Política

Governador de São Paulo confirma o fim da Cracolândia e abre o jogo sobre 2026

Em entrevista, o governador de São Paulo comentou sobre o fim da Cracolândia e exaltou as ações públicas nas áreas da segurança e mobilidade urbana

Giovanna Camiotto

Publicado em 29/12/2025 às 07:15

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, faz um balanço sobre o ano de 2025 / Renan Lousada/DL

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está encerrando dezembro de 2025 com o anúncio do fim da Cracolândia no centro da capital paulista. Esta era uma questão político-social e de saúde pública que se estendia na região desde a década de 1990, envolvendo resistência de coletivos e um compilado de promessa de vários políticos.

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Em entrevista ao jornalista Bruno Hoffmann do Jornal Gazeta de S. Paulo, do Grupo GMG e do qual o Diário do Litoral faz parte, o governador paulista destacou que o encerramento da área tomada por usuários de drogas "não foi mágica, [mas parte do] trabalho coordenado e com inteligência" de sua equipe. Ele ainda exaltou avanços na segurança pública, como a redução de índices de latrocínios e roubos em geral.

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O mandatário esclareceu que o resultado efetivo ocorreu devido ao Muralha Paulista, um programa de segurança pública que integra quase 90 mil câmeras a 93% das cidades de São Paulo para combater o crime em tempo real. Ele promete um avanço ainda maior em breve.

Durante a conversa, Tarcísio também comentou sobre a expansão do metrô e dos trens intercidades, a construção do histórico Túnel Santos-Guarujá e sobre a mudança da sede administrativa para o centro da capital. Além disso, o governador revelou se pretende buscar a reeleição ou se estará concorrendo à Presidência do Brasil.

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Leia a entrevista da Gazeta de S. Paulo na íntegra abaixo.

A segurança pública foi tema de debate intenso neste ano. Como avalia a gestão no tema?

"Segurança é sempre um assunto que chama a atenção de todo mundo, e não poderia ser diferente. É e será sempre tratado como prioridade pelo governo e o combate incessante, ininterrupto, vem mostrando que todo o investimento feito não tem sido em vão. Ao longo da gestão, estamos falando mais de R$ 1,5 bilhão voltados para a segurança pública de São Paulo, com melhor estrutura, com o uso de inteligência, de tecnologia, com reforço de efetivo, novos armamentos e viaturas. Neste período, já colocamos mais de 11 mil novos policiais nas ruas."

Os indicadores revelam avanços?

"Sim, os indicadores vêm mostrando que estamos no caminho certo. Temos visto quedas importantes em alguns números, como a redução de 24% nos latrocínios, quando comparamos o período entre janeiro a outubro deste ano com o do ano passado. O mesmo em relação a crimes patrimoniais, com recuos em roubos em geral, roubos de veículos e roubos de carga. Os homicídios dolosos caíram também em 2,6% neste comparativo até aqui entre 2025 e 2024. É o menor número de casos para o período desde 2001.

Aqui vale destacar o quanto a tecnologia tem ajudado no combate diário ao crime, com o Muralha Paulista, que promove uma interação colaborativa entre municípios no enfrentamento. Mais de 93% de nossas cidades já iniciaram a adesão, temos quase 90 mil câmeras interligadas e vamos avançar muito mais. Os resultados estão aparecendo, com criminosos sendo identificados e presos pela polícia com muito mais agilidade."

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E em relação ao crime organizado?

"Esse é outro grande desafio que temos encarado com coragem. Além do que já comentei quando falei da antiga cracolândia, desde 2023 foram apreendidas 656 toneladas de drogas no Estado. Um prejuízo estimado de cerca de R$ 3 bilhões ao crime organizado. Neste período, nossas forças policiais aqui de São Paulo já fizeram mais de 400 operações integradas em conjunto com o Ministério Público e com a Polícia Federal e identificaram mais de R$ 22 bilhões em fluxos financeiros ilícitos."

Como vislumbra o avanço da malha metroviária na Capital e Grande São Paulo?

"Hoje, São Paulo assiste à maior expansão da história do metrô: temos cinco obras simultâneas em quatro linhas, somando R$ 50 bilhões em investimentos. Só para comparação, em setembro, o metrô completou 50 anos com cerca de 100 quilômetros de trilhos em operação.

Só o que já está sendo construído, implementado, estamos falando em cerca de mais 50 quilômetros de trilhos para os próximos anos. A Linha 6-Laranja, por exemplo, é a maior obra de infraestrutura em execução na América Latina. Agora em 2026 vamos entregar o primeiro segmento, desde a Brasilândia até Perdizes. Só ali estamos falando em um investimento de R$ 19 bilhões."

