Guaciane explicou a importância da representatividade dos povos originários na COP 30 / Nair Bueno/DL
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O governo brasileiro está promovendo a maior mobilização indígena já realizada para uma Conferência do Clima das Nações Unidas. A iniciativa, batizada de Ciclo COParente, surgiu por meio de em uma série de encontros realizados ao longo dos últimos seis meses em todos os estados e biomas do país, incluindo a Mata Atlântica, presente na Baixada Santista.
A ação foi liderada pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), com o objetivo de preparar e informar as lideranças indígenas sobre o funcionamento e a relevância da COP 30. Serão cerca de 2 mil representantes de 80 povos participaram do ciclo preparatório.
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Segundo Guaciane da Silva Borges, líder da aldeia Tapirema, localizada em Peruíbe, os povos indígenas da região litorânea foram convidados para participar da COP 30 por meio de uma reunião em Ubatuba com a Arpin Sudeste, uma organização nacional que abrange tribos de São Paulo, Rio de Janeiro e até Paraná.
"A ideia da ministra Sônia Guajajara é de levar o máximo de pessoas indígenas para esse evento da COP 30. Na conversa que tivemos, ela falou que queria ter, pelo menos, 500 indígenas na Área Azul, porque na edição anterior foram apenas 300 indígenas que conseguiram participar. É pouco, né? Então, estão indo várias aldeias daqui do estado de São Paulo e Rio de Janeiro".
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Guaciane ainda explicou a importância da representatividade dos povos originários em um evento deste porte: "Não adianta vir [para o Brasil] e falar por nós, tem que dar voz para o povo indígena. Como é que vão falar de um assunto que eles não conhecem?"
"A sociedade tem que ouvir nós, povos indígenas, e não decidir tudo por nós, porque somos seres humanos também. A gente quer conversar, temos os nossos desejos também, não somos incapazes como muitos pensam. Hoje em dia, não! A gente tem muito conhecimento e as pessoas violam e ultrapassam nossos limites. Não tem respeito, não olham para o nosso modo de vida", afirmou.
Confira algumas imagens da região onde fica localizada a aldeia Tapirema, comandada pelo Cacique Awatenondegua, que estará presente na Zona Verde da COP 30.
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A abertura oficial da Aldeia COP, que receberá os grupos de povos originários preparados pelo programa de incentivo, está marcada para esta terça-feira (11). O Ciclo COParente integra o esforço do Brasil para garantir a maior participação indígena da história das COPs.
Durante os encontros, 360 lideranças foram indicadas para atuar dentro da Zona Azul da COP30, o espaço das negociações oficiais entre autoridades globais sobre o clima.
No evento pré-COP, a ministra Sonia Guajajara (MPI) ressaltou que o processo foi crucial para conscientizar os povos e, ao mesmo tempo, preparar a apresentação de suas contribuições para o enfrentamento da crise climática.
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“A gente quer estar lá apresentando as nossas demandas enquanto guardiões dos territórios, mas também chegaremos ali como parte da solução”, frisou a ministra, lembrando que as maiores áreas de florestas preservadas do país estão em terras indígenas.
Já Joenia Wapichana, presidente da FUNAI, enfatizou que os debates do ciclo confirmaram que a prática dos povos indígenas, como o cuidado com o solo e o uso de conhecimentos tradicionais, está diretamente ligada às boas práticas sustentáveis defendidas na COP.
Entre os resultados esperados com a participação recorde estão o reconhecimento da proteção das florestas como ação fundamental de mitigação do clima, a inclusão da demarcação e gestão de Terras Indígenas como medida de mitigação, além da concretização de canais de financiamento climático direto aos povos indígenas, como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF).
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O MPI planeja tornar o Ciclo COParente uma mobilização anual que anteceda todas as COPs, servindo de modelo global.