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Entenda como a tarifa dos EUA pode deixar o carrinho do brasileiro mais barato

Especialistas afirmam que os efeitos no mercado interno não devem ser imediatos, e os impactos variam conforme o setor e o produto.

Ana Clara Durazzo

Publicado em 31/07/2025 às 15:30

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Apesar das possíveis consequências negativas para os exportadores, o consumidor brasileiro pode experimentar algum alívio no bolso, especialmente em produtos como carne e frutas / Freepik

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A partir de 6 de agosto, entra em vigor a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre uma série de produtos brasileiros, conforme decreto oficializado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump.

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Apesar das quase 700 exceções concedidas, a medida representa uma má notícia para empresários, produtores e trabalhadores de setores exportadores, como o de café, carne bovina e frutas frescas, enquanto, por outro lado, pode trazer algum alívio ao consumidor brasileiro, especialmente nos supermercados.

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A lógica econômica sugere que, quando um mercado reduz seu consumo de determinado produto, a oferta interna tende a aumentar, pressionando os preços para baixo. No entanto, especialistas afirmam que os efeitos no mercado interno não devem ser imediatos, e os impactos variam conforme o setor e o produto.

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Café: impacto ainda não é visível, mas alerta está ligado

Segundo o Cepea/USP, o café é um dos produtos mais expostos à nova tarifa. A prévia da inflação de julho (IPCA-15) mostrou a primeira queda no preço do café desde dezembro de 2023, mas os analistas não atribuem diretamente esse movimento à tarifa.

Carne bovina: cortes mais baratos no mercado nacional

No setor de carne bovina, o impacto pode ser mais perceptível ao consumidor. Os Estados Unidos importam grandes volumes de cortes para processamento, como os utilizados em hambúrgueres, justamente os de menor valor agregado, que podem acabar retornando ao mercado doméstico a preços mais baixos.

Segundo Thiago Bernardino, coordenador técnico de pecuária do Cepea, o Brasil antecipou exportações em março e abril, prevendo o tarifaço. Mesmo com a queda nos embarques em junho e julho, o país caminha para um recorde histórico de exportação de carne bovina, graças à alta demanda internacional e à escassez global de oferta.

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“O mundo vive o menor estoque de carne bovina dos últimos 20 anos”, destaca Bernardino, reforçando que o Brasil está em uma posição competitiva no mercado global.

Frutas frescas: exportações ameaçadas

O setor de frutas frescas é um dos mais vulneráveis no curto prazo. De acordo com o Cepea, o impacto mais imediato deve ser sentido na exportação de mangas, cuja janela crítica de envio aos EUA começa em agosto. Já há relatos de embarques postergados diante da incerteza tarifária.

A uva brasileira, que ganha força no mercado norte-americano a partir da segunda quinzena de setembro, também entrou em alerta, segundo a entidade.

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Consumidor pode sentir alívio, mas com cautela

Apesar das possíveis consequências negativas para os exportadores, o consumidor brasileiro pode experimentar algum alívio no bolso, especialmente em produtos como carne e frutas, que tendem a ter maior oferta no mercado interno.

No entanto, especialistas alertam que os efeitos não são automáticos e dependem de uma série de fatores logísticos, cambiais e produtivos. A medida, por ora, gera um cenário de incerteza para setores-chave da balança comercial brasileira, enquanto o país busca alternativas para minimizar os impactos nas exportações e preservar a competitividade.

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