O ataque foi realizado por cerca de 20 pessoas armadas, que teriam vindo de uma fazenda vizinha / Reprodução/Comunidade de Takoha Pyelito Kue
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Vicente Fernandes Vilhalva, de 36 anos, um indígena da etnia Guarani Kaiowá, foi morto com um tiro na testa neste domingo (16) na Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I, no município de Iguatemi, Mato Grosso do Sul. Outras quatro pessoas ficaram feridas no ataque.
O crime acontece em um momento de intensa mobilização global. Em meio à COP 30, a Conferência do Clima da ONU, onde líderes indígenas de diversas etnias estão reunidos para citar a relevância vital dos povos originários na preservação ambiental e no combate à crise climática. A morte de Vicente, em um contexto de disputa territorial, ressalta a urgência e a violência com que a defesa dos territórios é tratada no país.
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Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o ataque foi realizado por cerca de 20 pessoas armadas, que teriam vindo de uma fazenda vizinha. O grupo disparou por um período prolongado contra as famílias e estruturas de moradia na comunidade, que havia retomado uma área da fazenda dentro dos limites da TI em outubro.
Este é o quarto ataque semelhante registrado desde 3 de novembro na área de conflito fundiário, elevando o número total de feridos para oito pessoas.
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A Funai informou que o corpo de Vicente foi encaminhado ao IML, e a Polícia Federal foi deslocada para o local para iniciar as investigações. A Força Nacional de Segurança Pública também foi acionada e está sendo deslocada para a região.
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI), por meio de seu Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos, afirmou que está atuando na situação junto à Funai e que acionou os órgãos de segurança pública.
A ministra Sonia Guajajara utilizou suas redes sociais para lamentar a morte de Vicente "no contexto da defesa do território" e ressaltou que a atuação do governo federal na regularização fundiária e demarcação é fundamental para coibir ações armadas e garantir a segurança das comunidades.
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A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de MS (Sejusp) confirmou o apoio às forças federais e informou que, além do indígena, um funcionário de propriedade rural também teria morrido, e um indígena ferido foi detido e encaminhado à PF.
"O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) manifesta profundo pesar pela morte do indígena Guarani Kaiowá na comunidade de Pyelito Kue, município de Iguatemi (MS), após ataques de pistoleiros, em contexto de recente retomada realizada nos dias anteriores. A equipe do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/MPI) do MPI, juntamente com a Funai, atua na situação, acionou os órgãos de Segurança Pública responsáveis e acompanha as ações dos órgãos do Governo Federal.
É inaceitável que indígenas continuem perdendo suas vidas por defender seus territórios. A morte de mais um indígena Guarani Kaiowá acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e visualiza a importância dos povos indígenas para a mitigação climática debatida na COP30, infelizmente evidenciando que não existe trégua na perseguição aos corpos dos defensores do clima. O MPI se solidariza com a família, amigos e com toda a comunidade Guarai Kaiowá."
"Hoje mais um parente indígena Guarani Kaiowá foi assassinado em Pyelito Kue, Mato Grosso do Sul, na defesa de seu território. Não dá mais pra suportar tamanha violência contra povos que simplesmente lutam pela vida. O Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/MPI) acompanha a situação e as ações dos órgãos do Governo Federal que estão em deslocamento para o território. Precisamos de uma atuação conjunta e firme para coibir pistoleiros na região.
Todas as mortes são inaceitáveis e essa acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e já percebe a importância dos povos indígenas para a mitigação da crise climática debatida na COP30, infelizmente mostrando que não existe trégua na perseguição aos defensores do clima.
Precisamos ser firmes na defesa de políticas de proteção dos verdadeiros guardiões do meio ambiente. Processos de regularização de territórios e a demarcação de terras são fundamentais para segurança nos territórios."
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