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Malária: o desafio global que segue custando meio milhão de vidas por ano

Ainda ocorrem milhares de casos anualmente, e a doença representa um risco significativo para a saúde, especialmente em áreas endêmicas

Ana Clara Durazzo

Publicado em 17/06/2025 às 12:30

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O diagnóstico e tratamento tardios, a falta de profissionais familiarizados com a malária em áreas não endêmicas e a ocorrência de coinfecções também contribuem para a mortalidade / Freeepik

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No Brasil, a malária continua a ser uma preocupação de saúde pública, com a maioria dos casos concentrados na região amazônica. Embora tenha havido uma redução geral nos casos nas últimas décadas, ainda ocorrem milhares de casos anualmente, e a doença representa um risco significativo para a saúde, especialmente em áreas endêmicas. 

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A malária é uma doença infecciosa febril, aguda e potencialmente grave. Ela é causada por protozoários parasitas que são transmitidos pela picada de mosquitos Anopheles infectados por uma ou mais espécies de protozoários do gênero Plasmodium.

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Existem cinco espécies de parasitas do gênero Plasmodium que causam malária em humanos, e duas dela, a P. falciparum e a P. vivax constituem a maior ameaça. São responsáveis, respectivamente, pelas formas mais graves e mais prevalentes da doença.

Uma doença com números globais

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2023  foram registrados em 263 milhões de casos de malária em 83 países endêmicos, ante 252 milhões no ano anterior. Nesse mesmo período, as mortes pela doença recuaram de cerca de 600 mil para 597 mil.

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A maioria dos casos e mortes ocorrem na África Subsaariana. No entanto, as regiões no Sudeste Asiático, Mediterrâneo Oriental, Pacífico Ocidental e nas Américas delimitadas pela Organização Mundial da Saúde também estão em risco.

Em 2024, até abril, foram registrados 27.186 casos de malária no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde Em comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento é de 8,8% no número de casos da doença.

A maioria dos casos ocorre em áreas remotas, especialmente em regiões da Amazônia. Do total de casos registrados no país em 2023, mais de 80% foram de malária por P. vivax e outras espécies. A P. falciparum responde por poucos episódios no país.

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A região amazônica é a principal área de transmissão da malária no Brasil, devido à presença do vetor (mosquito Anopheles) e condições ambientais favoráveis à sua proliferação

A rede de diagnóstico rápido do Sistema Único de Saúde (SUS) oferece detecção em até 48 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas e o tratamento. Há também vigilância farmacológica do Ministério da Saúde dos casos em que o parasito se torna resistente aos medicamentos administrados.

Alguns grupos populacionais correm um risco consideravelmente maior de contrair malária e desenvolver doenças com maior gravidade do que outros: bebês, crianças com menos de 5 anos de idade, mulheres grávidas e doentes com HIV/AIDS, bem como migrantes não imunes, populações em trânsito e viajantes.

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Os programas nacionais de controle da malária precisam tomar medidas especiais para proteger esses grupos populacionais, levando em consideração suas circunstâncias específicas.

Quando a malária se torna crônica

A malária pode evoluir para um quadro crônico, principalmente devido à capacidade de algumas espécies de gerar hipnozoítos, formas latentes que permanecem no fígado e podem reativar meses após a infecção inicial.

Além disso, o diagnóstico tardio, tratamentos incompletos e a resistência aos antimaláricos favorecem a persistência do parasita no organismo. Em áreas endêmicas, a exposição repetida e o desenvolvimento de imunidade parcial também levam a infecções assintomáticas de longa duração, reforçando o caráter crônico da doença.

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A principal causa de morte em malária crônica é a forma grave da doença, especialmente a que é causada pelo Plasmodium falciparum. Ela pode levar a complicações como encefalopatia (lesão cerebral com chance de evoluir para coma e morte), insuficiência renal ou hepática, choque por queda da pressão arterial e edema pulmonar, que dificulta a respiração.

O diagnóstico e tratamento tardios, a falta de profissionais familiarizados com a malária em áreas não endêmicas e a ocorrência de coinfecções também contribuem para a mortalidade. Outros desfechos adversos incluem anemia grave, trombose e embolia, síndrome do desconforto respiratório do adulto e ruptura do baço, que leva a uma hemorragia interna grave e pode ser letal.

Já a A “febre da água negra” é uma forma grave e rara de malária, quase sempre associada ao P. falciparum. É chamada assim porque na fase aguda, a urina fica muito escura por causa da eliminação maciça de hemoglobina pelos rins.

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Na prática, enquanto se mantiverem as desigualdades socioeconômicas e ambientais, a malária continuará sendo um desafio prioritário das nações mais pobres. Sobretudo uma doença de países de baixa renda, demanda recursos para que sejam feitos avanços em pesquisa, aprimoramento das redes de vigilância epidemiológica e consolidação de protocolos de tratamento baseados em evidências, garantindo distribuição equitativa de terapias eficazes.

Apenas com investimentos consistentes em ciência, políticas de saúde integradas e cooperação internacional será possível interromper os ciclos de infecção crônica e reduzir a mortalidade por essa doença centenária.

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