A Porta Santa de Aparecida do Norte vai fechar por 25 anos / Imagem gerada por IA/Diário
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À medida que o Jubileu da Esperança de 2025 avança, cresce em Aparecida (SP) a sensação de “última chamada” para atravessar a Porta Santa do Santuário Nacional. Aberta de forma extraordinária para marcar o Ano Santo convocado pelo papa Francisco, a grande porta de bronze localizada na ala norte da Basílica vai permanecer franqueada aos fiéis apenas até 6 de janeiro de 2026. Depois disso, será lacrada e, salvo decisão em contrário da Igreja, só voltará a ser aberta em 2050, no próximo Jubileu ordinário.
A Porta Santa de Aparecida já vinha chamando atenção dos devotos pela imponência e pelo simbolismo. Criada pelo artista sacro Cláudio Pastro, ela traz em relevo cenas como a Anunciação, o Bom Pastor e a parábola do Filho Pródigo, todas ligadas à experiência da misericórdia divina. Com a chegada do Ano Jubilar de 2025, esse portal ganhou um protagonismo especial: tornou-se ponto obrigatório de passagem para romarias de todo o país.
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Desde o fim de 2024, ônibus de peregrinos se organizam com um item novo na programação: “passar pela Porta Santa”. As filas se concentram sobretudo nos fins de semana e nas grandes festas marianas. Para muitos fiéis, atravessar aquele vão de bronze é a concretização de um desejo que só se repete a cada 25 anos.
Na tradição católica, a Porta Santa é um símbolo do próprio Cristo, apresentado nos Evangelhos como “a porta” pela qual o fiel entra em comunhão com Deus. Em tempos de Jubileu, atravessá-la significa assumir, de forma concreta, um caminho de conversão: deixar para trás o pecado, buscar a reconciliação e recomeçar.
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No plano prático, quem passa pela Porta Santa pode receber indulgência plenária, desde que cumpra as condições previstas pela Igreja: confissão sacramental, comunhão eucarística, oração pelo papa e disposição de afastar-se do pecado. Em Aparecida, essa experiência é reforçada pelo contexto do maior santuário mariano do país, que concentra missas, confissões e atividades de espiritualidade ao longo de todo o ano.
O Ano Santo de 2025 começou oficialmente com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, em Roma, na noite de 24 de dezembro de 2024. Em sintonia com esse gesto, o Santuário Nacional de Aparecida lançou o seu próprio programa jubilar, o “Jubileu da Esperança”, com celebrações especiais no fim de dezembro e a abertura ao público da Porta Santa instalada na ala norte da Basílica.
Desde então, o portal permanece aberto para a passagem dos fiéis. A data de encerramento já está definida: 6 de janeiro de 2026, festa da Epifania do Senhor, quando também será fechada a Porta Santa de São Pedro, no Vaticano, marcando o fim do Jubileu. Em Aparecida, a expectativa é que a cerimônia de fechamento reúna novamente milhares de romeiros, em clima de despedida de um gesto que só será repetido décadas à frente.
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A explicação para o longo intervalo está na própria história dos Anos Santos. Desde o século XV, a Igreja Católica estabelece que os jubileus ordinários aconteçam a cada 25 anos. Entre um Ano Santo e outro, o papa pode convocar jubileus extraordinários — como o Jubileu da Misericórdia, em 2015 —, mas o ciclo regular segue esse ritmo de um quarto de século.
Assim, o Jubileu de 2025 é um Ano Santo ordinário, dedicado ao tema “Peregrinos da Esperança”. Mantida essa tradição, o próximo Jubileu desse tipo só deve ocorrer em 2050. É por isso que a Porta Santa de Aparecida, aberta agora, deve permanecer fechada durante todo esse período, reforçando a ideia de um tempo especial de graça que não se repete todos os anos.
Embora o Vaticano tenha estabelecido que, em 2025, as Portas Santas solenes sejam abertas apenas nas quatro basílicas papais de Roma, dioceses e santuários pelo mundo inteiro passaram a organizar “igrejas jubilares”, lugares de peregrinação ligados espiritualmente ao Ano Santo. No Brasil, Aparecida assumiu esse papel de forma espontânea: pela importância nacional do Santuário, pela tradição de grandes romarias e pela existência física de uma Porta Santa já conhecida pelos devotos.
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Na prática, isso significa que o fiel brasileiro não precisa ir até Roma para viver um gesto jubilar. Ao viajar a Aparecida, participar das celebrações, confessar-se, comungar e atravessar a Porta Santa com fé, ele se une à mesma experiência de Igreja proposta pelo papa Francisco para o mundo inteiro.
Com a proximidade do fechamento, a tendência é que a procura aumente. Agências de turismo religioso já divulgam pacotes com a expressão “última oportunidade de atravessar a Porta Santa”, e paróquias organizam caravanas específicas para o Jubileu. Nas redes sociais do Santuário, vídeos e mensagens reforçam o convite: “o tempo é agora”.
Para quem olha de fora, pode parecer apenas mais um elemento da paisagem monumental de Aparecida. Mas, para milhões de devotos, aquele portal de bronze aberto por tempo limitado virou um símbolo concreto de esperança: um lembrete de que, mesmo em tempos difíceis, a fé oferece sempre uma porta — que se abre agora, e que só voltará a girar sobre as dobradiças daqui a 25 anos.
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