A semaglutida segue reconhecida pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade / Freepik
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O futuro da semaglutida, medicamento indicado contra a obesidade e produzido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, ganhou novo capítulo nesta semana. A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) rejeitou novamente a inclusão do tratamento, comercializado na versão injetável Wegovy, na rede pública.
O parecer final negativo confirma a análise realizada em maio, quando o tema foi submetido a consulta pública.
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Apesar do reconhecimento sobre segurança, eficácia e custo-efetividade, o peso financeiro do tratamento contínuo foi determinante para o desfecho.
A análise da comissão apontou que a oferta da semaglutida no SUS, considerando o uso crônico e sem interrupções, poderia gerar impacto acumulado de até R$ 7 bilhões em cinco anos.
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Mesmo após ajustes para o grupo delimitado na consulta pública, o custo ainda chegaria a R$ 1,5 bilhão no mesmo período. Além disso, a patente ativa do medicamento também foi um entrave.
Na votação final, houve apenas um voto favorável à incorporação. A decisão mantém a semaglutida fora do SUS, embora entidades médicas e representantes de pacientes tenham defendido a inclusão durante a consulta pública, que recebeu mais de 1,3 mil manifestações.
Apesar da decisão, a semaglutida segue reconhecida pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
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A diretriz lançada neste ano orienta que medicamentos de alta potência, como a semaglutida, a tirzepatida (Mounjaro) e a liraglutida (Saxenda), façam parte do início do tratamento da obesidade.
As orientações médicas continuam a recomendar mudanças de estilo de vida, como alimentação equilibrada e prática de exercícios, mas destacam que a meta deve ser a redução de pelo menos 10% do peso corporal, índice associado à diminuição de doenças relacionadas ao excesso de peso.
Ensaios clínicos recentes mostraram que a semaglutida reduziu em 20% os eventos cardiovasculares em pacientes com obesidade e histórico de doença cardíaca, enquanto a tirzepatida apresentou mais de 90% de eficácia na prevenção de diabetes tipo 2 em pessoas com pré-diabetes.
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Embora não tenha sido incorporada à rede pública, a semaglutida já aparece em programas de saúde em estados como Rio de Janeiro, Goiás e Distrito Federal, enquanto outras regiões estudam incluir o medicamento em ações voltadas ao combate da obesidade.
O Saxenda, outra medicação da Novo Nordisk, também voltada ao tratamento da obesidade, passou por análise semelhante em 2023 e igualmente não foi aprovado para incorporação ao SUS.