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Lollapalooza será denunciado por trabalho análogo à escravidão

Festival teria recrutado pessoas em situação de vulnerabilidade para a montagem de palcos

Folhapress

Publicado em 08/04/2019 às 18:30

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Procurada, a T4F (Time For Fun), da organização do Lollapalooza, ainda não comentou / MROSSI/Lollapalooza Brasil

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O Sated-SP (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo) vai apresentar uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho para que seja investigado o recrutamento de pessoas em situação de vulnerabilidade na montagem de palcos do festival Lollapalooza, que terminou neste domingo (7) em São Paulo.

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"Vamos fazer uma denúncia ao MPT por trabalho similar à escravidão. E vamos acionar também o antigo Ministério do Trabalho, agora uma secretaria", disse Dorberto Carvalho, presidente do Sated.

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Procurada, a T4F (Time For Fun), da organização do Lollapalooza, ainda não comentou.

Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que trabalhadores recrutados nos arredores de abrigos para adultos receberam R$ 50, por jornadas de 12 horas, para ajudar no carregamento de equipamentos na montagem do festival.

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A jornada de trabalho pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é de 8 horas, mais 2 horas extras, período em que a remuneração é 50% superior à da hora normal. No estado de São Paulo, o piso diário por lei é de R$ 38,80. Para 12 horas, seriam cerca de R$ 68.

Em nota, o Sated repudiou a prática e se desculpou por não ter agido preventivamente, já que essa não é a primeira vez que a organização do Lollapalooza é alvo de denúncia do tipo.  

Em 2018, a Pastoral do Povo de Rua entrou com um pedido no MPT para que duas empresas de carregamento do festival fossem investigadas. 

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A denúncia tratava do uso de mão de obra de moradores de rua na montagem de estruturas, relatando falta de registro e ausência de banheiros, mas foi arquivada porque a procuradora entendeu que o tema deveria ser remetido a um órgão fiscalizador, como o extinto Ministério do Trabalho.

Recentemente, o Sated entrou em outro embate com a T4F por supostas irregularidades no musical "O Fantasma da Ópera".

O sindicato recebeu denúncias de que a produtora não aceitava atestados médicos e, quando artistas atrasavam, uma diária completa era descontada dos salários. Além disso, durante os ensaios, a produção pagaria 50% dos salários -a lei que regulamenta a profissão diz que o ensaio deve ser computado como trabalho efetivo- e haveria pessoas sem DRT (registro profissional) na produção.

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"Entendemos como responsabilidade desse sindicato não permitir a exploração desses trabalhadores, assim, defendemos que moradores de rua possam trabalhar em todos os eventos e espetáculos, desde que qualificados profissionalmente, com remuneração condizente e dignas condições de trabalho", disse o Sated em nota.

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