Lula e Tarcísio dividem eleitores em SP: 35% votariam no petista, 42% no governador / Ricardo Stuckert/Planalto
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Levantamento qualitativo com eleitores do Estado de São Paulo revela que 42% dos entrevistados admitem votar em Tarcísio de Freitas (Republicanos) para a Presidência da República, enquanto 35% consideram votar em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026. Pesquisa foi realizada entre os dias 12 e 25 de junho de 2025.
Apesar da vantagem numérica do governador, tanto ele quanto o atual presidente enfrentam rejeições expressivas: 45% não votariam em Tarcísio de jeito nenhum, enquanto Lula é rejeitado por metade dos entrevistados (50%).
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O estudo - realizado pelo Instituto Opinião Pesquisa/Govnet em parceria com o Diário do Litoral e Grupo Gazeta - revela, em profundidade, como os dois nomes despertam narrativas simbólicas e emocionais opostas: Lula, como representante da justiça social, e Tarcísio, como gestor técnico e conservador. Ambos, no entanto, também são alvos de discursos negativos marcados por desconfiança, repulsa e medo de retrocessos (veja detalhes na galeria abaixo).
Entre os entrevistados, 35% disseram que votariam em Lula, 15% se mostraram indecisos ou alheios ao cenário político, e 50% descartaram qualquer possibilidade de apoiá-lo nas urnas.
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Os motivos para votar no atual presidente giram em torno de três eixos principais: sua experiência como líder político, sua imagem como defensor dos pobres e a percepção de que o Brasil voltou a ser respeitado internacionalmente. Frases como “continua sendo o candidato mais preparado” e “olha pelos mais pobres” se repetem com frequência e revelam um apego emocional à figura de Lula como símbolo de estabilidade e amparo social.
Para apoiadores, programas como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e CadÚnico são marcas de um governo preocupado com a inclusão social. A presença de Lula no cenário internacional, especialmente em articulações com países como a China, também é vista como sinal de reposicionamento estratégico do Brasil no mundo.
Por outro lado, a rejeição a Lula tem bases igualmente profundas e emocionais. Entre os que se opõem ao petista, o discurso é carregado de indignação moral, com palavras como “ladrão”, “condenado” e “vergonha nacional” dominando as narrativas. Para muitos, o histórico judicial de Lula é inaceitável, independentemente de decisões posteriores da Justiça. “Não merece ser presidente de novo”, disse um dos entrevistados.
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A imagem de corrupção, aliada à percepção de um governo enfraquecido economicamente, alimenta memes virais como “cadê o governo da picanha?” e “o café custava 12, agora custa 35”. Há ainda quem veja Lula como uma liderança envelhecida, “sem força e sem inteligência para comandar o país”, além de cercado por figuras do “velho PT”.
Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, aparece com um índice levemente superior de aceitação: 42% afirmaram que poderiam votar nele, contra 13% de indecisos e 45% de rejeição direta.
Entre os que aprovam, o governador é visto como símbolo de renovação política, eficiência administrativa e combate à criminalidade. Sua atuação em São Paulo é mencionada como credencial principal para voos mais altos. “Está conseguindo fazer as coisas”, “mexeu nas rodovias” e “colocou mais policiamento nas ruas” são alguns dos trechos que sustentam sua imagem de gestor técnico e objetivo.
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Tarcísio também aparece como uma alternativa “limpa”, distante da corrupção e com “valores morais compatíveis com o povo”. Essa imagem o fortalece como candidato da alternância de poder, alguém que poderia “limpar” o cenário político.
No entanto, a rejeição ao nome de Tarcísio também é significativa. Muitos o associam diretamente ao bolsonarismo e temem um retorno ao autoritarismo. Palavras como “extrema direita”, “fascismo” e “violência” aparecem com frequência, assim como a percepção de que Tarcísio é “braço direito de Bolsonaro”.
Outro ponto crítico é a agenda econômica. A postura privatista do governador desperta medo entre aqueles que temem um desmonte do setor público. A privatização da Sabesp e os pedágios em São Paulo são lembrados como exemplos do que poderia se expandir para todo o país. “Vai vender tudo por preço de banana”, disse um dos entrevistados.
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Há ainda quem o considere inexperiente para assumir a Presidência da República. Para esses, Tarcísio precisa amadurecer no cargo de governador antes de pensar em comandar o Brasil. Expressões como “estagiário para presidente” circulam com força nas redes.
A pesquisa mostra que, mais do que nomes, Lula e Tarcísio representam projetos de país, emoções e valores que se chocam. Lula ainda mobiliza narrativas afetivas ligadas à superação da pobreza e ao orgulho nacional. Tarcísio aparece como alternativa racional e moral para parte do eleitorado, com discurso técnico e foco em segurança.
Porém, ambos carregam rejeições intensas. Lula é visto como símbolo da corrupção por uma parte expressiva da população. Tarcísio, por sua vez, desperta temor pelo que representa do passado bolsonarista e por uma suposta desconexão com as demandas sociais.
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Se as eleições fossem hoje, o resultado dependeria menos dos programas de governo e mais da disputa emocional entre a esperança e o medo, entre o passado conhecido e a promessa de uma nova ordem. No meio disso tudo, o eleitor paulista segue dividido — mas muito atento.
A pesquisa qualitativa do Opinião Pesquisa/Govnet foi realizada por meio de entrevistas em profundidade com 60 eleitores paulistas, entre os dias 12 e 25 de junho de 2025. O objetivo foi avaliar a conjuntura eleitoral no Estado de São Paulo e identificar tendências para as eleições majoritárias de 2026.
Os participantes foram selecionados com base em critérios de gênero, faixa etária, nível de escolaridade, classe social e local de moradia. O roteiro buscou captar percepções espontâneas sobre os pré-candidatos à presidência, especialmente Lula e Tarcísio, priorizando o conteúdo simbólico, afetivo e racional associado a cada nome.
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