de 20 milhões de votos nas duas ocasiões- de que vai "manter as conquistas e fazer o desenvolvimento econômico com sustentabilidade". A ideia, juntamente com a defesa do meio ambiente, deve ser mais uma vez sua bandeira de campanha.
Marina voltou a dizer que não quer "o poder pelo poder" e que é preciso unir "as pessoas competentes" de vários partidos para criar um "ecossistema", que faça da política "um serviço para ajudar a melhorar o Brasil".
Em 23 convenções estaduais da Rede o nome de Marina foi aprovado por unanimidade para disputar as eleições do próximo ano -o congresso nacional do partido vai chancelar a escolha em abril.
A ex-senadora disse que ouviu amigos e familiares e, mesmo com a opinião contrária do marido, mas favorável dos quatro filhos, decidiu entrar na disputa.
A ex-senadora fez críticas ao modo como os partidos terão acesso ao fundo partidário a partir das próximas eleições. Segundo ela, a Rede contará com 0,05% do montante, enquanto "17% fica com PMDB, PSDB, PT e partidos grandes". "Eles podem até vir com o melhor alimento, com a maior gordura financeira, vamos beber água boa do compromisso da esperança e transformar nossas dificuldades em fortaleza. Aprendi com minha fé: quando sou fraco, então sou forte", afirmou.
A Rede pretende agora procurar partidos como PSB, PV e PPS para compor uma aliança para 2018. A sigla da ex-senadora tem direito apenas a 12 segundos de tempo de TV na propaganda eleitoral.
Pouco assertiva
Marina fez mistério nos últimos dias sobre a posição que iria adotar nas eleições do ano que vem. Sua postura pouco assertiva mesmo diante de temas importantes do cenário político do país, como o impeachment de Dilma Rousseff, fez com que aliados se afastassem da ex-senadora.
A aliança que Marina fez com Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da disputa de 2014 foi o início do racha entre seus correligionários e provocou muitas críticas e dissidências em seu partido.
No ano passado, por exemplo, sete integrantes da Rede divulgaram uma carta sobre o "vazio de posicionamento" da legenda e de sua porta-voz e anunciaram suas desfiliações da sigla.
Durante a reunião deste sábado, o deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) afirmou que estava ali como um "noivo", esperando somente o "sim" de Marina. Com a concordância da ex-senadora, que assentiu e sorriu para o colega, disse que era necessário estarem preparados, porque ela iria enfrentar "o que tem de mais pornográfico na política" durante a campanha do ano que vem.
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