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Quais outras estão próximas de serem entregues?

"A Linha 17-Ouro, aquela que tinha sido prometida para a Copa de 2014, que muita gente já não acreditava mais, mas, mais uma vez, contrariamos as pessoas, abraçamos o projeto, retomamos e será entregue sim para as pessoas. Mais R$ 6 bilhões de investimentos em um trajeto que liga o aeroporto de Congonhas à Linha 9-Esmeralda e com conexão com a Linha 5-Lilás. Além disso, temos duas frentes de trabalho para a expansão da Linha 2-Verde: uma entre a Vila Prudente e a Penha, e a outra já a partir da Penha rumo à Dutra.

São mais 20 bilhões em execução para mais de 14 quilômetros de percurso. A Linha 15-Prata também está sendo expandida em mais 4,6 quilômetros para 3 novas estações, com expansão tanto para o Ipiranga como em direção a Jacu Pêssego. A Linha 4-Amarela vai ganhar mais duas estações e chegará até Taboão da Serra, já fora da Capital; e a Linha 5-Lilás também terá mais duas paradas e chegará ao Jardim Ângela. Ou seja, temos muito investimento sendo feito para transformar e reforçar a mobilidade urbana de São Paulo."

E os trens intercidades?

"Quando falamos em trem intercidades, estamos falando em legado para São Paulo. Com o crescimento das regiões, precisávamos de uma solução para além das rodovias e o transporte ferroviário tem essa característica. São Paulo cresceu às margens dos trilhos e estamos retomando o uso desse importante modal para passageiros. Lá no início do ano passado, celebramos o leilão bem-sucedido do Eixo Norte, o TIC São Paulo-Campinas, e recentemente, a TIC Trens já passou a administrar a Linha 7-Rubi, que compõe o projeto.

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A partir do ano que vem, vamos começar a ver a construção do ramal que em 2029 já vai operar o trem intermetropolitano, entre Jundiaí e Campinas, e em 2031, o trem expresso, entre Campinas e a Capital, com uma parada em Jundiaí. Serão mais de 100 quilômetros de trilhos, investimento de mais de R$ 14 bilhões, e uma viagem que será feita em cerca de 64 minutos."

Há outros projetos?

"Já temos qualificados em nosso Programa de Parcerias e Investimentos outros três projetos do TIC: o Eixo Oeste, ligando São Paulo a Sorocaba; o Eixo Leste, rumo a São José dos Campos; e o Eixo Sul, para atender a Baixada Santista. Entre estes, o próximo a ir a leilão é o São Paulo-Sorocaba, agora em 2026. Mais uma parceria público-privada, com investimento de cerca de R$ 12 bilhões, também com cerca de 100 quilômetros de trilhos e previsão de atender em torno de 50 mil passageiros por dia. Para quem hoje leva em torno de 2 horas de carro ou ônibus, a viagem de trem deve durar cerca de 60 minutos.

Ou seja, um importante ganho de mobilidade para atender às pessoas e que mexe com a dinâmica das cidades, melhora a vida de quem mora no interior e precisa se deslocar até a Capital ou de quem mora na Capital e faz seu dia a dia no interior. É mais desenvolvimento para São Paulo."

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O que ficou de ensinamento da união de forças entre o Governo de São Paulo e o governo federal para anunciar o túnel Santos-Guarujá?

"Toda nova política pública é pensada para melhorar a vida das pessoas. De que forma, nós, como governo, conseguimos tornar a vida de quem rala todo dia, de sol a sol, melhor, mais confortável, mais leve, mais fácil, menos complicada. Ou seja, o interesse do cidadão estará sempre em primeiro lugar. Afinal, não é sobre o túnel, é sobre as pessoas. O túnel era um projeto centenário, que muitos apontaram como impossível de tirar do papel e nós provamos, mais uma vez, que o impossível não existe.

Depois de muita espera, as pessoas não vão depender somente da balsa para a travessia entre Santos e Guarujá ou ter que rodar cerca de 40 quilômetros para viajar de uma cidade a outra. Em alguns anos, estará pronto o primeiro túnel imerso do Brasil, com cerca de 1,5 quilômetro, onde a viagem entre Santos e Guarujá não vai levar mais do que 5 minutos. Um túnel para carros e caminhões, para pedestres, para ciclistas, e para o VLT. É um novo eixo de desenvolvimento para a Baixada Santista, onde serão escritas novas histórias de uma nova perspectiva."

Como está sendo o processo da construção do novo centro administrativo do Governo de São Paulo no centro da Capital?

