Política
Em entrevista exclusiva, prefeito faz balanço de 2025, detalha o aperto fiscal e projeta entregas estruturantes que devem marcar São Vicente em 2026
'Meu compromisso sempre foi entregar uma cidade muito melhor do que aquela que recebi', garante Kayo Amado / Renan Lousada/DL
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O prefeito de São Vicente, Kayo Amado, encerra 2025 destacando que o ano foi marcado pela consolidação de políticas públicas iniciadas no início da gestão, em meio a um dos cenários fiscais mais desafiadores da história recente dos municípios brasileiros.
Para ele, o período simboliza uma “colheita”, mas também expõe limites estruturais que extrapolam a capacidade financeira das cidades mais pobres do País.
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“O desafio financeiro virou uma questão de sobrevivência. A despesa pública não cabe dentro da nossa receita, e isso não é exclusivo de São Vicente. Os municípios mais pobres estão sufocados”, afirma.
O principal destaque do ano, segundo o prefeito, foi a formatura inédita de mais de 3,4 mil alunos do 5º ano da rede municipal, celebrada em um evento que marcou a transição do Ensino Fundamental I para o II. Para Kayo, o ato vai além da cerimônia e representa um recado direto às crianças e às famílias.
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“Se a gente não celebrar essas conquistas, como vamos virar essa chave? Essas crianças precisam saber que podem chegar onde sonham. A educação tem um poder transformador”, enfatiza.
Ele lembra que São Vicente ainda registra índices muito abaixo da média nacional em formação superior. “O Brasil tem cerca de 20% da população com diploma universitário. Em São Vicente, esse número é de apenas 5%. É por isso que investir na criança não é discurso, é estratégia de futuro.”
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Kayo classifica 2025 como o ano em que a crise financeira se tornou insustentável. A queda nos repasses federais e estaduais, iniciada em 2023, agravou déficits e exigiu medidas severas de contenção.
“Não existe um único ano da minha gestão em que não tenhamos feito decreto de corte de gastos. O problema é que herdamos um passivo gigantesco e, ao mesmo tempo, as receitas caíram”, explica.
Segundo o prefeito, São Vicente está entre os municípios com menor capacidade de arrecadação do País, apesar de figurar entre os mais populosos.
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“Somos o 83º município em população no Brasil, mas estamos na posição 4.822 em renda per capita. Um terço da nossa população está no CadÚnico. O Estado e a União não nos repassam o que é necessário para custear esse serviço público”.
Na saúde, onde 81% da população depende do SUS, o prefeito afirma que o maior entrave segue sendo o custeio dos serviços. Apesar do aumento no repasse mensal da Maternidade, de R$ 500 mil para R$ 1,5 milhão, ele considera o valor insuficiente.
“Executamos serviços que são de responsabilidade do Estado e da União, mas não recebemos por isso. Só no Ministério da Saúde temos cerca de R$ 10 milhões por ano a receber, e esse dinheiro não chega”, critica.
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Mesmo diante desse cenário, Kayo destaca avanços estruturais. “Demos fim ao Crei, que simbolizava um atendimento indigno, e estamos construindo nossa primeira UPA Central 24 horas. Também estamos erguendo um Complexo Materno Infantil com mais de 90 leitos, numa parceria histórica com a Fundação Lusíada.”
Ele ressalta ainda que a cidade possui 26 UBSs, das quais 18 já foram reformadas. “Em breve, 100% das unidades terão passado por uma transformação completa.”
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Na educação, o prefeito reforça que a prioridade foi garantir dignidade e permanência dos alunos na escola. “Para a criança, nada pode faltar. Escola não é só parede pintada, é acolhimento, é alimentação digna, é um ambiente seguro para aprender.”
Mesmo com o atraso na entrega dos uniformes, causado por problemas licitatórios, Kayo afirma que a política foi mantida. “Conseguimos entregar todos os kits. É uma política pública tão importante que nenhum prefeito vai ter coragem de acabar.”
Os resultados aparecem nos indicadores. “Saímos da última posição para a 6ª no Ideb da região. Hoje estamos entre os cinco municípios com melhor alfabetização da Baixada. Isso é fruto da transformação das escolas e da ampliação do ensino integral.”
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Em 2025, São Vicente liderou o aumento de vagas em tempo integral na região, com 1.043 novas vagas.
O prefeito destaca 2025 como o ano da consolidação da integração dos ônibus municipais com o VLT, um projeto planejado desde 2021. “Foi uma semente que plantamos lá atrás e que finalmente virou realidade”.
As obras de expansão do VLT para a Área Continental seguem em andamento. “É um processo complexo, mas necessário. Essa é uma das grandes entregas da década e vai mudar a vida das pessoas”.
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Outro destaque é a revitalização da ciclovia da Avenida Tupiniquins. “É uma obra metropolitana que conecta São Vicente a Praia Grande e garante mais segurança para quem se desloca diariamente”.
Na área social, Kayo reconhece a limitação de recursos, mas celebra a inclusão do município no Programa SuperAção, do Governo do Estado.
“Conseguimos uma articulação muito positiva com o governador Tarcísio. São mais de 2 mil famílias que terão acompanhamento, capacitação e a chance real de sair da pobreza”, afirma.
O prefeito afirma que São Vicente vive uma retomada do eixo centro-praia. “Voltamos a investir nos nossos cartões-postais. Quando a cidade fica bonita, a economia responde.”
Entre as entregas estão o Boulevard Martim Afonso, o Parque da Juventude, o Píer dos Apaixonados e o Píer do Pelé. Ele destaca ainda a criação das Zonas Especiais de Turismo (ZETs).
“Já vemos novos comércios chegando e investidores dialogando com a cidade. É emprego sendo gerado e qualidade de vida melhorando.”
Para a temporada 2025-2026, o prefeito promete um verão ativo e seguro. “Teremos o maior efetivo policial da nossa história nas praias. Queremos que o vicentino e o turista curtam com tranquilidade.”
A programação inclui arenas esportivas, atividades culturais e o retorno do tradicional trenzinho. “Todo mundo tem uma foto nesse trenzinho. Ele traz memória, nostalgia e felicidade. É isso que queremos para São Vicente.”
Avaliação, legado e futuro
Ao avaliar a gestão, Kayo cita conquistas simbólicas e estruturais. “Reduzimos a taxa de gravidez na adolescência para menos de 10%. Isso mostra que nossas políticas preventivas funcionam.”
Para 2026, o prefeito projeta um ano de entregas. “Vamos inaugurar o Complexo Materno Infantil, a UPA Central 24h, novas escolas reformadas e, finalmente, a Rodoviária.”
Sobre o legado, é direto: “Quero ser lembrado como um prefeito corajoso, que enfrentou quem fosse necessário para defender São Vicente. Meu compromisso sempre foi entregar uma cidade muito melhor do que aquela que recebi.”