Licença marca um novo capítulo na corrida por petróleo no Norte do país, em uma das áreas mais sensíveis do planeta. / Embratur/Portal da Copa
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Após anos de negociações, a Petrobras recebeu nesta segunda-feira a licença do órgão ambiental federal (Ibama) para perfurar um poço na Bacia da Foz do Amazonas, em águas profundas do Amapá.
O interesse da empresa está no possível potencial de reservas de petróleo e gás. A decisão foi anunciada pouco antes da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, o que motivou protestos de ambientalistas e ativistas, que alertam para os riscos da exploração de petróleo na região.
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Em nota à imprensa, a companhia informou que a perfuração deve começar o mais rápido possível, com duração estimada de cinco meses. Segundo a Petrobras, estão sendo realizadas análises para obter mais informações geológicas e avaliar se há petróleo e gás na área em escala economicamente viável.
Veja também, ONGs criticam COP30 no Brasil em meio a pressão por petróleo na Foz Amazonas
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O setor petrolífero tem grandes expectativas em relação à possível descoberta de reservas significativas de petróleo e gás na Foz do Amazonas, devido às semelhanças geológicas com as áreas exploradas no Suriname e na Guiana.
A licença concedida pelo Ibama autoriza a perfuração e a pesquisa, permitindo à empresa analisar se realmente há potencial de produção. Caso a presença de petróleo seja confirmada, será necessária uma nova licença para iniciar a extração.
Em defesa da exploração, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o Brasil “não pode abrir mão de conhecer seu potencial”, destacando a importância de uma exploração responsável.
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“Fizemos uma defesa firme e técnica para garantir que a exploração seja feita com total responsabilidade ambiental, dentro dos mais altos padrões internacionais, e com benefícios concretos para brasileiras e brasileiros”, declarou o ministro em nota.
Além do ministro, o líder do governo no Congresso e senador pelo Amapá, Randolfe Rodrigues (PT), também demonstrou apoio à decisão do Ibama onde afirmou, nas redes sociais, que “hoje é um dia histórico para o Amapá e para a transição energética em nosso país”.
A proximidade da área de exploração com a floresta amazônica, uma das regiões mais biodiversas do planeta, tem gerado alertas e críticas de especialistas e ambientalistas. O bloco FZA-M-059, para o qual a Petrobras obteve licença, está localizado a aproximadamente 500 km da foz do Rio Amazonas e a 175 km da costa, em uma área de mar aberto.
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Entre as principais preocupações está o impacto ambiental que um eventual vazamento de óleo poderia causar. A pedido do Ibama, a Petrobras instalou uma base de resgate de fauna em Oiapoque, voltada ao salvamento de animais em caso de acidentes.
No entanto, embora o tempo de resposta seja essencial para o resgate da fauna marinha, ecossistemas sensíveis, como corais e manguezais, únicos na região, dificilmente seriam preservados diante de um desastre ambiental.
Os manguezais localizados ao longo da costa do Amapá, Pará e Maranhão representam cerca de 80% de todos os mangues do Brasil, ocupando uma área superior a 8 mil km². Essa região abriga o maior cinturão contínuo de manguezais do mundo, estendendo-se entre os litorais paraense e maranhense.
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Outro ponto de preocupação são os recifes de corais, que se estendem por cerca de 1.350 km, desde o Amapá até a região central do Maranhão, situados entre 150 e 200 km da costa.
Especialistas alertam que esses recifes foram descobertos há pouco tempo e ainda são pouco estudados. Por isso, a exploração de petróleo na região representa uma ameaça concreta a um ecossistema ainda pouco conhecido e de valor inestimável para a biodiversidade marinha amazônica.
O canal Manual do Brasil produziu um vídeo há dois anos abordando sobre o impacto que a exploração da Foz do Amazonas pode ocasionar nos ecossistemas, confira abaixo!
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