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Com celular proibido, acesso à internet nas escolas cai ao menor nível dos últimos anos

Segundo o estudo TIC Kids Online Brasil 2025, o percentual de estudantes que acessam a internet nas escolas recuou de 51% em 2024 para 37% este ano

Ana Clara Durazzo

Publicado em 23/10/2025 às 12:30

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Mesmo com a redução dentro das escolas, o acesso total à internet entre crianças e adolescentes segue estável / ImageFX

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O uso da internet por crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos nas escolas caiu de forma significativa em 2025. Segundo o estudo TIC Kids Online Brasil 2025, divulgado nesta quarta-feira (22) em São Paulo, o percentual de estudantes que acessam a internet nas escolas recuou de 51% em 2024 para 37% este ano, a maior queda registrada desde o início da série histórica.

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A pesquisa é conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), órgão ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

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Lei que restringe celular nas escolas é apontada como principal causa

De acordo com Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, a queda no uso da internet escolar está diretamente relacionada à restrição de celulares nas escolas, aprovada no início deste ano.

'A coleta de dados começou em março, quando a medida já estava em vigor. É possível observar uma relação entre a restrição dos celulares e a queda do acesso à internet dentro das escolas', afirmou Adib em entrevista à Agência Brasil.

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Ela destaca, contudo, que o cenário também reflete o debate político sobre proteção digital de crianças e adolescentes, especialmente em torno do Estatuto da Criança e do Adolescente Digital, ainda em fase de implementação.

'Existe uma atenção maior sobre os riscos do ambiente digital. Parte dessa queda pode vir tanto da regulamentação já em vigor quanto do próprio debate sobre segurança infantil online', explicou.

Acesso geral à internet se mantém estável

Mesmo com a redução dentro das escolas, o acesso total à internet entre crianças e adolescentes segue estável.
Atualmente, 92% da população de 9 a 17 anos utiliza a rede, o que representa cerca de 24,6 milhões de pessoas, um índice próximo ao dos últimos dois anos (93% em 2024 e 95% em 2023).

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O estudo mostra, porém, mudanças no comportamento digital: há uma leve redução no uso de redes sociais entre os mais jovens, tendência que aproxima os números do período pré-pandemia.

Celular continua sendo o principal meio de acesso

Entre os dispositivos mais usados por crianças e adolescentes para navegar na internet, o celular segue soberano, citado por 96% dos entrevistados.
Em seguida aparecem a televisão (74%), o computador (30%) e o videogame (16%).

A maioria (84%) acessa a internet em casa, várias vezes ao dia, enquanto 12% dizem usar a rede nas escolas diariamente, 13% uma vez por semana e 9% apenas uma vez por mês.

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As principais atividades online continuam sendo:

pesquisas escolares (81%);

pesquisas sobre temas de interesse pessoal (70%);

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leitura ou vídeos de notícias (48%);

busca por informações sobre saúde (31%).

Mais crianças nunca acessaram a internet

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Um dado que chamou atenção no levantamento foi o aumento do número de crianças e adolescentes que nunca acessaram a internet.

O total passou de 492 mil em 2024 para 710 mil em 2025, revelando que a exclusão digital ainda é uma realidade no país.

Influenciadores digitais seguem dominando o consumo online

Entre os conteúdos mais assistidos, vídeos produzidos por influenciadores digitais lideram com 46% de preferência.

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A coordenadora da pesquisa explica que o público juvenil consome esse tipo de conteúdo várias vezes ao dia, muitas vezes sem supervisão adequada.

'Esses vídeos variam de entretenimento a publicidade e até jogos de apostas. Embora muitos sejam inofensivos, há conteúdos potencialmente danosos. Por isso, o acompanhamento dos responsáveis é fundamental', alertou Adib.

A importância da mediação ativa

A pesquisa reforça que o diálogo entre pais e filhos é o método mais eficaz de proteção online.

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'A mediação ativa é o caminho mais eficiente. O uso de ferramentas de controle precisa vir acompanhado de conversas e acompanhamento próximo das práticas digitais das crianças', completou Adib.

Ela também defendeu o papel das próprias plataformas na moderação de conteúdos e na aplicação de medidas previstas pelo ECA Digital, que deve regulamentar o ambiente online voltado ao público infantojuvenil.

Sobre a pesquisa

O TIC Kids Online Brasil é realizado anualmente desde 2012 e ouviu, em sua edição 2025, 2.370 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos, além de 2.370 pais e responsáveis em todas as regiões do país.
A coleta de dados foi feita entre março e setembro de 2025.

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