04 de Outubro de 2024 • 14:36
Nacional
Como esses peixes fazem parte da alimentação popular no Brasil, podem causar sérios riscos à saúde caso sejam contaminados
O fato destes animais passarem a vida inteira em águas costeiras foi o que motivou a pesquisa / Rosa Laura/biodiversity4all
Cientistas brasileiros revelaram indícios de que tubarões-bico-fino (Rhizoprionodon lalandii), o popular cação, estão expostos à cocaína nas águas costais do Rio de Janeiro. A conclusão consta em uma pesquisa feita com 13 animais e que foi publicada no periódico Science of the Total Environment. No estudo, foram encontrados resquícios da droga em seus músculos e fígados.
O fato destes animais passarem a vida inteira em águas costeiras foi o que motivou a pesquisa. O ecotoxicólogo Enrico Mendes Saggioro, do Instituto Oswaldo Cruz, sugeriu que, em razão disso, esses animais poderiam estar entre as espécies com mais chances de absorver a droga, fosse diretamente da água, dos peixes que comem ou de pacotes da droga.
A população desse tipo de tubarão brasileiro tende a ser composta por jovens e pequenos adultos, medindo cerca de 52 centímetros de comprimento e pesando menos que um litro de leite.
Para chegar ao resultado final, a equipe comprou 13 tubarões de pequenas embarcações de pesca que focam nessa e em outras espécies. Os cientistas, então, realizaram testes nos tecidos dos músculos e dos fígados usando uma técnica chamada cromatografia com espectrometria de massa.
Todas as amostras tiveram resultados positivos, algumas com concentrações cem vezes maiores do que já foi reportado sobre outras espécies aquáticas.
As fêmeas analisadas estavam grávidas, mas ainda não se sabe qual efeito a exposição à cocaína pode ter nos fetos.
A análise também não revelou qual o efeito da cocaína no comportamento dos tubarões.
Como esses peixes fazem parte da alimentação popular no Brasil, podem causar sérios riscos à saúde caso sejam contaminados.
Vale lembrar que, na Baixada Santista, peixes também já estão sendo contaminados pela cocaína. Na Região, a droga está presente não só na água, mas também em sedimentos e organismos marinhos
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