Empresas pedem preparo extra, mesmo para iniciantes, dificultando entrada de novos profissionais / Pixabay
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Cada vez mais jovens austríacos se formam no ensino superior, mas a transição para o mercado de trabalho tem sido difícil. A tendência, destacada por novos dados do Instituto de Estudos Avançados (IHS) e do Serviço de Emprego da Áustria (AMS), mostra um aumento expressivo do desemprego entre quem tem diploma universitário — e encontra paralelos com o cenário brasileiro.
Em 2024, o número de pessoas com ensino superior desempregadas na Áustria cresceu 16%, superando outros grupos educacionais. Atualmente, 375 mil austríacos estão sem emprego ou em requalificação, sendo 5,8% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
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Embora o país ainda tenha uma das menores taxas de desemprego da Europa, especialistas afirmam que o avanço da chamada “academização” (aumento de formados) pressiona o mercado e prolonga a entrada dos jovens na carreira.
O pesquisador Martin Unger, do IHS, explica que “mais pessoas estão se formando do que o mercado consegue absorver”, mas ressalta que quem tem ensino superior ainda possui as melhores chances a longo prazo.
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A especialista Bernhard Wundsam, da Universidade de Viena, também observa que muitos recém-formados priorizam propósito e qualidade de vida, o que também influencia na busca por empregos. “Eles querem trabalhos alinhados aos próprios valores, não apenas um salário.”
No Brasil, embora o ensino superior ainda amplie as chances de inserção no mercado, a realidade é parecida: jovens diplomados encontram barreiras crescentes para conseguir o primeiro emprego.
De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), cerca de 69% dos recém-formados conseguem colocação em até um ano após a graduação. A taxa de desemprego entre pessoas com ensino superior é de 3,2%, muito abaixo dos 9,4% entre quem não completou o ensino médio — mas o tempo até a primeira oportunidade tem aumentado.
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Na Baixada Santista, o cenário reflete essa desaceleração. Em março de 2025, a região registrou queda de 62% na geração de empregos formais em relação ao ano anterior.
Em agosto, as contratações caíram 51%, com a maioria das nove cidades da região apresentando saldos negativos. Especialistas apontam que o desaquecimento atinge principalmente os jovens com pouca experiência, mesmo quando qualificados.
“Há um descompasso entre a formação e as vagas disponíveis”, afirma a economista Renata Pires, do Observatório Regional da Baixada Santista. “Cursos superiores se multiplicaram, mas o mercado local não acompanhou com a mesma velocidade.”
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Apesar disso, analistas reforçam que o estudo ainda é um investimento válido. “Quem se forma tem mais chances de estabilidade e salários melhores a longo prazo”, diz Unger. “Mas é preciso paciência — e adaptação.”