O deputado estadual Tenente Coimbra (PL) fez um balanço de seus mandatos ao Diário. / Isabella Fernandes/DL
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"Estamos nessa luta desde 2019. Aliás, minha frente parlamentar foi criada antes mesmo do projeto do governo federal", comentou o deputado estadual Tenente Coimbra (PL) sobre a aprovação do projeto das escolas cívico-militares, em que, em 2024, ele havia dito que o plano era instalar até 100 unidades até 2026.
Em entrevista ao Diário do Litoral, Coimbra fez um balanço sobre seus dois primeiros mandatos consecutivos no cargo, entre outros assuntos.
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Coimbra falou à reportagem sobre um projeto que bane os celulares nas escolas e declarou que os impactos podem ser sentidos ao longo dos próximos anos.
Além disso, ele mencionou o andamento do projeto em torno das novas carteirinhas de estudante, que prometem ser gratuitas e online.
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Sobre o retorno parcial do IML de Santos, Coimbra destacou que ainda tem um projeto que cria um espaço para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência.
O deputado também citou ter sido procurado pela prefeita de Mongaguá, Cristina Wiazowski (Progressistas), que o apresentou às necessidades da cidade em termos de efetivo policial e de estrutura.
Diário do Litoral: Como o senhor avalia esse período de dois mandatos seguidos? Como o senhor resume o primeiro e o segundo mandato?
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Tenente Coimbra: Olha, existe uma diferença muito grande entre os dois mandatos, pelo menos da minha parte. No primeiro, eu era um deputado de oposição. E ser oposição significa ter dificuldade para obter recursos do governo, viabilizar realizações e até mesmo ter acesso a determinadas pautas. Já no segundo mandato, atuando como deputado da base, o cenário é diferente. Mas quero destacar: nunca fui oposição apenas por ser oposição, nem situação apenas por conveniência. Sempre mantive uma postura de criticar quando necessário e de elogiar quando havia acertos.
A grande diferença é que, neste segundo mandato, a facilidade de dialogar sobre causas regionais é muito maior. No primeiro, conseguimos ajudar a Baixada Santista principalmente por meio das nossas emendas parlamentares — que, inclusive, eram metade do valor disponível hoje.
Ainda assim, foi possível apoiar as polícias militares, reabrir o centro bariátrico do SUS na região (já que, antes, quem precisava de cirurgia bariátrica tinha que ir até São Paulo), investir nas guardas municipais e destinar recursos hospitais. Mas tudo isso era feito via emenda.
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Agora, no segundo mandato, conseguimos avançar com realizações diretas do governo. Um exemplo é na área da segurança, que é minha principal área de atuação. Conseguimos dialogar e cobrar operações como a Verão Ampliada, a Impacto e a Escudo, reforçando o policiamento na Baixada.
Mantemos contato constante também sobre grandes projetos, como a ampliação do VLT e a construção do túnel submerso Santos–Guarujá. Ou seja, hoje conseguimos tratar de obras e projetos estruturantes que, no primeiro mandato, não tínhamos acesso para discutir diretamente com o governo.
Diário do Litoral: O senhor divulgou no ano passado a aprovação do projeto das escolas cívico-militares e disse na época que o plano era instalar 100 escolas até 2026. Como está isso, de forma geral, e, de forma específica, as unidades de Cubatão e de Itanhaém?
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Tenente Coimbra: Esse foi o meu grande projeto, que acabou sendo muito categorizado por conta do nosso nome. Estamos nessa luta desde 2019. Aliás, minha frente parlamentar foi criada antes mesmo do projeto do governo federal.
Naquele momento, tínhamos uma relação próxima e conseguimos implementar, já no primeiro mandato, algumas escolas na Baixada em parceria com o governo federal. Eram escolas municipais, porque o Estado de São Paulo ainda não havia aderido ao programa. Assim, coube aos municípios participarem. São Vicente e Guarujá aderiram, e tivemos duas escolas em São Vicente e uma em Guarujá. Infelizmente, o programa foi descontinuado.
