Para maximizar os resultados na prova, o especialista orienta que os candidatos comecem pelas mais fáceis, respeitando, assim, a coerência pedagógica. / THIAGO NEME/GAZETA
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O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) liberou na última quarta-feira (16) o acesso ao cartão de confirmação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, com o local e o horário das provas, que acontecem nos dias 3 e 10 de novembro. Com a proximidade do exame, é comum que os estudantes tenham dúvidas em relação à metodologia da avaliação.
Apesar de ser utilizado desde 2009, o método de Teoria de Resposta ao Item (TRI) é um dos tópicos que mais causa incertezas entre estudantes. Isso porque alunos que acertam a mesma quantidade de itens podem ter notas diferentes. Vinícius Freaza, professor de química formado pela USP e diretor de Inovação Pedagógica da Evolucional - startup de educação baseada em dados, que aplica o simulado do Enem - fala sobre essa metodologia e dá dicas para quem vai realizar as provas. Confira:
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Diário do Litoral - Qual a diferença entre o Enem e a maioria dos outros vestibulares?
Vinícius Freaza - Diferente da Teoria Clássica dos Testes (TCT), que segue o princípio de que quanto mais itens um estudante acerta, maior é o seu conhecimento, a TRI tem como base o item, não a totalidade da prova. Ou seja, acertar 50% dos itens em uma avaliação não significa que a proficiência do aluno é igual a 50%. Tudo depende de quais foram os itens respondidos.
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Diário - A TRI é aplicada em outros locais?
Freaza - A metodologia de avaliação é utilizada em muitas partes do mundo, em exames como o Enem e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), no Brasil, e o Test of English as a Foreign Language (TOEFL) e o Scholastic Assessment Test (SAT), nos Estados Unidos.
Diário - Com esse método é possível detectar os chutes?
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Freaza - Em uma prova de múltipla escolha, sempre é possível o acerto ao acaso, em que o estudante 'chuta' uma das alternativas. A TRI leva esse aspecto em conta, com um conceito chamado de coerência pedagógica. Para ilustrá-la, imagine uma prova com 10 itens, cada um com seus níveis de dificuldade conhecidos, e suponha que dois participantes, "A" e "B", acertem cinco questões cada um. No entanto, esses dois alunos não acertaram as mesmas questões. Partindo do pressuposto de que o participante "A" acertou as questões mais fáceis e, a partir de um certo nível, passou a errar todas as outras, dizemos que esse é um comportamento esperado e, portanto, pedagogicamente coerente.
No entanto, o participante "B" errou as questões fáceis, mas acertou as mais difíceis da prova. Esse não é um comportamento coerente e podemos supor que os acertos das questões difíceis tenham sido 'chutes'. Esses acertos também contribuirão para o incremento da nota final do participante "B", mas em menor medida do que se apresentassem coerência pedagógica, como os acertos do Aluno "A".
Diário - Então vale a pena chutar?
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Freaza - Uma interpretação equivocada do princípio da coerência pedagógica pode levar à conclusão de que é melhor deixar itens em branco do que escolher uma alternativa. No entanto, o Enem não aplica uma penalidade aos estudantes que acertam itens ao acaso. O que ele faz é diminuir a pontuação recebida por esses itens, que, mesmo assim, sempre será mais alta do que se ele tivesse deixado o item sem resposta.
Diário - Qual a melhor estratégia que os candidatos podem adotar?
Freaza - Para maximizar seus resultados na prova, tenha em mente um plano de ação pré-estabelecido. Por exemplo, comece pelas questões mais fáceis, aquelas em que uma primeira leitura já é suficiente para dar uma boa indicação da resposta correta. Assim, você respeita a coerência pedagógica e, provavelmente, irá acertar as questões mais fáceis. Deixe as perguntas mais difíceis, em que irá gastar de 10 a 15 minutos, para o final. Isso significa que você terá que ler a prova inteira e escolher os itens que irá resolver primeiro, em vez de simplesmente seguir a ordem em que eles aparecem. Mas o resultado tende a ser muito melhor com essa mudança de estratégia.
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