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Entenda como funciona o fundo global para remunerar conservação de florestas

O projeto ambiental será a grande aposta do governo brasileiro na COP 30 e prevê modelo de pagamento a países que mantêm suas florestas em pé

Giovanna Camiotto

Publicado em 07/11/2025 às 10:00

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A ideia é que o TFFF pague os países que conseguirem manter suas florestas tropicais intactas / Bruno Peres/Agência Brasil

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O governo brasileiro lançou na quinta-feira (6) o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), durante a Cúpula do Clima, em Belém. A ideia é criar um sistema internacional que pague os países que conseguirem manter suas florestas tropicais intactas, valorizando o papel da natureza na absorção de carbono e no controle do clima. Entenda como funciona na prática.

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Embora o fundo não estivesse no roteiro oficial da Conferência do Clima de Belém, ele será lançado durante a Cúpula de Líderes, evento que prepara o terreno para a COP30.

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Como funciona?

O TFFF aplica uma lógica de mercado para financiar a conservação florestal. O ponto de partida é mudar a regra atual, que incentiva a derrubada da floresta e usa a terra para agricultura ou mineração, algo que dá mais dinheiro no curto prazo do que mantê-la viva.

O fundo pretende levantar cerca de US$ 125 bilhões em investimentos de governos, empresas e fundações. Esse dinheiro será aplicado em títulos de baixo risco (longe de setores poluentes, como petróleo). O lucro obtido com esses investimentos (o chamado spread) será usado para remunerar os países que conservam suas florestas.

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Países como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo receberão um valor anual, proporcional à área de floresta conservada. É como se fosse uma "renda florestal global", garantindo que proteger a natureza compense financeiramente.

A meta inicial de pagamento é de cerca de US$ 4 por hectare preservado por ano. Para receber, o país precisa mostrar, via satélite, que o desmatamento ficou abaixo de 0,5% ao ano.

Principal diferença

O fundo se diferencia de mecanismos antigos, como o Fundo Amazônia (baseado em desmatamento evitado), porque ele paga diretamente pela floresta em pé e pela conservação de longo prazo. É um incentivo contínuo, não apenas uma recompensa por ter poluído menos.

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Além disso, há um compromisso formal de que 20% dos pagamentos de cada país participante serão destinados diretamente aos povos indígenas e às comunidades locais.

Críticas ao projeto ambiental

Mesmo sendo uma iniciativa inovadora, o TFFF enfrenta críticas e questionamento de especialistas. As principais preocupações levantadas por ambientalistas incluem:

  • Risco privado: O temor de que o fundo priorize o lucro dos investidores privados em vez da proteção direta da floresta.
     
  • Governança: Preocupa a falta de clareza sobre quem terá mais poder de decisão, com o risco de que países desenvolvidos dominem a gestão.
     
  • Destino dos recursos: Pedidos por mais transparência e mecanismos claros para garantir que os 20% cheguem de fato às comunidades locais, e não fiquem retidos em burocracias.

No entanto, o Brasil entende que o TFFF é uma vitrine diplomática, reforçando a mensagem de que a proteção da Amazônia é um serviço global que deve ser remunerado de forma previsível.

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