O atual governo federal não deu continuidade. Por isso, em 2023, criamos um programa próprio. Participei da elaboração junto com o secretário Renato Feder. Essa lei, que começou a ser desenhada em 2020, foi estruturada em conjunto com o secretário Guilherme Derrite e o governador, permitindo a implementação inicial de 100 escolas cívico-militares, aproximadamente uma por diretoria regional de ensino. A adesão ao programa é voluntária, o diretor precisa manifestar interesse e, em seguida, ocorre uma votação interna. Se metade da comunidade escolar aprovar, e a instituição atender aos requisitos, a escola passa a integrar o programa.
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Na Baixada Santista, já temos três escolas cívico-militares: uma em Itanhaém, uma em Bertioga e outra em Cubatão. A expectativa é que, até 2026, possamos implementar de 30 a 50 novas unidades em todo o Estado. E, claro, meu sonho é trazer pelo menos mais duas para a Baixada Santista.
Diário do Litoral: Essas três que o senhor falou já estão em funcionamento?
Tenente Coimbra: Vamos começar agora no dia 8 de setembro. Infelizmente, tivemos vários casos de judicialização: tanto o sindicato dos professores quanto partidos de esquerda, como PT e PSOL, ingressaram com diversas ações. Eu estive pessoalmente no Supremo Tribunal Federal, participando de uma audiência pública sobre as escolas cívico-militares com o ministro Gilmar Mendes.Conseguimos derrubar uma dessas judicializações no STF, e todas as demais, no âmbito do Tribunal de Justiça de São Paulo, também foram rejeitadas. Mas, infelizmente, isso acabou prejudicando a celeridade do programa. Ele já deveria ter começado neste segundo semestre, porém houve um atraso de cerca de um mês em razão da contestação da contratação dos militares. Esse impasse já foi superado: a contratação está em andamento e, no dia 8 de setembro, o programa das escolas cívico-militares terá início de fato no estado de São Paulo, contemplando as 100 escolas já designadas.
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Diário do Litoral: De forma resumida, como elas vão funcionar e como elas podem, na visão do senhor, ter impacto positivo na formação dos estudantes?
Tenente Coimbra: A escola cívico-militar já existe há mais de 20 anos em diferentes modelos de gestão, mas passou a ter uma formatação unificada a partir de 2019. É importante destacar que ela não é a mesma coisa que um colégio militar, que possui regras e características próprias.
Onde foi implementada, a escola cívico-militar já apresenta resultados concretos: aumento médio de 20% na nota do IDEB, redução em 70% da evasão escolar, crescimento de 50% na quantidade de alunos estudando na série correta e aumento de 80% na percepção de segurança dentro do ambiente escolar. Esses ganhos já estão metrificados em pesquisas.
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O modelo é direcionado principalmente para escolas em áreas de maior vulnerabilidade - seja por notas baixas, localização ou histórico de ocorrências. No entanto, é um processo gradual, não uma solução imediata. O objetivo é criar, ao longo do tempo, uma cultura de disciplina em sala de aula e no ambiente escolar, algo que hoje é um dos grandes gargalos da educação brasileira, ao lado da falta de estrutura e da valorização dos professores.
Infelizmente, em muitas escolas, o aluno indisciplinado acaba virando referência, e se cria a ideia de que o estudante “pode tudo e não deve nada” - não deve respeito, não deve cuidado, não se sente pertencente à escola. Isso leva à depredação, vandalismo, até situações graves como tráfico de drogas dentro das salas, pichações com referência ao crime organizado e agressões a professores e colegas.
Nesse contexto, os militares presentes não substituem professores ou diretores, mas ajudam a garantir disciplina. Dentro da sala de aula, a autoridade continua sendo do professor, assim como a gestão segue sob responsabilidade da direção.
O papel do apoio militar é justamente coibir grandes indisciplinas, criando um ambiente de respeito, sem eliminar pequenas atitudes típicas da idade, como brincar, correr ou jogar papel. Na prática, a escola cívico-militar resgata valores que já existiam no passado, quando os alunos cantavam o hino nacional, entravam em fila, recebiam o professor de pé e cresciam aprendendo a respeitar tanto o ambiente quanto os educadores.
Essa disciplina permite aulas mais bem ministradas, maior aproveitamento e, consequentemente, melhores resultados. É isso que os números já comprovam e o que se espera ampliar ainda mais. A meta, a partir de 2026, é expandir esse modelo para cada vez mais escolas no estado de São Paulo.
