23 de Maio de 2024 • 05:21
O STF deve decidir pela redução do alcance do foro especial, segundo Gilmar Mendes / Divulgação/Fotos Públicas
O Supremo Tribunal Federal deve decidir pela redução do alcance do foro especial, disse o ministro Gilmar Mendes na manhã desta terça-feira (24). Ele participou de debate promovido pela revista Veja, em São Paulo.
"Acho que irá cair o foro, mas haverá nuances. Casos referentes a crimes cometidos no mandato ficarão no STF", disse Gilmar.
A Constituição de 1988 estabeleceu que autoridades da administração pública têm tratamento diferenciado na Justiça. Casos referentes a essas pessoas são enviados para instâncias superiores. Segundo levantamento feito pela Folha, quase 59 mil pessoas se encontram nesta situação.
O debate deve ser retomado no STF no dia 2 de maio. Oito dos 11 ministros já votaram de forma favorável à restrição do alcance do foro para deputados e senadores.
Em evento cujo tema era a proliferação de notícias falsas, Gilmar disse que mesmo no Judiciário há algumas lendas a combater. Deu como exemplo a ideia de que o foro especial e a prisão apenas após o esgotamento de recursos em todas as fases da Justiça contribuem para a impunidade no país.
"Dizem que o grande problema é o trânsito em julgado. Isso num país em que apenas 8% dos homicídios são julgados. Deveríamos discutir mais a fundo essas questões, disse.
Em 2016, no STF, Gilmar votou favoravelmente pela execução da pena após condenação de segunda instância. O ministro mudou de posição nos últimos julgamentos na corte.
"Em 2016, dissemos que era razoável que a partir da condenação em segunda instância já se possa ocorrer a prisão. Mas o que pensamos como possibilidade virou um imperativo categórico. Então deveríamos analisar de forma crítica essas questões. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra."
Perguntado a respeito do caso do ex-presidente Lula, Gilmar avaliou que houve precipitação na prisão.
"Acho que não deveria ter havido a prisão antes do exaurimento do caso no TRF 4". Disse não concordar, porém, com a tese de que houve perseguição política contra Lula.
Gilmar também voltou a criticar o que chama de "alongadas prisões provisórias" em Curitiba, pela Operação Lavo Jato.
"Usar a prisão provisória para obter delação é um problema. Se é que não transformaram a prisão provisória numa espécie de tortura."
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