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Como no jogo de xadrez, o empresário Marcos Valério, condenado a 40 anos, 4 meses e 6 dias de prisão como operador do mensalão, agora manda um recado: não quer mais prestar novos depoimentos porque se considera "absolutamente convencido que é inútil colaborar com a Justiça"
Pelo criminalista Marcelo Leonardo, seu advogado de defesa desde antes do mensalão, ele se declarou "absolutamente surpreso com o vazamento" de seu primeiro relato, a 24 de setembro, perante a Procuradoria-Geral da República, quando informou que dinheiro do esquema que operou serviu também para bancar despesas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Nesse momento, prestar quaisquer outros depoimentos ele ainda vai avaliar, se não é o caso de ficar em silêncio já que colaborar com a Justiça está se revelando inútil", afirmou Leonardo, veterano criminalista estabelecido em Belo Horizonte.
Os argumentos do operador do mensalão indicam que sua meta, quando fez a delação ao Ministério Público Federal, era mesmo alcançar redução de pena no processo do mensalão ou até o perdão judicial - em 24 de setembro já tinha sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal, mas o tamanho da pena a ele imposta ainda não havia sido estabelecida. Tais benefícios são concedidos ao réu que colabora com a Justiça, apontando participações e atos de outros integrantes de uma organização criminosa.
"Ele não tem nenhuma disposição de colaborar com a Justiça porque entende que é inútil", reitera o advogado. "Na Ação Penal 470 (mensalão) colaborou com as investigações desde o início, foi ele quem fez referência a empréstimos, quem forneceu uma lista com os nomes de todas as pessoas beneficiárias do esquema, esclareceu datas, valores e formas de recebimento e, apesar disso, apesar de ter colaborado tão intensamente, foi quem recebeu a maior condenação."
Marcelo Leonardo afirma que seu cliente não teve nenhuma vantagem por ter contribuído com a Justiça e o Ministério Público no processo do mensalão. "Nada ele obteve, nenhum benefício de redução da pena. Daí sua avaliação de que é inútil continuar colaborando com a Justiça. Não tem nenhuma disposição de prestar quaisquer outras declarações a quem quer que seja." "Se for chamado por autoridade que tenha poder de convocar ele comparecerá, como tem comparecido a todos os lugares onde foi formalmente intimado ao longo dos últimos 7 anos. Ainda recentemente (Marcos Valério) já prestou outras declarações a diferentes autoridades."
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