Diário do Litoral: Ainda na área da educação, o projeto que baniu os celulares nas escolas foi uma iniciativa do senhor. Aprovada, implementada e que causou um rebuliço quando entrou em funcionamento. Quais os resultados dessa lei que já podem ser vistos?
Tenente Coimbra: Ainda não temos métricas concretas sobre o impacto disso, mas vamos perceber os efeitos ao longo dos próximos anos. Como se sabe, mudanças na educação não têm resultados imediatos. A escola cívico-militar, por exemplo, já existe há mais de 20 anos em diferentes formatos. É um senso comum que, sem o celular, o aluno presta mais atenção.
Em casos de emergência, seja de saúde ou familiar, ele poderá ficar com o aparelho, desde que comunicado previamente. Mas até nós, que já temos mais maturidade, percebemos que o celular distrai: muitas vezes estamos mexendo nele e não prestamos atenção no filme, na conversa ou na atividade em que estamos. Na sala de aula, se o aluno se distrai por olhar o celular, ele perde parte da lição e não consegue acompanhar o restante.
Essa é uma realidade: os celulares estão cada vez mais presentes, e sabemos o quanto podem prejudicar a educação. Não vejo, porém, isso como algo totalmente negativo. Os alunos podem resistir no início - eu mesmo, na minha época escolar, provavelmente teria resistido também -, mas acredito que haverá ganhos.
Eles terão melhor desempenho escolar e também mais oportunidades de interação interpessoal. Hoje, muitos alunos não conversam diretamente; ficam em grupos de WhatsApp ou isolados, sem dialogar. Com essas mudanças, terão chance de se comunicar de forma mais efetiva, pelo menos em momentos como os intervalos, e, principalmente, de prestar atenção nas aulas.
Diário do Litoral: E as carteirinhas de estudante gratuitas, deputado? Como está esse projeto? O documento teria validade no país também? Ele iria substituir ou concorrer com as carteirinhas atuais?
Tenente Coimbra: Nós temos uma lei federal que determina que apenas três órgãos podem regulamentar as carteirinhas de estudante. São esses três órgãos: a UBES, para o ensino médio; a UNE, para o ensino superior; e a ANPG, para a pós-graduação.
O fato é que essas três entidades, hoje, são muito mais politizadas do que focadas em trazer benefícios aos estudantes. Elas funcionam como instrumentos de manobra política, majoritariamente ligados a partidos de esquerda.
Seus presidentes, por exemplo, são assessores de deputados de esquerda, e essas entidades financiam manifestações contra governos de direita ou ações que enaltecem governos de esquerda — tudo isso custeado pela arrecadação das carteirinhas de estudantes, já que possuem a prerrogativa de emitir essas carteiras a nível nacional.
Como não podemos mudar a lei federal e nem interferir nas relações do Governo do Estado de São Paulo com outros estados, estamos propondo uma lei estadual, que está em discussão na Assembleia Legislativa. Essa lei prevê que, no Estado de São Paulo, a carteirinha estudantil seja gratuita e online, com vigência oficial. Na prática, isso significa que vamos quebrar o monopólio dessas três entidades.
Elas continuarão existindo, e o aluno que quiser poderá pagar a carteirinha física, que hoje custa cerca de R$45 mais frete. Mas, se ele preferir, terá a opção gratuita e online, via QR Code, oferecida pelo governo do Estado — especialmente para nossos alunos da rede pública, que não precisarão pagar nada. Em pleno 2025, ainda não há acesso a uma carteirinha online gratuita; os estudantes são obrigados a pagar por uma física, contribuindo para a arrecadação dessas entidades. A estimativa é que, juntas, elas arrecadem cerca de R$200 milhões por ano no Brasil — um recurso significativo que, atualmente, é direcionado principalmente para manifestações políticas.
Nosso objetivo é oferecer uma alternativa gratuita aos estudantes, garantindo o acesso democrático à carteirinha e, ao mesmo tempo, quebrando um monopólio que há muito perdeu sua finalidade. A proposta já foi discutida na Assembleia Legislativa e ainda passará por mais debates antes da votação. O presidente da Assembleia, André do Prado, se comprometeu a pautar a matéria, e, uma vez aprovada, teremos uma realidade mais justa e acessível para nossos estudantes.
