Pesquisadores descobrem o maior vírus gigante do mundo no Brasil / Reprodução/pexels
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Pesquisadores brasileiros anunciaram a descoberta de um novo vírus gigante, chamado naiavírus. O vírus foi isolado no Pantanal e apresenta características únicas, oferecendo uma nova perspectiva sobre a evolução celular e aplicações biotecnológicas.
Diferente dos vírus tradicionais, como o da dengue ou HIV, que dependem totalmente do metabolismo da célula hospedeira, o naiavírus carrega uma variedade de genes associados à tradução proteica, além da replicação, recombinação e reparo de DNA.
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Isso indica que parte do ciclo de transcrição de seus genes pode ocorrer inteiramente no citoplasma da ameba infectada, tornando-o mais autônomo que a maioria dos vírus conhecidos.
Ele é o primeiro vírus gigante envelopado com uma cauda longa e flexível — estrutura que pode ajudá-lo a se conectar e infectar diferentes tipos de amebas, algo raro entre os vírus já conhecidos. Enquanto o vírus da dengue mede cerca de 50 nanômetros (nm), um vírus gigante pode ser até 52 vezes maior, chegando a 2.600 nm.
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A cauda age como uma ferramenta adesiva que auxilia o vírus a se fixar na superfície da ameba. Seu genoma, com quase 1 milhão de pares de bases, abriga um conjunto de genes e enzimas nunca antes descritos, cerca de 20% do total, o que o torna representante de um novo gênero e espécie na virosfera brasileira.
Veja imagens da descoberta na galeria abaixo:
Além do impacto evolutivo, o naiavírus apresenta potencial biotecnológico. Pesquisadores estudam seu uso no controle e prevenção de infecções amebianas e na descoberta de novas enzimas aplicáveis à indústria, desde biotecnologia alimentar até têxtil.
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Técnicas avançadas, como a microscopia crioeletrônica, permitiram mapear sua estrutura em alta resolução, identificando as proteínas que formam o capsídeo e suas ligações internas com o material genético.
Essa descoberta reforça o Pantanal e o Brasil como hotspots de diversidade viral e amplia o debate científico sobre as fronteiras entre vírus e vida celular. O trabalho, assinado por Otávio Thiemann (USP) e Jônatas Abrahão (UFMG), mostra que vírus gigantes não apenas desafiam paradigmas da microbiologia, mas também oferecem ferramentas valiosas para a ciência aplicada e para compreender a evolução da vida na Terra.
O canal Em Poucas Palavras explica um pouco sobre os megavírus:
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