Brasil

Supercomputador gigante mais potente do país promete revolucionar meteorologia brasileira

equipamento, que começou a operar no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista (SP), tem capacidade de processamento entre cinco e seis vezes maior do que a do antigo Tupã

Ana Clara Durazzo

Publicado em 14/11/2025 às 08:35

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Com orçamento total de R$ 200 milhões até 2028, o programa prevê a instalação de quatro supermáquinas e a modernização de todo o centro de dados científico do Inpe / Divulgação/Inpe

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A meteorologia brasileira acaba de entrar em uma nova era com a chegada do mais potente supercomputador já instalado no país para previsão do tempo. O equipamento, que começou a operar no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista (SP), tem capacidade de processamento entre cinco e seis vezes maior do que a do antigo Tupã e deve transformar o monitoramento climático, os estudos atmosféricos e a prevenção de desastres naturais.

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O investimento integra o projeto Renovação da Infraestrutura de Supercomputação (Risc), financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Finep. Com orçamento total de R$ 200 milhões até 2028, o programa prevê a instalação de quatro supermáquinas e a modernização de todo o centro de dados científico do Inpe. Deste valor, aproximadamente R$ 30 milhões foram destinados ao primeiro supercomputador, já em funcionamento.

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Principais mudanças

Segundo o Inpe, o novo sistema reduz drasticamente o tempo de processamento das previsões e aumenta o nível de detalhamento dos mapas meteorológicos. A resolução global, que antes era de 20 quilômetros, agora passa para 10, e poderá chegar a 3 quilômetros para a América do Sul. Isso significa identificar fenômenos antes invisíveis, como enchentes localizadas, tempestades intensas, ondas de calor em áreas específicas e variações súbitas de vento e umidade.

José Antônio Aravéquia, coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe, afirma que a máquina inaugura “uma nova era da previsão do tempo no Brasil”. Ele explica que o antigo Tupã, instalado em 2010, já não comportava o volume crescente de dados enviados por satélites modernos, como o GOES-16, que sozinho fornece até 25 vezes mais informações do que modelos de uma década atrás.

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'Esse novo supercomputador tem 24 vezes mais memória do que o anterior, permitindo a implementação de modelos mais avançados e previsões com detalhamento espacial muito superior', afirma Aravéquia.

Segundo ele, o aumento de precisão fortalece ações de Defesa Civil, possibilitando alertas mais eficazes e rápidos para populações em risco.

O supercomputador também terá função estratégica na geração de cenários climáticos de longo prazo, apoiando políticas públicas nos setores de agricultura, energia e defesa. 'O sistema é um bem público, aberto ao uso e integração com diferentes instituições', destaca o coordenador.

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Mais potência, menos espaço

O coordenador de Infraestrutura de Dados e Supercomputação do Inpe, Ivan Márcio Barbosa, ressalta que o salto tecnológico é acompanhado por avanços em eficiência energética e sustentabilidade. Embora seja entre cinco e seis vezes mais rápido e 24 vezes maior em capacidade de armazenamento, o novo supercomputador ocupa muito menos espaço físico.

'O Tupã tinha 34 racks. O novo sistema funciona com apenas cinco', destaca Barbosa. A redução física se traduz também em menor impacto ambiental. O Inpe está estruturando um data center verde, abastecido por energia solar e com reaproveitamento de água nos sistemas de refrigeração.

'Queremos operar um data center que agrida o mínimo possível o meio ambiente', afirma.

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O futuro da meteorologia brasileira

A máquina já opera em fase de testes finais, enquanto especialistas calibram os novos modelos numéricos. Com a etapa de aceitação concluída, o Inpe prepara agora uma campanha pública para escolher o nome do supercomputador — que, assim como o Tupã, deverá homenagear a cultura indígena brasileira.

Com mais velocidade, mais memória e maior precisão, o novo equipamento deve colocar o Brasil em um patamar mais elevado na previsão do tempo, além de melhorar significativamente a capacidade de enfrentamento de eventos climáticos extremos — que se tornam cada vez mais frequentes em um planeta em aquecimento.

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