Diário do Litoral: Usando como exemplo a Grande SP, a carteirinha atual substitui o Bilhete Único por lá. Como se daria essa integração com o novo modelo proposto pelo senhor?
Tenente Coimbra: A integração será fácil. A carteirinha poderá ser acessada via QR Code ou até mesmo em versão física, se necessário. Com certeza, isso não custará os R$45 que hoje se paga. Tudo que for regulamentado pelo governo do estado terá essa facilidade. Quanto ao que for regulamentado via município, certamente haverá diálogo entre o governo do estado e os municípios para viabilizar a integração. É importante destacar que não teremos abrangência fora do estado: quem tiver a carteirinha estadual não terá direito à meia-entrada em outros estados. Mas, dentro de São Paulo, a carteirinha terá validade para meia-entrada em todos os eventos e garantirá os benefícios que os estudantes têm hoje.
Diário do Litoral: O senhor anunciou recentemente o retorno integral do IML de Santos. Como está isso? E o que fazer para que esse equipamento tão fundamental continue funcionando e atendendo aos moradores?
Tenente Coimbra: Nós temos hoje um déficit muito grande de funcionários no IML, especialmente de auxiliares. Existe uma reestruturação em andamento na carreira da Polícia Civil e também da Polícia Técnico-Científica, que passará pela Assembleia Legislativa. Enquanto esse plano orgânico de carreira não for aprovado, novos concursos não poderão ser realizados, pois será preciso primeiro definir as funções e categorias de cada cargo.
Tivemos recentemente concurso para médicos legistas, mas a maior carência é de auxiliares, e isso tem levado muitas unidades da Polícia Técnico-Científica e dos IMLs a fechar. Na Baixada Santista, por exemplo, o problema não é mais a falta de médicos, mas principalmente de auxiliares de necrópsia. Atualmente, existem três IMLs na Baixada Santista: em Praia Grande, Santos e Guarujá. O de Guarujá funciona apenas por decisão judicial, com atendimento reduzido (duas vezes por semana, em horários muito curtos). Em Santos, após a reforma do prédio no bairro Estuário, o IML e a Técnico-Científica passaram a funcionar juntos.
Já Praia Grande também estava em reforma, mas, por falta de profissionais e por ter uma condição melhor, a centralização das necrópsias acabou acontecendo ali. É importante lembrar que a necrópsia representa cerca de 10% do funcionamento do IML. Já 80% do trabalho é corpo de delito, que exige rapidez para não prejudicar o trabalho dos peritos. Por isso, defendi junto ao Governo do Estado e à Secretaria de Segurança que a centralização das necrópsias não pode ficar apenas em Praia Grande. Santos, por estar no centro da Baixada Santista, atende melhor a população - de Bertioga a Peruíbe, o deslocamento até Santos é mais rápido e acessível.
Assim, Praia Grande continuará realizando autópsias de corpos em estado avançado de decomposição, mas Santos já retomou a partir do dia 18 a realização das demais necrópsias. A previsão é que, em curto prazo, os três IMLs da Baixada Santista - Praia Grande, Santos e Guarujá - voltem a funcionar plenamente.
Além disso, estamos tratando de duas soluções estruturais: aproveitamento de profissionais já formados, semelhante ao que acontece na Polícia Militar (DGEM) e na Polícia Civil (DGEC), por meio de decreto ou lei que será enviada à Assembleia; e contratação de temporários, nos moldes do que está sendo feito na Polícia Militar, mas voltado a técnicos.
Também sugeri à Secretaria de Segurança uma parceria com universidades do Guarujá, para que o IML local volte a funcionar integralmente para corpo de delito. Assim, médicos legistas poderiam contar com o apoio de estagiários, suprindo em parte a carência de auxiliares.
Nosso objetivo é garantir que, em pouco tempo, a Baixada Santista volte a ter os três IMLs ativos, oferecendo atendimento mais rápido, eficiente e humanizado à população.
Diário do Litoral: Ainda sobre IML, o senhor também tem um projeto que cria um espaço para atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência. Como seria esse espaço? Apenas o ambiente seria qualificado ou haveria alguma adaptação de recursos humanos, como capacitação e treinamento, por exemplo, até mesmo para o caso de uma criança precisar ficar sozinha enquanto a mãe for fazer algum exame, por exemplo.
