A área é apontada como o 'novo pré-sal' devido ao seu alto potencial petrolífero / Tânia Rêgo/Agência Brasil
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Em meio às negociações globais da COP 30, em Belém, líderes indígenas reforçaram nesta terça-feira (11) o apelo pelo fim dos estudos para a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, nas águas profundas do Amapá.
O encontro, realizado no estande do Ministério Público Federal (MPF) na Zona Verde, teve como ponto central a presença e o posicionamento do Cacique Raoni Metuktire. Aos 93 anos, a histórica liderança Kaiapó foi categórica no assunto por meio de seu tradutor.
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"Sempre lutei a favor de todos nós, assim como me posiciono contra o desmatamento. E uma coisa muito ruim, eu estou sabendo que querem perfurar petróleo, mas não podemos permitir que isso aconteça. Nós precisamos nos unir e nos posicionar contra esse tipo de coisa ruim que estão fazendo, para a gente garantir a nossa paz. Nós temos que lutar junto", declarou.
O debate sobre a "Exploração de petróleo e gás na foz do Amazonas" contou com a participação de lideranças regionais, como foi o caso de Luene Karipuna, coordenadora da Apoianp (Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará), que criticou duramente a ausência de consulta.
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"É muito triste se a gente receber a notícia da liberação para iniciar a pesquisa na Foz, sem ouvir os povos indígenas. Eles nos atacam completamente de um lugar onde nós vivemos há muitos anos... O mundo não pode mais continuar com exploração de petróleo no mundo", lamentou.
Já Jandira Karipuna, do Oiapoque, exigiu respeito e garantiu a continuidade do movimento: "A gente tá nessa força tarefa, a gente espera que outras pessoas venham se juntar à nossa luta... que nós não vamos arredar o pé, que nós vamos até o fim."
A área em disputa é a Margem Equatorial, apontada como o "novo pré-sal" devido ao seu alto potencial petrolífero. A Petrobras obteve a licença do Ibama para iniciar a pesquisa exploratória a 175 quilômetros da costa do Amapá. A estatal assegurou que atendeu a todos os requisitos do Ibama, que, por sua vez, informou ter realizado um "rigoroso processo de licenciamento".
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No entanto, o indígena Davi Marworno rebateu a promessa de progresso: "É um estado como um todo ele pode se desenvolver a partir da biodiversidade, a partir de uma economia verde, como se fala, e não a partir dessa exploração petrolífera, né?"
O procurador-chefe da Procuradoria da República no Pará, Felipe Palha, presente no estande, classificou a questão como um dos temas mais importantes da COP 30.