Detritos do cometa Halley cruzam o céu do Brasil todos os anos / Imagem gerada por IA
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Muita gente acha que só vai “encontrar” o cometa Halley em 2061, quando ele fizer a próxima passagem visível pelo Sistema Solar interno. Mas o astro mais famoso do mundo já aparece no céu do Brasil todos os anos, em forma de risco de luz: são as chuvas de meteoros Eta Aquáridas e Orionídeas, formadas por partículas deixadas pelo próprio Halley em seu caminho.
O Halley completa uma volta ao redor do Sol em cerca de 76 anos. A cada passagem, ele vai deixando para trás grãos de poeira e pequenos fragmentos de gelo. A Terra cruza essas trilhas duas vezes por ano. Quando nosso planeta passa por essas nuvens de partículas, elas entram na atmosfera a altíssima velocidade, queimam e produzem os riscos luminosos conhecidos como estrelas cadentes.
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No outono, entre o fim de abril e o início de maio, acontece a chuva Eta Aquáridas, com radiante na constelação de Aquário. É uma das melhores do ano para o Hemisfério Sul e costuma ter pico de observação antes do amanhecer, com possibilidade de dezenas de meteoros por hora em locais escuros e sem poluição luminosa. No fim de outubro, é a vez das Orionídeas, vindas da região da constelação de Órion, visíveis também do Brasil, embora com atividade geralmente um pouco menor.
Na prática, ver essas chuvas exige mais paciência do que equipamento. Não é preciso telescópio: basta céu limpo, um lugar afastado de luzes fortes e tempo para deixar os olhos se acostumarem com a escuridão. Em noites de pico, observadores em áreas rurais podem registrar dezenas de riscos luminosos em poucas horas. Em cidades grandes, a quantidade aparente cai bastante por causa do brilho urbano, mas ainda é possível flagrar alguns meteoros mais intensos.
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Enquanto o cometa “oficial” só volta a ficar realmente brilhante nas próximas décadas, seus restos já fazem parte do calendário astronômico de quem observa o céu no Brasil. É um encontro anual silencioso: o Halley em si está longe, mas seus rastros seguem cruzando a trajetória da Terra e lembrando que grandes fenômenos cósmicos podem se manifestar em gestos discretos, repetidos a cada ano, bem acima da nossa cabeça.
*As informações aqui citadas baseiam-se em dados do Observatório Nacional, da Nasa, da International Meteor Organization, de materiais de divulgação científica sobre as chuvas Eta Aquáridas e Orionídeas e de estudos sobre a órbita do cometa Halley publicados em artigos e relatórios astronômicos internacionais.