Tenente Coimbra: A ideia é que possamos ter um espaço mais lúdico nos IMLs. Digo isso porque, por ofício, já precisei entrar em muitos deles e sei que alguns ainda têm condições precárias, estruturas antigas e ambientes pesados. Para uma criança que esteja ali - seja vítima de abuso, seja acompanhando um familiar que não poderia estar em casa - esse cenário pode ser extremamente impactante, para não dizer traumatizante. Se conseguirmos criar ambientes preparados para elas, será possível oferecer um momento em que a criança, mesmo diante de uma situação dolorosa, consiga se desligar, ainda que por instantes, do trauma ou da violência sofrida. Isso, aliado à capacitação dos profissionais que vão atendê-la e conversar com ela, pode tornar o processo menos doloroso e mais humano.
Esse projeto já é uma realidade em parte dos novos IMLs, como o de Santos, mas não está presente nos antigos, como o do Guarujá, por exemplo. Por isso, nosso projeto de lei prevê que todos os IMLs tenham a obrigatoriedade de criar esses espaços.
Para as unidades antigas, haverá um tempo hábil de adaptação. O objetivo é claro: garantir que a criança que precise estar no IML passe pelo processo da forma menos traumática possível. E acredito, inclusive, que isso pode até aumentar o número de denúncias e de exames realizados, porque dará às vítimas e suas famílias mais segurança e acolhimento nesse momento tão delicado.
Muitas mães acabam não fazendo ou seguindo com denúncias justamente por causa de não ter onde deixar o filho. O senhor acredita que essa novidade pode impactar de alguma forma?
Não conseguimos mensurar exatamente o impacto desses casos, mas é certo que haverá mais segurança e acolhimento. Não é nada de outro mundo: basta criar uma sala adequada, colocar brinquedos e treinar um profissional preparado para conversar com a criança. Essa conversa pode ser fundamental, até mesmo de forma informal. Muitas vezes, por exemplo, uma mulher agredida não quer denunciar o agressor, mas a criança, que presencia a situação, pode se sentir à vontade para falar. Isso pode trazer informações importantes para o caso. Tenho certeza de que essa medida representa um ganho para a criança, um ganho para o serviço prestado e, como você bem disse, um ganho também para as famílias, que terão mais tranquilidade ao levar seus filhos em um momento tão delicado.
Diário do Litoral: O senhor anunciou mais segurança para Mongaguá. O que está incluído no pacote e como isso vai ajudar a cidade? Como estão os projetos para a BS como um todo?
Tenente Coimbra: Recentemente fui procurado pela prefeita de Mongaguá, que me apresentou as necessidades da cidade em termos de efetivo policial e de estrutura. Levei essas demandas ao secretário Guilherme Derrite, com quem tenho uma grande amizade e diálogo próximo, e ele prontamente se comprometeu a atender.
As melhorias confirmadas são o aumento do efetivo da Polícia Militar: além do reforço temporário da Operação Verão, haverá aumento real de efetivo, contemplando os que saíram para a Polícia Civil e também novos concursados; reforço da Polícia Civil em Mongaguá: redistribuição de investigadores e delegados, ampliação da Delegacia da Mulher (DDM) e reabertura do 1º DP, que estava fechado por falta de efetivo; construção da base do Corpo de Bombeiros: Mongaguá é a única cidade da região sem uma base fixa, e já entrou na prioridade do governo para implantação; Muralha Paulista: implantação do sistema de monitoramento inteligente por câmeras, que a cidade ainda não possuía; equipamentos e viaturas para a Guarda Municipal: o governo estadual distribuirá viaturas, motos e equipamentos não letais, e Mongaguá foi incluída nesse pacote.
Eu brinquei que foi um “pacote muito amplo”, mas é verdade: essas medidas vão ajudar muito Mongaguá, especialmente diante da crescente criminalidade que migra do grande centro para o Litoral Sul - Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Vale do Ribeira. Nosso trabalho com o secretário tem sido constante.