"O leilão do novo centro administrativo vem aí em fevereiro de 2026. São Paulo merece ver o resgate de sua história e recuperar e transformar a região central da Capital é um dos maiores legados que a gente pode deixar. É o que vai acontecer com o novo centro administrativo no Campos Elíseos. Mais uma parceria público-privada que terá investimento de cerca de R$ 6 bilhões para a construção de um complexo, que deve se iniciar em 2027 e ser entregue em 2030.

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Estamos falando de sete edifícios e dez torres, que vai concentrar secretarias e órgãos do Estado, e os cerca de 22 mil servidores. É ganho de eficiência na gestão pública. A requalificação da região passa também pelo restauro de imóveis tombados e a ampliação em mais de 40% das áreas verdes do Parque Princesa Isabel. Além da estrutura governamental, também estão previstos equipamentos culturais e de convivência, como teatro, auditórios e salas multiuso, justamente para criar um espaço que chame as pessoas para aproveitarem mais o centro de São Paulo."

Quais foram os principais motivos de orgulho do mandato em 2025?

"É um desafio olhar para trás e ver tudo o que conseguimos fazer ao longo deste ano. Sinal que temos muito o que nos orgulhar, e mostra o quanto São Paulo segue avançando na direção certa. Principalmente aquilo que sempre foi tratado como impossível durante anos e que realizamos, que mudamos a realidade. E nesse contexto, é preciso destacar o fim da área conhecida como cracolândia no centro da Capital. O que aconteceu ali não foi mágica.

Foi trabalho coordenado, com inteligência e com objetivos muito claros: cuidar das pessoas, combater o crime e devolver o centro de São Paulo ao cidadão. A diferença é que nós não enxergamos a região como apenas um lugar, mas como uma questão socialmente complexa que exige segurança, saúde e dignidade trabalhando juntas. E o resultado está aí."

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Como isso aconteceu?

"A gente fez um trabalho silencioso, um banco de dados de todo mundo que frequentava o fluxo para conhecer a história de cada um, para saber o tratamento que cada um precisava para resolver o problema. A gente também cruzou com a base de dados criminal e 60% dos frequentadores do fluxo eram egressos do sistema prisional descumprindo medidas cautelares. Existia um interesse imobiliário por trás para desvalorizar imóveis, que depois eram comprados para operar negócios de fachada que beneficiavam apenas o crime organizado.

Além disso, a Favela do Moinho funcionava como um bunker do crime, um centro de distribuição de drogas. Assim, reforçamos o efetivo policial no centro, aumentamos as investigações, realizamos importantes prisões de líderes do crime organizado e conseguimos interceptar a droga antes que ela chegasse na rua. Ou seja, o centro de São Paulo deixou de ser um lugar atrativo para os criminosos.

Na outra ponta, implantamos uma nova abordagem de atendimento à dependência com o Hub de Cuidados, com diferentes serviços integrados para diferentes etapas de tratamento e de necessidades individuais das pessoas. Desde então, são cerca de 35 mil atendimentos, com 30 mil encaminhamentos para hospitais especializados e comunidades terapêuticas. Hoje, o estado conta com 52 casas terapêuticas, divididas em 13 complexos, além de 10 Espaços Prevenir."

E a discussão que houve sobre a Favela do Moinho?

"Falávamos que iríamos libertar aquelas pessoas que viviam em situação de risco e insegurança e é o que está acontecendo. A área vai ser transformada num parque urbano e na estação Bom Retiro da CPTM e quem vivia ali está ganhando dignidade, um teto seguro para morar.

Quase 700 famílias já deixaram a favela e, todas elas terão moradias definitivas. E para completar toda essa transformação, ainda temos pela frente a construção do novo centro administrativo do governo, que será erguido no Campos Elíseos, e que vai reunir todas as secretarias e autarquias, que hoje estão espalhadas em diversos prédios pela cidade, em um único complexo.

O leilão acontecerá agora em fevereiro de 2026 e veremos definitivamente o Centro de São Paulo cada vez mais pulsante. Além do fim da cracolândia, destaco também outros feitos no ano, como o a habitação, a saúde, o programa social SuperAção SP e o programa de intercâmbio Prontos Pro Mundo."

Este próximo é um ano de eleição. O sr. confirma que realmente tem a intenção de se reeleger, ou pode buscar a Presidência da República?

"Meu foco sempre esteve em São Paulo. Temos muita coisa para entregar para as pessoas ao longo dos próximos anos e quero fazer parte disso. Muitas moradias em construção para quem precisa, muitas obras importantes de infraestrutura que vão melhorar o dia a dia das pessoas, queremos ver cada vez mais alunos da rede pública vivenciando a experiência do intercâmbio, queremos ver o centro de São Paulo pulsando, com mais pessoas frequentando com segurança, queremos continuar fazendo a diferença para São Paulo avançar na direção certa."

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