O Olire, indicado para obesidade, será vendido em embalagens com uma caneta (R$ 307,26) ou três unidades (R$ 760,61). / Divulgação/EMS
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Pela primeira vez, o Brasil passa a contar com uma caneta injetável nacional para o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. A EMS, maior farmacêutica brasileira, lançou nesta segunda-feira (4) os medicamentos Olire e Lirux, ambos à base de liraglutida, marcando a estreia do país na disputa por um dos mercados mais promissores da indústria farmacêutica global.
A chegada dos produtos representa um passo inédito para o setor: até então, o mercado de análogos de GLP-1, usados no controle de peso, glicemia e risco cardiovascular, era dominado pelas gigantes internacionais Novo Nordisk (Ozempic e Wegovy) e Eli Lilly (Mounjaro e Zepbound). Com produção 100% nacional, a EMS entra na disputa apostando em preço competitivo e capacidade produtiva local.
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O Olire, indicado para obesidade, será vendido em embalagens com uma caneta (R$ 307,26) ou três unidades (R$ 760,61). Já o Lirux, voltado ao tratamento de diabetes tipo 2, terá versões com uma ou duas canetas, com a embalagem dupla custando R$ 507,07.
Ao todo, 150 mil unidades estão sendo distribuídas inicialmente nas regiões Sul e Sudeste. A farmacêutica planeja alcançar meio milhão de canetas até agosto de 2026, com expansão gradual para outras regiões do país ainda nas próximas semanas.
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Apesar de ser considerada uma geração anterior à semaglutida, princípio ativo dos famosos Ozempic e Wegovy, a liraglutida continua sendo eficaz e amplamente prescrita. O diferencial da EMS está na produção local, que permite maior estabilidade no fornecimento e redução de custos, fatores críticos em um mercado em rápida expansão.
Atualmente, o mercado brasileiro de medicamentos análogos ao GLP-1 movimenta mais de R$ 6 bilhões ao ano. No cenário global, as estimativas apontam para uma indústria que pode ultrapassar os US$ 150 bilhões até 2030, impulsionada pela crescente demanda por soluções no combate à obesidade, considerada uma epidemia mundial.
Para entrar com força nesse setor, a EMS investiu mais de R$ 1 bilhão na construção da primeira fábrica de peptídeos do Brasil, localizada em Hortolândia (SP). A planta, inaugurada no ano passado, tem capacidade inicial para produzir 20 milhões de canetas por ano, com possibilidade de expansão para 40 milhões. A produção utiliza tecnologia de síntese química compatível com os padrões da FDA, agência reguladora dos Estados Unidos.
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A EMS já prepara sua próxima ofensiva: o lançamento de uma versão própria da semaglutida está previsto para 2026, assim que expirar a patente da substância no Brasil. A expectativa é que esse movimento aumente ainda mais a concorrência e pressione as multinacionais que, até agora, lideravam com folga esse nicho.
Nos últimos meses, o mercado tem apresentado sinais de instabilidade. A Novo Nordisk, que chegou a se tornar a empresa mais valiosa da Europa com o sucesso do Ozempic, perdeu mais de 60% do seu valor de mercado e trocou sua liderança em meio à concorrência crescente e à popularização de versões manipuladas. A chegada do Mounjaro ao Brasil em junho, por exemplo, acirrou ainda mais a disputa nas prescrições médicas.
Agora, com uma plataforma nacional, preços mais acessíveis e ambições globais, a EMS entra de vez no jogo, e quer transformar sua participação no mercado de GLP-1 em R$ 20 bilhões em receita nos próximos oito anos, somando Brasil e exterior.
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O domínio da chamada “economia do Ozempic” está longe de ser definitivo e, a partir desta semana, passa oficialmente a ter DNA brasileiro.