Política
Ao entregar 1,5 mil casas do programa Minha Casa, Minha Vida, a presidente ouviu ovações, assovios, gritos pelo seu nome e distribuiu beijos e abraços
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No dia em que as pesquisas mostraram a queda abrupta da aprovação do seu governo, a presidente Dilma Rousseff pôde aproveitar um momento de aparente popularidade em uma cerimônia organizada para não criar nenhum constrangimento a ela. Ao entregar 1,5 mil casas do programa Minha Casa, Minha Vida, a presidente ouviu ovações, assovios, gritos pelo seu nome e distribuiu beijos e abraços para uma plateia formada principalmente por pessoas ligadas ao PT, à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e beneficiários do programa.
Os únicos contrários ficaram do lado de fora da festa. A quase um quilômetro do palanque algumas dezenas de manifestantes, de sindicatos e do movimento pelo Passe Livre do Paraná, faziam o seu protesto, mas não conseguiram passar pelo rígido controle de segurança imposto pela Presidência e nem sequer foram vistos por Dilma, que entrou pelo outro lado.
A presidente chegou a Ponta Grossa (114 km de Curitiba) pouco antes do meio-dia. De acordo com assessores, não tinha visto ainda a pesquisa que registra a queda da aprovação do governo de 54% para 31% e sua rejeição como candidata à reeleição subir para 44%, a maior entre todos os possíveis presidenciáveis. Aparentemente bem-humorada, Dilma entregou uma das casas, mobiliada, para o casal Marlene e João Odair da Silva, que no ano passado perdeu a casa em uma tempestade. Antes de subir ao palco, Dilma fugiu do protocolo e foi abraçar alguns dos demais beneficiários do programa, distribuiu beijos e afagos.
Ao elogiar a entrega do "lar" para quase 1,5 mil famílias em quatro conjuntos residenciais em Ponta Grossa, Dilma aproveitou para fustigar os governos anteriores. "Temos que fazer um grande esforço porque durante mais de 30 anos não se investiu em habitação popular. Se me perguntarem por que eu direi que é porque a conta não fechava, porque queriam que as pessoas comprassem uma casa de R$ 40 mil, R$ 50 mil, com uma renda de um ou dois salários mínimos", afirmou. "O meu governo sabe que aquilo que arrecada tem que ser devolvido para a população que mais precisa".
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Em um período de baixa depois do início dos protestos, a presidente também fez questão de afagar os movimentos sociais, com quem retomou há pouco tempo uma interlocução pessoal, antes relegada à Secretaria Geral da Presidência. Ao cumprimentar representantes de movimentos pela moradia, Dilma acrescentou. "Nós vivemos em um País especial, onde conversamos e temos diálogo com os movimentos sociais".
A presidente falou por mais de meia hora, em um discurso em que aproveitou para defender os programas sociais de seu governo, como o próprio Minha Casa, Minha Vida - "um dos melhores programas que fizemos" e do qual o governo "não vai abrir mão" - e o Bolsa Família. "Nós promovemos várias políticas sociais. Uma delas que nós manteremos, enquanto for necessário, é o Bolsa Família, que garante uma renda mínima para a população mais pobre no nosso País", garantiu.
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Dilma fez questão de lembrar aos presentes os pactos que propôs aos governadores e prefeitos depois do início das manifestações nas ruas, há cerca de três semanas. "Eu fiz um pacto pela ética na política, por valores republicanos, pela garantia de que o dinheiro público não se desvie de nenhuma outra finalidade que não seja servir a população", afirmou. "Eu fiz um pacto para garantir que vai ter médico neste país e que vai ter saúde de qualidade e infraestrutura adequada. Sobretudo, eu fiz um outro pacto: eu fiz um pacto pela qualidade, também, do transporte urbano neste País".
Ao terminar o discurso, além das palmas e assovios, a presidente pode ouvir os gritos de "Dilma, Dilma", e outro, mais revelador da plateia que a assistia: "Com o PT é assim que se faz", dizia parte da claque levada por prefeitos.
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