Comunicamos de perto as ocorrências e conseguimos, por exemplo, a Operação Impacto 2 a pedido nosso, após a criminalidade voltar a crescer no pós-Operação Impacto 1. Também direcionamos quase R$3 milhões em emendas para a segurança da Baixada, com investimentos como quadriciclos para rondas nas praias, drones para a Polícia Militar, capas de coletes balísticos, viaturas para o Corpo de Bombeiros e diversos equipamentos.
Outra conquista importante foi a regulamentação do aproveitamento de policiais militares da reserva. A ideia, que surgiu de um projeto de lei meu, foi adotada pelo secretário via decreto: policiais da reserva passam a atuar em serviços administrativos, liberando os mais novos para as ruas. Isso otimiza o efetivo e valoriza a experiência dos veteranos. Por fim, destaco o avanço no projeto dos colégios militares exclusivos para filhos de policiais militares.
Diferentes das escolas cívico-militares abertas ao público, esses colégios terão prioridade para os filhos de PMs e parte das vagas abertas por concurso. A tendência é que sejam duas unidades no estado: uma na capital e outra em Santos — uma conquista importante obtida junto ao secretário Derrite.
O senhor tem um projeto de isenção de pedágio em um período de 20 minutos para quem tiver passado por determinada praça. Como está o andamento disso? Eu também vou pedir para o senhor explicar para o nosso leitor como isso iria funcionar.
O projeto já está em andamento, pronto para entrar na ordem do dia e ser votado. Temos cobrado urgência na sua tramitação. Na prática, a regulamentação será feita pela ARTESP, mas a nossa sugestão de funcionamento é simples: quando o motorista passar pelo mesmo pedágio no mesmo sentido ou no sistema bidirecional em até 20 minutos, ele terá isenção da segunda cobrança. Isso acontece porque, em alguns casos, a concessionária posiciona o retorno após o pedágio.
Ou seja, o motorista perde a entrada, precisa fazer o retorno e, por isso, acaba pagando duas vezes o mesmo pedágio. Nossa proposta corrige essa distorção. Para evitar fraudes, a isenção só valerá mediante comprovação — seja pelo ticket de pagamento, seja automaticamente pelo sistema eletrônico (TAG). Assim, se for constatado que o veículo passou novamente pelo mesmo pedágio ou sentido contrário em até 20 minutos, não haverá nova cobrança.
É importante destacar que a medida não poderá alterar contratos já existentes. Portanto, valerá apenas para novas concessões, que deverão prever essa regra em seus editais. Para as renovações de concessões, entretanto, se o governo do Estado negociar com a concessionária sim, mas não é possível, pôr força de lei, forçar isso.
O senhor fez uma visita, em junho, a uma UPA da Zona Leste e o senhor afirmou estar atuando com ações práticas na área da saúde. Gostaria que o senhor comentasse o que encontrou lá e o que a região pode esperar do senhor nessa área.
A UPA é um equipamento municipal, e nesse caso específico fomos solicitados por um vereador amigo nosso, da cidade de Santos, a reforçar a estrutura por meio de emendas parlamentares. Me coloquei à disposição para ajudar e direcionar recursos também para a área municipal. Normalmente, nossas emendas são destinadas a hospitais estaduais ou regionais, que atendem toda a Baixada Santista.
Por compromisso com a região, não costumamos enviar emendas diretamente para equipamentos municipais. No entanto, nessa visita conjunta com o vereador, entendemos a importância de apoiar a estrutura das UPAs e assumimos esse compromisso.
Vale lembrar que já destinamos recursos significativos para hospitais da região: recentemente, enviamos cerca de R$ 6 a R$ 7 milhões para a Santa Casa de Santos, além de aportes importantes para o Hospital Guilherme Álvaro. Isso porque, por obrigação legal, metade das nossas emendas precisa ser destinada à saúde — e temos priorizado a saúde aqui na Baixada Santista. Nesse caso específico, direcionamos também apoio para fortalecer a saúde municipal de Santos, ampliando nossa contribuição para toda a rede de atendimento.
Diário do Litoral: Ao longo dos dois mandatos consecutivos, além do que citamos aqui, o que mais o senhor gostaria de destacar entre as conquistas para a BS?
