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O Programa do Ratinho, do SBT, com a presidente Dilma Rousseff que foi ao ar na noite desta segunda-feira (7), trouxe Dilma falando sobre questões importantes para o País, como o investimento em ferrovias e obras da Copa do Mundo, mas também sobre a vida no Palácio da Alvorada, comida, leitura e a rotina no cargo. Ela aproveitou para dizer que antes de se preocupar com a reeleição, se preocupa com o mandato como presidente, o que classificou como uma "vantagem" em relação aos demais. "Eu tenho uma vantagem na vida em relação a qualquer outra pessoa, eu sou a presidente. Antes de eu ser candidata, eu sou presidente até o dia 31 de dezembro de 2014", disse Dilma, ao ser questionada por Ratinho se era candidata à reeleição.
Segundo Dilma, as outras pessoas que desejam chegar ao cargo "estão no direito delas e elas fazem campanha". "Eu sou a única pessoa desse País que exerço a presidência. Antes de querer ser reeleita tenho que querer exercer a minha presidência até o dia 31 ", disse Dilma. "E com aquela garra e aquela exigência que eu tenho de impor para mim mesma. Que nós façamos o melhor trabalho possível, que nós tentamos errar o menos possível, que nós não olhemos para nós mesmos e tenhamos cumplicidade conosco de achar que não é necessário fazer o melhor", completou a presidente.
Com os intervalos comerciais, a entrevista com a presidente durou mais de uma hora na televisão. Entre os assuntos, Dilma comentou as manifestações de junho, dizendo que o governo teve uma atitude de ouvir as ruas. "Dificilmente sem as manifestações de junho nós teríamos conseguido os royalties para a educação", reiterou, reforçando o que já vem dizendo em seus discursos oficias. Ela classificou como um "erro" o País não ter investido em ferrovias no passado e afirmou que o governo atual faz um "grande esforço" para implementar as ferrovias no Brasil. "Nós não temos trem no Brasil por um erro, talvez um dos maiores entre outros que nós cometemos", disse.
Sobre o Mais Médicos, Dilma reconheceu que o programa "não resolve toda a questão da saúde", mas disse ter esperança de que a iniciativa "melhore substancialmente" o atendimento pelo SUS. A presidente explicou ainda que todo o orçamento da União gasto para a Copa do Mundo é investido em obras de mobilidade, que ficarão de herança para o País depois do evento.
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Dilma afirmou durante a entrevista que há um problema de gestão "generalizado no setor público brasileiro", quando Ratinho comentou que há prefeituras que recebem verba para educação, mas não sabem gerir o recurso. "Tem um problema de gestão. Tem sim. Nós sempre vamos ter que melhorar a gestão dos recursos públicos", comentou Dilma. "Gastar bem é tão importante quanto ter dinheiro", disse a presidente. "Vou te dizer com sinceridade, eu não acho que sobra dinheiro na educação", completou.
Espionagem e Obama
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Dilma relatou a conversa com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e afirmou que disse a ele o mesmo de seu discurso na ONU. "O Brasil queria, primeiro, desculpas pelo que tinha acontecido. E, segundo, queria o compromisso de que não se repetiria. Como ele não se sentiu em condições de garantir isto, eu disse a ele que eu não tinha condições políticas para fazer uma visita de chefe de Estado aos Estados Unidos. Que eu não tinha condições, porque as condições não estavam dadas, não tinham sido criadas por ele", contou Dilma, que afirmou que "não é uma questão pessoal". "Não estou nem brava, nem mansa", disse. "O que eu falei na ONU tinha falado para ele, da mesma forma", disse Dilma.
"O que é muito desagradável nessa história toda é que você vê quem vaza essa notícia? Um rapaz que não tem mais de 25, 26 anos, que estava empregado numa empresa terceirizada na área de inteligência há quantos meses? Dizem que há quatro, cinco meses", disse Dilma. "Como é que uma pessoa dessas consegue todos esses dados de tantos Estados?", questionou. A presidente afirmou que não tem uma questão pessoal nessa conversa, "apesar de os Estados Unidos terem feito espionagem sobre a minha relação com meus assessores ao que consta", criticou. "Que história é essa de ficar sondando?"
Vida de presidente
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Em rede nacional, Dilma confessou que já entrou "umas duas vezes" na piscina do Palácio da Alvorada e disse que sente falta de andar na rua e ir ao cinema. "Às vezes eu negocio, outro dia eu negociei e falei para o general chefe da minha segurança: general, vamos andar na praça da Liberdade? Lá em Belo Horizonte " "Dá para fazer sempre subitamente, mas você incomoda. No cinema, você senta e eles (seguranças) te cercam", disse Dilma. "Que adianta eu andar cercada de gente por todos os lados? Só fugindo. Às vezes eu fujo", disse Dilma, que confessou ficar muito isolada na Alvorada.
"Não digo que eu sou perfeccionista, mas eu sou exigente", respondeu Dilma, ao ser questionada sobre o assunto. "Você tem de exigir o melhor de você, ter meta, tem de cumprir a meta, e quando não cumprir, lamentar bastante, querer saber por que não cumpriu", completou. "Acho até que eu tenho de me esforçar para ser mais um pouco (exigente)."
Dilma contou que não consegue dormir quando chega do trabalho sem ler ou ouvir música. "Quando eu não tinha livro, lia até bula de remédio. Foi em outra circunstância da minha vida que eu não tinha livro e lia qualquer coisa", contou Dilma, que citou o filme Fahrenheit 451, do diretor François Truffaut, ficção que apresenta um futuro onde os livros são proibidos. "Tenho por livro uma verdadeira adoração."
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A presidente também falou sobre o programa Minha Casa, Minha Vida e disse que o que a emociona na presidência "é quando você vê que transforma a vida de alguém".
O programa do Ratinho já havia recebido presidenciáveis no quadro Dois Dedos de Prosa, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), além da ex-senadora e parte da chapa de Campos, Marina Silva. Depois das manifestações de junho, Dilma adotou uma nova política de comunicação, concedendo entrevistas a rádios locais das cidades que visita e com a retomada da sua conta no twitter.
No Ratinho, ela mostrou partes do Palácio da Alvorada, como a capela e, entre outros assuntos pessoais, contou que gosta de comer "mexidão" e que não deixa o neto, Gabriel, pegar itens do Palácio da Alvorada dizendo "não pega nisso, que é do povo brasileiro". "Ele vai ficar querendo saber quem é esse povo brasileiro", brincou Dilma.
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