Brasil
O evento que reúne líderes mundiais, negociadores, cientistas, organizações civis e movimentos sociais em torno de definir caminhos concretos para conter o aquecimento global
Belém se transforma, portanto, no palco de uma discussão global que ultrapassa fronteiras / Bruna Brandão/MTUR
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A capital paraense se torna, a partir desta segunda-feira (10), o epicentro das discussões globais sobre o futuro do planeta. Até o dia 21 de novembro, Belém sedia a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), evento que reúne líderes mundiais, negociadores, cientistas, organizações civis e movimentos sociais em torno de um objetivo urgente: definir caminhos concretos para conter o aquecimento global.
Realizadas desde 1995, as COPs têm como missão principal implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, criada em 1992 para estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
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O encontro em Belém marca um momento simbólico: três décadas após o início das conferências, a Amazônia — um dos biomas mais decisivos para o equilíbrio climático — recebe o mundo em meio a desafios e esperanças.
Segundo o presidente da COP30, o embaixador André Lago, 'as COPs evoluem junto com a ciência e com o pensamento econômico sobre os impactos do clima. É um processo que se aperfeiçoa a cada ano, com base na responsabilidade histórica e nas necessidades dos países em desenvolvimento'.
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São esperadas cerca de 50 mil pessoas, entre delegados de 143 países, chefes de Estado, negociadores, cientistas, jornalistas e representantes de movimentos sociais.
Antes da abertura oficial, entre 6 e 7 de novembro, ocorreu a cúpula de líderes, onde presidentes e primeiros-ministros alinharam compromissos políticos que darão o tom das negociações.
O evento é dividido em duas áreas principais:
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Zona Azul: espaço restrito a delegações oficiais, chefes de Estado, observadores e imprensa credenciada. É lá que acontecem as negociações formais e decisões políticas.
Zona Verde: área aberta ao público, onde sociedade civil, empresas, instituições e lideranças globais debatem soluções climáticas e trocam experiências.
Desde 2021, as conferências contam também com uma Agenda de Ação, que amplia a participação de governos locais, universidades e setor privado. “Essa agenda traz dinamismo e mostra que já existem respostas e soluções sendo aplicadas”, destaca André Lago.
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A COP30 será guiada por três grandes eixos: transição energética, adaptação climática e financiamento.
O Brasil quer liderar a criação de um 'mapa do caminho' para substituir petróleo, gás e carvão por fontes renováveis. A meta é transformar o acordo firmado em Dubai (COP28) em metas concretas e verificáveis.
'Estamos à beira de pontos de inflexão climáticos e da potencial perda da Amazônia. Esta COP precisa promover a mudança urgente necessária', alerta Carolina Pasquali, diretora do Greenpeace Brasil.
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Será debatido o Objetivo Global de Adaptação (GGA), parte do chamado Marco UAE–Belém para Resiliência Climática Global, que busca medir o preparo de cada país diante dos impactos do clima. A questão central é garantir recursos estáveis para que as nações mais vulneráveis possam se adaptar de forma efetiva.
Um dos pontos mais críticos será o Roteiro de Baku a Belém, que pretende mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035. O foco é reduzir juros, ampliar doações e evitar o endividamento de países em desenvolvimento.
'Sem financiamento em escala, metas de descarbonização e adaptação se tornam inviáveis', resume Vaibhav Chaturvedi, do Council on Energy, Environment and Water (CEEW).
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Outra proposta que deve ganhar destaque é o Tropical Forests Forever Fund (TFFF), idealizado pelo Brasil. O fundo funcionará como um investimento de renda fixa, e o lucro será destinado a países que mantêm suas florestas em pé — como Brasil, Indonésia e Congo.
Cerca de 15 mil representantes de movimentos sociais e ONGs participam da Cúpula dos Povos, que ocorre paralelamente à conferência oficial.
Para Stela Herschmann, do Observatório do Clima, “as COPs têm avançado, mas ainda não na velocidade que a ciência exige. As soluções estão claras; falta vontade política para implementá-las”.
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Sediar a COP30 na Amazônia é uma oportunidade e uma responsabilidade. O Brasil busca equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, mostrando que a transição energética e a proteção da floresta podem andar juntas.
Belém se transforma, portanto, no palco de uma discussão global que ultrapassa fronteiras: o futuro climático do planeta pode começar a ser redesenhado a partir da Amazônia.