Tenente Coimbra: A nossa luta constante tem sido pelo TIC, o Trem Intercidades, que considero extremamente urgente para a Baixada Santista. Defendo que possamos pensar até em trajetos alternativos, já que a Serra da Cremalheira é muito íngreme. Uma alternativa, por exemplo, seria um percurso vindo por Itanhaém, se conectando ao VLT. E, se Deus quiser, com a expansão do VLT passando por Praia Grande e São Vicente - chegando à quarta fase, que já está em estudo, estendendo até Praia Grande.
Hoje, pela facilidade de diálogo que temos com o governo do Estado, conseguimos colocar essas pautas na mesa e cobrar obras que são de responsabilidade do Executivo. Isso já tem acontecido em várias frentes: no túnel, na duplicação da Curva do S, no atraso das obras do VLT - sobre o qual cobramos bastante, inclusive em relação a um aditivo feito pelo governo do Estado -, na questão dos pedágios, no próprio TIC, na saúde e em várias outras áreas.
Acredito que essa capacidade de colocar as demandas da Baixada em discussão e trazer obras estruturantes para a região é o grande feito do nosso segundo mandato. Isso se soma, claro, a todos os recursos e projetos que temos implementado em toda a Baixada Santista.
O mais importante é que, hoje, em qualquer pasta do governo do Estado, a Baixada Santista aparece como prioridade. Seja em habitação, segurança ou saúde, a nossa região está no centro das atenções. E isso é resultado direto da pressão que fazemos nos bastidores e da força da nossa representação.
Diário do Litoral: Há muito tempo a nossa região espera uma ligação seca entre Santos e Guarujá. O senhor avalia que, dessa vez, esse projeto vai sair do papel?
Tenente Coimbra: Temos um fato gerador muito importante: o governador Tarcísio. Quando foi ministro da Infraestrutura, responsável, inclusive, pelo Porto de Santos, ele conseguiu transformar a Autoridade Portuária. Enquanto hoje registra cerca de R$ 500 milhões de prejuízo por ano, na gestão dele havia um superávit de R$ 500 milhões. Só para termos uma ideia, esse valor, acumulado em três anos, é praticamente o que está sendo investido pelo governo federal no túnel. Ou seja, o que será aplicado nessa obra é equivalente ao que ele economizou quando esteve à frente do ministério.
O projeto do túnel é, em grande parte, uma marca pessoal do Tarcísio. No passado, o governo federal defendia a construção de uma ponte. Foi o então ministro Tarcísio quem disse que a melhor solução seria o túnel. Ele ajudou a reajustar o projeto, buscou as melhores condições técnicas e, como governador, reafirmou que faria o aporte necessário. Claro, a participação do Governo Federal, assumindo metade dos custos, é muito bem-vinda.
Mas é importante destacar: essa é uma obra que já seria realizada pelo Estado de São Paulo, mesmo que tivesse que ser tocada sozinho. Tenho certeza de que será um dos grandes marcos do mandato do governador. Tarcísio é um homem de palavra, mas, acima disso, é um realizador. Ele faz obras grandiosas e impactantes. Não tenho dúvidas de que, ainda que não dê tempo de entregar o túnel integralmente, ele será iniciado antes da campanha de 2026. E só esse início já vai representar um divisor de águas para a história da Baixada Santista.
Diário do Litoral: Temos pela frente pouco menos de um ano e meio de mandato. O que a população pode esperar de agora para frente e quais serão as prioridades?
Tenente Coimbra: Podem esperar de mim a mesma postura do primeiro mandato: uma pessoa que não se dobra, que não se curva e que não fica em cima do muro. Sei que alguns podem não gostar do meu posicionamento, mas prefiro isso do que ser aquele político antigo que tentava agradar os dois lados. Eu tenho convicção nos meus pensamentos e naquilo que acredito ser o melhor para o Brasil, para o Estado e para a nossa região. Podem continuar contando com alguém que se posiciona, que luta e que briga pelo que acredita. Tenho trabalhado para trazer recursos importantes para a nossa região, dialogando sobre projetos relevantes, sendo base porque acredito na atual gestão e no governador, mas também sem deixar de cobrar quando vejo algo errado. Nossa luta continua. Neste último ano de mandato, se Deus quiser, vamos entregar ainda mais: projetos, emendas e resultados. Seguiremos firmes, com coragem e responsabilidade, cobrando sempre aquilo que acreditamos ser o melhor para a população.