O projeto participou do painel 'Pesca artesanal e economia azul', realizado na Zona Verde / Divulgação
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A Baixada Santista marcou presença estratégica na COP 30, em Belém, no Pará, levando a discussão sobre a preservação marinha para o centro do debate climático global. O Projeto Mantas do Brasil, patrocinado pela Autoridade Portuária de Santos (APS) e em parceria com a Petrobras, participou do painel “Pesca artesanal e economia azul”, realizado na Zona Verde do evento.
O encontro, no entanto, ganhou um tom de urgência. Justamente durante a conferência, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) atualizou a “Lista Vermelha” de espécies, reclassificando as raias-mantas de "vulneráveis" para “criticamente ameaçadas de extinção”.
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“Foi um privilégio estar na COP 30, um evento que coloca o oceano no centro das atenções. Mas isso se tornou ainda mais importante com a triste notícia sobre a reclassificação das mantas. Precisávamos levantar essa bandeira aqui”, afirmou Paula Romano, coordenadora geral do projeto.
Para enfrentar esse cenário, o painel defendeu que a conservação não deve excluir quem vive do mar. A equipe apresentou o modelo de monitoramento participativo realizado com pescadores da Baixada Santista, cujos relatos e registros fotográficos têm sido fundamentais para a ciência.
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“Esses parceiros conhecem o mar de um jeito que nenhum equipamento substitui. Essa troca mostra que é possível conservar e pescar de forma responsável”, destacou Paula.
Como exemplo prático dessa integração, foi exibido o documentário Arrasta Maré. A obra retrata a pesca de arrasto de praia em Santos, uma técnica tradicional que captura peixes trazidos pelas ondas e que hoje integra modelos de turismo sustentável, provando que cultura local e preservação podem caminhar juntas.
As discussões dialogaram com o lançamento do "Pacote Azul" na COP 30, iniciativa global para acelerar ações baseadas no oceano como regulador do clima. Segundo Letícia Schabiuk, coordenadora executiva do Mantas do Brasil, ignorar os mares é ignorar 70% do planeta.
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“Ter o oceano mais presente nesta edição é muito significativo. Se não o colocarmos no centro das discussões, não vamos alcançar resultados reais. Ele é parte da solução”, pontuou Letícia.
O painel foi realizado pelo Instituto RedeMAR Brasil e contou com representantes do Ministério da Pesca, lideranças indígenas e dos Povos do Mar. Fundado há mais de 10 anos e gerido pelo Instituto Laje Viva, o Mantas do Brasil atua na pesquisa e proteção das raias na região da Laje de Santos.