Política

Dilma quer reunião com prefeitos para examinar planilhas do transporte urbano

A presidente afirmou que alguns veículos de transporte público, de má qualidade, tratam os passageiros como "sardinha"

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 17/07/2013 às 19:59

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Em mais um esforço para responder ao barulho da "voz das ruas", a presidente Dilma Rousseff decidiu fazer reunião com governadores, prefeitos, secretários de Transporte e prestadores de serviço para discutir a planilha de cálculo das tarifas de ônibus. Ao discursar em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a presidente afirmou que alguns veículos de transporte público, de má qualidade, tratam os passageiros como "sardinha".

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Dilma disse que o governo estava "tão preocupado" com o transporte urbano que decidiu desonerar a folha das empresas de transporte e reduzir o PIS/Cofins antes mesmo das manifestações. "Isso contribuiu para uma redução de 7,23% das tarifas, o que permitiu uma redução dos atritos por transporte de má qualidade, extremamente apertados, como sardinha, e com uma frequência não tão adequada em várias partes do nosso País", disse Dilma.

Segundo a reportagem apurou, a reunião deverá ocorrer na semana que vem - Dilma viaja nesta quinta-feira, 18, para Fortaleza, onde participa de cerimônias de inauguração de estações de metrô e de formação de alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec); na sexta-feira, 19, se reúne com representantes do movimento negro no Palácio do Planalto; na segunda-feira, 22, cumpre agenda no Rio de Janeiro por conta da visita do papa Francisco.

"Estamos convocando uma reunião ampla, uma reunião com todos aqueles, os prefeitos, os governadores, os movimentos sociais, a Frente Nacional de Prefeitos, o Fórum Nacional de Secretários de Transporte, setores da academia, prestadores de serviço de transporte, trabalhadores do setor, enfim, uma ampla reunião, e na pauta dessa reunião está a planilha de cálculo das tarifas", antecipou Dilma.

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Dilma Rousseff quer examinar planilhas do transporte urbano (Foto: Divulgação)

Numa demonstração de que o governo está tentando afinar o discurso, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que qualquer ato que o governo venha a fazer em relação ao transporte urbano tem que vir acompanhado de redução de gastos em outra área. Ao ser questionado se o corte que será feito no orçamento é importante para a credibilidade da economia, Mantega respondeu que a presidente Dilma Rousseff estabeleceu cinco pontos e um deles é a estabilidade fiscal.

"Portanto, os atos que venhamos a fazer, inclusive para melhorar a mobilidade urbana, têm que vir acompanhados de redução de gastos em outras áreas. Ou seja, a manutenção do quadro fiscal sólido que nós temos hoje no País", afirmou o ministro antes de uma reunião, nesta quarta-feira, com a presidente, na qual será discutido o contingenciamento no orçamento deste ano.

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Mantega disse que esse trabalho de manutenção do quadro fiscal é o que tem sido feito pelo governo, inclusive com Estados e municípios. "Cada um tem que fazer a sua parte. A União tem que fazer sua parte fiscal, e faremos, e Estados e municípios têm que fazer a sua parte."

A mobilidade urbana integra um dos pactos lançados pela presidente em reunião com governadores e prefeitos, no mês passado, como forma de responder às reivindicações dos protestos Na ocasião, a presidente anunciou que o Planalto estaria disposto a colocar mais R$ 50 bilhões para novos investimentos em obras de mobilidade urbana.

Para a presidente, a questão urbana não foi uma "questão menor" que desencadeou as manifestações de junho. "Foi uma questão muito importante. Por isso nós fizemos esses investimentos e estamos dispostos a ajudar os estados e os municípios a fazer mais. Temos condição de salvar as cidades médias, dessas que crescem de forma acelerada, porque, agora, nas grandes cidades do país são necessários dois processos: um processo emergencial para conter o caos e um processo de planejamento para estruturar uma cidade de forma adequada", disse a presidente.

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Em um momento franco, a presidente reconheceu que o Brasil é um país pobre de investimento na área de mobilidade urbana. "Num país pobre como o nosso, entre parênteses pobre, porque não foi investido suficiente, nos últimos anos, nesta área. Nós somos pobres nesta área, e não foi investido, primeiro, por conta da crise da dívida e, segundo, porque não foi investido", disse Dilma.

"Para vocês terem uma ideia, numa cidade com a população de São Paulo, houve um processo de discussão, no passado, em que se dizia que o Brasil não merecia ter metrô porque metrô era coisa para país desenvolvido. Agora, como ter uma cidade com 20 milhões de habitantes sem transporte subterrâneo? Como é possível sem que isso leve a uma desarticulação integral da cidade?", questionou.

Circulação

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Na avaliação de Dilma, embora o espaço urbano seja "extremamente desigual", todos são impactados pelo trânsito. "Esse processo de alimentar a desigualdade e não dar soluções a ela acaba atingindo a toda a população, mesmo aqueles que têm uma renda maior, porque são impactados por um trânsito absurdo e infernal, porque o trânsito na cidade é como a circulação do sangue nos nossos organismos", comparou.

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