Brasil
Acusado de fraudes em benefícios e lavagem de dinheiro, lobista Antônio Carlos Antunes virou alvo central da Operação Cambota
Empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como 'Careca do INSS' / Reprodução/Instagram
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A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira (12) o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, em uma operação que apura fraudes milionárias em benefícios previdenciários.
Ele e o empresário Maurício Camisotti foram detidos no âmbito da Operação Cambota, desdobramento da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.
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Segundo a PF, estão sendo cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo Tribunal Federal, em São Paulo e no Distrito Federal.
Foram seis buscas no DF e sete em SP, além das duas prisões — uma em cada estado.
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A ação investiga crimes de impedimento ou embaraço de investigação de organização criminosa, dilapidação e ocultação de patrimônio, além de possível obstrução da investigação por parte dos suspeitos.
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Embora apelidado de “Careca do INSS”, Antunes nunca trabalhou no instituto. Sua influência se consolidou como empresário e lobista, articulando contratos por meio de uma rede de 22 empresas, muitas delas sociedades de propósito específico usadas para disfarçar movimentações financeiras e dificultar a fiscalização.
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Relatórios da PF apontam que ele movimentou R$ 53,58 milhões entre 2022 e 2024, sendo que R$ 9,33 milhões foram repassados a servidores do INSS ou pessoas ligadas a eles.
O lobista também mantinha uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, prática comum para blindagem patrimonial.
Apesar de declarar renda de apenas R$ 24 mil mensais, seu padrão de vida indicava outra realidade. Em maio de 2025, a polícia apreendeu veículos de luxo como Porsche, BMW e Land Rover em imóveis ligados a ele.
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Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Antunes — informações como idade, origem, estado civil e formação acadêmica não constam em registros públicos. A CPMI do INSS chegou a relatar dificuldades até mesmo para intimá-lo.
Documentos da imprensa revelaram que, em 2023, Antunes se reuniu com o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, no início do governo Lula.
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Também foi identificado que uma de suas empresas tinha apenas R$ 25 mil em conta bancária, apesar das cifras milionárias rastreadas pela PF.
O Senado ainda chegou a impor sigilo sobre registros de suas visitas ao Congresso, decisão contestada pela CPMI. O empresário também tentou na Justiça impedir o uso do apelido “Careca do INSS”, mas não teve êxito.
Com os avanços das apurações, a CPMI autorizou a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Sua prisão nesta sexta-feira simboliza a escalada das investigações contra um dos lobistas mais influentes e enigmáticos do setor previdenciário.
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