A ideia é que o TFFF pague os países que conseguirem manter suas florestas tropicais intactas / Bruno Peres/Agência Brasil
Continua depois da publicidade
O governo brasileiro lançou na quinta-feira (6) o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), durante a Cúpula do Clima, em Belém. A ideia é criar um sistema internacional que pague os países que conseguirem manter suas florestas tropicais intactas, valorizando o papel da natureza na absorção de carbono e no controle do clima. Entenda como funciona na prática.
Embora o fundo não estivesse no roteiro oficial da Conferência do Clima de Belém, ele será lançado durante a Cúpula de Líderes, evento que prepara o terreno para a COP30.
Continua depois da publicidade
O TFFF aplica uma lógica de mercado para financiar a conservação florestal. O ponto de partida é mudar a regra atual, que incentiva a derrubada da floresta e usa a terra para agricultura ou mineração, algo que dá mais dinheiro no curto prazo do que mantê-la viva.
O fundo pretende levantar cerca de US$ 125 bilhões em investimentos de governos, empresas e fundações. Esse dinheiro será aplicado em títulos de baixo risco (longe de setores poluentes, como petróleo). O lucro obtido com esses investimentos (o chamado spread) será usado para remunerar os países que conservam suas florestas.
Continua depois da publicidade
Países como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo receberão um valor anual, proporcional à área de floresta conservada. É como se fosse uma "renda florestal global", garantindo que proteger a natureza compense financeiramente.
A meta inicial de pagamento é de cerca de US$ 4 por hectare preservado por ano. Para receber, o país precisa mostrar, via satélite, que o desmatamento ficou abaixo de 0,5% ao ano.
O fundo se diferencia de mecanismos antigos, como o Fundo Amazônia (baseado em desmatamento evitado), porque ele paga diretamente pela floresta em pé e pela conservação de longo prazo. É um incentivo contínuo, não apenas uma recompensa por ter poluído menos.
Continua depois da publicidade
Além disso, há um compromisso formal de que 20% dos pagamentos de cada país participante serão destinados diretamente aos povos indígenas e às comunidades locais.
Mesmo sendo uma iniciativa inovadora, o TFFF enfrenta críticas e questionamento de especialistas. As principais preocupações levantadas por ambientalistas incluem:
No entanto, o Brasil entende que o TFFF é uma vitrine diplomática, reforçando a mensagem de que a proteção da Amazônia é um serviço global que deve ser remunerado de forma previsível.
Continua depois da publicidade