Brasil

Sete em cada dez tainhas pescadas no litoral sul de SP têm plástico no organismo

Estudo do IFPR alerta para os impactos da poluição nos peixes e nos seres humanos

Isabella Fernandes

Publicado em 09/09/2025 às 10:15

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O dado acende um alerta sobre a crescente contaminação dos ambientes marinhos por microplásticos, e suas possíveis consequências à saúde humana / PMS

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR) revelou que sete em cada dez tainhas pescadas no litoral sul de São Paulo possuem resíduos de plástico no trato digestivo.

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O dado acende um alerta sobre a crescente contaminação dos ambientes marinhos por microplásticos, e suas possíveis consequências à saúde humana.

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Segundo o artigo publicado na revista científica Biodiversidade Brasileira, substâncias químicas presentes nos plásticos podem ser absorvidas pelo organismo dos peixes e, ao entrarem na cadeia alimentar, afetar também os seres humanos.

Algumas dessas substâncias estão associadas a doenças cardiovasculares, distúrbios hormonais e danos neurológicos.

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Como a pesquisa foi conduzida

O estudo analisou 57 tainhas coletadas no Complexo Estuarino Lagunar de Cananéia, uma área de proteção ambiental no litoral sul paulista. As coletas foram feitas entre os anos de 2016 e 2018, com o apoio de pescadores da região.

Durante as análises, foram encontrados resíduos plásticos no sistema digestório de aproximadamente 70% das amostras. O tipo mais frequente de resíduo foi a microfibra de nylon, presente em 95% dos peixes contaminados.

Unesp: até 90% do camarão pescado no litoral de SP está contaminado com microplástico

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De acordo com os pesquisadores, esse material é comumente usado nas cordas empregadas na pesca artesanal. O atrito com o solo e o contato com a água fazem com que o nylon se degrade e libere fragmentos minúsculos, facilmente ingeridos pelos peixes.

Impactos invisíveis

Em entrevista à revista Galileu, a pesquisadora Gislaine Filla, coautora do estudo, destacou que a maior parte do plástico produzido no mundo não é reciclado.

O descarte inadequado desses materiais resulta em sua fragmentação e entrada no ecossistema aquático em forma de microplásticos invisíveis a olho nu, mas extremamente persistentes no ambiente.

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Além do nylon, esses fragmentos podem conter corantes, pesticidas, agrotóxicos e outros compostos tóxicos, com potencial para afetar organismos aquáticos e humanos.

Para os seres humanos, o consumo frequente de peixes contaminados pode ser uma rota de exposição silenciosa a substâncias químicas prejudiciais, cuja ação cumulativa ainda está sendo estudada.

Drogas ilícitas também contaminam animais marinhos

Além dos resíduos plásticos, outras formas de contaminação estão sendo identificadas em espécies marinhas nas costas brasileiras. Um estudo recente publicado na revista Science of the Total Environment detectou resíduos de cocaína em tubarões-bico-fino (Rhizoprionodon lalandii), popularmente conhecidos como cações.

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Os pesquisadores encontraram traços da droga nos músculos e fígados dos animais coletados nas águas costeiras do Rio de Janeiro.

A descoberta sugere a presença de poluentes emergentes no ambiente marinho, substâncias que não são tradicionalmente monitoradas, mas que já demonstram efeitos preocupantes nos ecossistemas.

 

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